A tirolesa é uma atividade esportiva de aventura que chama atenção dos turistas, principalmente por ser uma forma acessível de sobrevoar áreas naturais, aliviando o estresse intenso dos habitantes das áreas urbanas. Entretanto, essa forma de trazer relaxamento para os seres humanos deve ser feita de modo planejado, para que não venha a ser um pesadelo para as árvores.
A atividade, que exige o uso de equipamentos e profissionais habilitados para realizá-la, consiste, basicamente, em ancorar um cabo aéreo entre dois pontos com diferenças de altitude, permitindo que o praticante se desloque do ponto mais alto para o mais baixo com o auxílio de roldanas, sem empregar esforço físico.
Normalmente instalada em regiões com extensa área vegetal, a tirolesa pode ser construída com cabos de aço ou cordas, que devem ser colocados de forma que se crie uma tensão, para que não seja formada uma “barriga” no cabo, o que poderia impedir o movimento da pessoa transportada.
Diferentes fontes divergem sobre a origem da tirolesa. Há a afirmação de que essa prática tenha sido originada na região de Tirol, na Áustria e, há 2000 anos, em áreas montanhosas da China, índia e Japão, onde as pessoas as usavam para transportar suprimentos de um lugar para o outro e atravessar áreas perigosas.
Ao planejar um curso de tirolesa, é preciso estudar a topografia do ambiente, incluindo as colinas, topografia, vales, cursos hídricos, fauna e flora. O maior perigo da tirolesa e para as árvores, pois é nelas que são conectados cabos e ferrolhos, a fim de sustentar plataformas.
De acordo com um relatório da empresa de engenharia Robson Forensic “fazer qualquer buraco em uma árvore cria uma ferida que torna a árvore mais suscetível à infecção e à decomposição”. Em acordo com essa afirmação, Peter Wohlleben, em seu livro “A Vida Secreta das Árvores”, diz que é sob a casca da árvore que alguns processos acontecem com maior velocidade. A água e os nutrientes, que podem ser interpretados como o “sangue” da árvore, fluem na casca, partindo das raízes e chegando às folhas, com velocidade de até 1 centímetro por segundo. Dessa forma, tendo essa informação, fica claro que perfurar, descascar ou raspar uma árvore pode ser muito prejudicial, reduzindo sua expectativa de vida em dezenas de anos e até mesmo matando a árvore em pouco tempo.
Portanto, dificilmente uma árvore utilizada como apoio em uma tirolesa sairá ilesa. Mas ainda assim, não é qualquer árvore que pode ser usada para esse fim. Para garantir a segurança das pessoas, a árvore precisa ser saudável, não estar em risco de extinção, ser pertencente a uma espécie que possa compartimentar os danos e limitar a propagação da decomposição ao redor de uma ferida.
Ao prender plataformas nas árvores, elas empilham parafusos uns sobre os outros para que o tecido de crescimento da árvore, seja perturbado apenas em um ponto. Também é possível anexar blocos de carvalho ao redor da árvore para minimizar os danos.
Mas apenas planejar a instalação de uma tirolesa não é o suficiente, é preciso monitorá-la. Em relação às árvores, devem ser feitas inspeções periódicas por engenheiros florestais. Às vezes é preciso reajustar os blocos de carvalho à medida que as árvores crescem.
Por ser uma forma de aproximar as pessoas da natureza, a tirolesa, se instalada com responsabilidade, pode ser vista como um meio de conscientização a respeito da importância do capital natural. O contato com natureza proporciona benefícios de saúde perceptíveis pela própria pessoa. Além de ser um ambiente menos estressante, que, por si só, já alivia da tensão emocional normalmente gerada nas cidades, a vegetação secreta substâncias que têm ação fisiológica no organismo humano.
Dessa forma, podemos concluir que o interessante seria desenvolver formas de ocupação, lazer e turismo em que as pessoas possam usufruir do capital natural causando o menor impacto ambiental possível.
Mesmo que sejam necessárias áreas verdes de proteção integral, é possível manejar áreas verdes com usos diversos. E a tirolesa pode estar incluída nesse segundo cenário.
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