Tomar remédio vencido faz mal? A resposta curta é sim! Medicamentos fora de validade por um, dois meses ou até dias podem ter mais prejuízos do que benefícios. Embora seja tentador resgatar aquele remédio de dor de cabeça esquecido no fundo da caixa de remédio, aquela sua farmacinha particular, o seu consumo não é recomendado.
Mas por quê? Quais são os possíveis efeitos adversos dos medicamentos nesses casos? E quais os cuidados com os medicamentos a serem tomados?
Remédio vencido funciona? De acordo com a agência estadunidense Food and Drug Administration (FDA), produtos médicos vencidos podem ser menos eficazes devido a possíveis alterações em suas substâncias químicas. Alguns tipos de medicamentos vencidos podem gerar crescimento bacteriano. Da mesma forma, antibióticos podem falhar no tratamento de infecções, levando a doenças mais graves e ao desenvolvimento de microrganismos nocivos, resistentes a antibióticos.
Os riscos de tomar remédio vencido, sendo até mesmo um medicamento vencido há 2 meses, são maiores que os benefícios e, além disso, possui diversas variáveis desconhecidas. Fatores relacionados ao armazenamento da embalagem de medicamentos e a data de fabricação original podem contribuir para as alterações, que resultam em possíveis problemas.
Assim, a ingestão de qualquer remédio, seja antialérgico, antibiótico, antidepressivo ou até mesmo xarope vencidos, faz mal. Mas, até quando pode usar um remédio? Até a data limite, após o vencimento não é recomendado o consumo dos fármacos.
Nesses casos, a diferença entre remédio e medicamento pode vir à tona. Embora sejam muitas vezes utilizados como sinônimos, existe uma pequena diferença entre os termos.
Os medicamentos são substâncias estudadas, testadas e elaboradas pela indústria farmacêutica com o objetivo de diagnosticar, prevenir, curar ou aliviar sintomas. O remédio é mais amplo, se refere a qualquer tratamento terapêutico também contra doenças e alívio dos sintomas. Soro caseiro, chá e massagem, por exemplo, são todos classificados como remédios, porém não medicamentos. Mas, ao contrário, os medicamentos podem ser considerados remédios.
De qualquer modo, cabe ao consumidor fazer o descarte de medicamentos vencidos e evitar o consumo de produtos fora da validade.
A data de validade dos medicamentos indica o último dia em que o fabricante garante a eficácia e segurança do seu consumo. Em grande parte dos casos, essa data é arbitrária, geralmente entre um a cinco anos, em que o fabricante testa a estabilidade do produto. Entretanto, após a abertura da embalagem de remédio, outras variáveis entram em questão e a validade não é mais garantida. Portanto, é comum encontrar datas de validade diferentes, uma geral e outra indicando até quando o remédio valerá após ser aberto.
Considerando as possíveis alterações de fórmula correspondentes à validade dos produtos, o consumo de medicamentos expirados não é recomendado e também deve ser descartado da maneira correta. Vista a possível toxicidade desses componentes, o descarte de medicamentos começou a ser regulamentado.
Mas, como calcular a validade de medicamentos abertos? Ou como interpretar a data de validade de remédio? Na maioria das vezes, um medicamento é considerado vencido assim que ultrapassa a data indicada na embalagem, seja na cartela, no frasco ou na caixinha. Lá, as informações contidas indicam ou o dia, mês e o ano em que o medicamento não é mais válido, ou apenas o mês e o ano.
Se o prazo de validade de medicamentos indica que seu vencimento é em julho de 2022, por exemplo, você não deve consumi-lo após o dia 31/07/2022.
Mas, o que acontece se eu tomar um remédio vencido? Em uma situação que você fez o consumo de remédio vencido sem querer, avalie como seu corpo vai lidar com isso pelas horas seguintes. Se não houver nenhum efeito adverso, mantenha a calma e apenas não repita a ação. Porém, se você perceber algo estranho em seu organismo, contate um médico ou vá para um hospital.
A resolução n.º 306, de 7 de dezembro de 2004, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que regulamenta o gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, determina que todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal devem elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), que garanta o manejo e a destinação ambientalmente correta desses resíduos. Contudo, a resolução da Anvisa não contava com o possível impacto ambiental de medicamentos.
Por isso, foi criado o decreto federal n.º 10.388 da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), de 5 de junho de 2020, que institui a logística reversa de remédios e medicamentos de uso domiciliar e suas embalagens. Desse modo, ela determina a participação, assim como as obrigações e responsabilidades, de fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e consumidores neste descarte correto de medicamentos.
