O epíteto do país nunca fez tanto sentido
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Os combustíveis fósseis serão os principais perdedores da transformação em curso no setor de energia do Japão, de acordo com um novo relatório do Instituto de Economia Energética e Análise Financeira (IEEFA), divulgado em 9 de março, durante a conferência da Fundação de Energias Renováveis do Japão (JREF).
“Com quase US$ 20 bilhões investidos anualmente em novos desenvolvimentos solares que estão trazendo oito gigawatts (GW) ao ano de eletricidade alimentada por energia solar, o Japão é um dos três maiores mercados globais de instalações solares atualmente. O país está fazendo jus ao seu epíteto de Terra do Sol Nascente”, resumiu o autor Tim Buckley, diretor de Estudos em Finanças e Energia do IEEFA.
O Japão foi um dos três maiores mercados de instalações solares em nível mundial em 2014 e novamente em 2015. O IEEFA estima que as instalações realizadas no ano passado atingiram oito gigawatts (a China foi a número um, com 15 GW de instalações em 2015, e estima-se que os EUA tenham instalado 7,5 GW). Desta forma, o total de instalações solares japoneses pode ter atingido cerca de 30 GW no final de 2015 e está a caminho de exceder os 50 GW até 2020.
Impacto tangível
O IEEFA acredita que deve vir mais crescimento pela frente. A Associação de Energia Fotovoltaica do Japão publicou, em abril, um documento de estratégia que define como o país pode chegar a 100 GW de capacidade de geração fotovoltaica instalada em 2030. Isto implicaria na geração anual de mais de 110 TWh de produção de energia solar, o que equivale a 15% da demanda total de eletricidade do Japão.
“Como estamos vendo em todo o mundo, o crescimento das energias renováveis, combinado com significativos avanços em eficiência energética, está tendo um impacto tangível sobre os combustíveis fósseis”, destacou Buckley. “No entanto, o Japão hoje tem 47 usinas de energia movidas a carvão em seu pipeline. Seus investidores devem ter cuidado porque a transformação de energia significa que estas plantas correm o risco de se tornarem antieconômicas rapidamente. Em outras palavras, elas têm uma alta probabilidade de se tornarem ativos ociosos.”
Embora o Japão tenha sido um dos poucos grandes mercados de energia que aumentou as importações de carvão térmico no ano passado, é improvável que essa tendência dure. Na verdade, 2015 muito provavelmente ficará na história como o ano de pico para as importações de carvão térmico e geração de energia a carvão no Japão. Em janeiro de 2016 foi registrada uma queda de 1,32% na comparação com janeiro do ano passado.
Menos carvão
O IEEFA observa que se o Japão construir novas usinas movidas a carvão, o resultado será a subutilização do parque. Este padrão já ocorreu na China, onde a taxa média de utilização das usinas a carvão caiu de pouco mais de 60% em 2011 para um recorde de baixa de 49,4% em 2015. Da mesma forma, na Índia, o acréscimo anual de 15 GW de novas usinas movidas a carvão encontrou uma demanda mais fraca do que o previsto. O resultado: a taxa de utilização do setor de energia a carvão da Índia caiu de 75% em 2011 para uma taxa média estimada de 61% em 2015 (com IEEFA prevendo uma nova queda para um recorde de 57-58% em 2016).
“Como vimos na Índia, China, Austrália e Europa, a dramática redução de custos das energias renováveis, catalisada pelo imperativo de reduzir as emissões de carbono, está rapidamente tornando redundante o acréscimo de geração de carvão térmico”, explicou Buckley. “Hoje, o Japão tem uma grande oportunidade de se beneficiar desta tendência, investindo ainda mais em eficiência energética, em energia eólica e em solar e evitando o erro de novos investimentos em carvão”.
Fonte: EcoD
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