Aprenda mais nas nossas matérias: “Descarte de medicamentos: Anvisa” e “O que diz a legislação sobre o descarte de medicamentos“.
Assim como qualquer produto, o descarte de remédios no meio ambiente oferece riscos socioambientais, que vão da contaminação do solo por medicamentos até a contaminação de outras pessoas por produtos possivelmente tóxicos. O ato de descartar medicamentos no lixo, pia ou em vasos sanitários, jamais deve ser praticado. É necessário tomar um cuidado extra com o meio ambiente.
No aspecto social, quando descartados no lixo comum ou nos recicláveis, catadores podem ter contato acidental com os fármacos, e também podem reaproveitá-los. E, em casos de remédios vencidos, esse problema é pior ainda.
Por outro lado, a contaminação do solo por medicamentos e dos recursos hídricos pode levar a alterações do sistema endócrino e na fisiologia de espécies, como a feminização de peixes, decorrente principalmente, mas não somente, da exposição a hormônios encontrados em anticoncepcionais. Ainda mais preocupante é o desenvolvimento de superbactérias, como efeito do descarte incorreto de antibióticos. Além disso, os agentes mutagênicos presentes nos antineoplásicos e imunossupressores, que são utilizados em tratamentos quimioterápicos, podem afetar diversos organismos se descartados no meio ambiente.
Entenda mais sobre o assunto na matéria: “Descarte de medicamentos e seus impactos socioambientais“.
Mas, afinal, como descartar remédios? Como previsto pelo decreto da PNRS, parte do descarte consciente de medicamentos fica nas mãos dos consumidores. Porém, com a falta de divulgação de informações, restam algumas dúvidas importantes sobre esse processo, como:
Para saber onde entregar medicamentos dentro do prazo, você pode pesquisar onde doar remédios, uma vez que esse processo é legal no Brasil e pode impedir o descarte incorreto de medicamentos. A doação de remédios é incentivada pelo Projeto de Lei 4091 de 2019, que propõe que sejam instituídas diretrizes para programas, projetos e ações, sob responsabilidade do poder público, que envolvam a doação de medicamentos à população.
Um dos programas desse projeto de lei é o da Farmácia Solidária (PL 821/2020), que tem por objetivo conscientizar a população e efetivar a doação, reaproveitamento e distribuição de medicamentos para a população, além de executar a destinação final adequada destes.
Entretanto, se preferir você pode apenas seguir o processo convencional de descarte de medicamentos. Para isso, é necessário separar embalagens primárias (blisters, recipientes e vidros) de embalagens secundárias (caixinhas de papel, junto com as bulas).
As embalagens secundárias, em conjunto com as bulas, deverão ser inutilizadas e encaminhadas para a reciclagem, desde que não estejam contaminadas com a medicação. Já as embalagens de medicamentos primárias devem ser encaminhadas para pontos de descarte de medicamentos. Vale reforçar que embalagens primárias, mesmo que vazias, nunca devem ser descartadas no lixo comum ou nos recicláveis, pois apresentam potencial para contaminação.
Alguns pontos de coleta de remédio não aceitam produtos como perfurocortantes, que são resíduos do Grupo E. De acordo com o artigo 86, da resolução 222/2018 da Anvisa, “os materiais perfurocortantes devem ser descartados em recipientes identificados, rígidos, providos com tampa, resistentes à punctura, ruptura e vazamento“. Esses recipientes, que podem ser feitos de garrafa PET, devem ser encaminhados a Unidades de Saúde e jamais descartados no lixo doméstico ou nos resíduos recicláveis comuns.
Pessoas com diabetes, por exemplo, que fazem uso da insulinoterapia em casa, devem armazenar as agulhas conforme o artigo citado anteriormente e descartar os recipientes em uma Unidade de Saúde. O mesmo se aplica para outras terapias que fazem uso de materiais perfurocortantes.
Os pontos de descarte são comumente encontrados em drogarias e farmácias, assim como alguns hospitais e unidades básicas de saúde. Após o consumidor cumprir a sua parte na responsabilidade compartilhada proposta pela PNRS, fabricantes e distribuidores podem fazer a coleta de medicamentos vencidos e em desuso para proporcionar o seu destino correto — incineração, coprocessamento ou disposição final em aterros de classe I, para produtos perigosos.
E onde jogar remédio fora? Para verificar a disponibilidade do serviço de pontos de descarte de medicamentos em farmácias e as unidades mais próximas à você, confira a ferramenta de busca do eCycle.
E lembre-se: deixe todo tipo de medicamento longe do alcance de crianças e animais.
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