O tráfico de animais é a terceira maior atividade ilegal do mundo, ficando atrás apenas do tráfico de drogas e de armas. Ele ocorre quando animais são retirados de seus habitats naturais e comercializados ilegalmente. Além de causar maus tratos aos animais, essa prática é considerada um grande risco à biodiversidade e ao equilíbrio ecológico dos ecossistemas.
Por abrigar a maior biodiversidade do planeta, o Brasil é um dos principais alvos do tráfico de animais. De fato, segundo a Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres no Brasil, o ato retira anualmente da natureza cerca de 38 milhões de animais silvestres no país.
Outro fator que contribui para essa prática no país é a falta de fiscalização e de punições severas. De acordo com estudos, o tráfico de animais movimenta cerca de 10 a 20 bilhões de dólares em todo o mundo, sendo que o nosso país participa com 15% desse valor.
No Brasil, tal referida conduta é passível de penalização, cuja pena varia entre seis meses até um ano, mais aplicação de multa.
Existem quatro tipos de tráfico de animais. São eles:
Geralmente, as causas do tráfico de animais são frequentemente atribuídas às características socioeconômicas do país e de suas regiões, especialmente em nações com alta biodiversidade e desigualdade social. Desse modo, em locais com altas taxas de desemprego e baixos níveis de educação formal, as atividades relacionadas ao tráfico de animais podem ser muito lucrativas, inclusive fornecendo renda adicional às famílias envolvidas.
O tráfico de animais tem se tornado uma indústria global maciça, atraindo grupos de criminosos movidos especialmente pelos baixos riscos, altos lucros e fracas punições. Além disso, devido à grande lucratividade, o tráfico também tem financiado novas frentes ilegais e crimes transnacionais, gerando prejuízos econômicos e desestabilização política nos países em que as espécies ameaçadas não podem ser facilmente protegidas.
Longe de ser mais uma questão de conservação ou bem-estar animal, o tráfico e comércio ilegal de animais silvestres deve ser visto como uma questão de segurança nacional e global.
No Brasil, o tráfico de animais provoca a retirada anual de aproximadamente 38 milhões de exemplares das florestas e matas, de acordo com dados do Ibama. O alto índice de retirada de animais de seus habitats coloca em risco de extinção um número cada vez maior de espécies. Os animais capturados no Brasil, em sua maioria, são comercializados no próprio território brasileiro, sendo que as regiões mais afetadas são Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Depois de capturados, os animais são submetidos a várias práticas agressivas durante o transporte para os centros consumidores. Além disso, eles são armazenados em gaiolas compartilhadas, sem espaço para locomoção e, muitas vezes, acabam ficando desnutridos e morrendo.
Por serem comercializados com valores mais altos, os animais em extinção são o principal alvo dos traficantes. A arara-azul é um exemplo de espécie mais contrabandeada, especialmente entre colecionadores. Porém, animais que possuem baixo valor comercial também são vítimas do comércio ilegal, principalmente aves, tartarugas e saguis.
As maiores vítimas do tráfico são as aves, primatas e cobras:
A retirada constante de animais de uma mesma espécie pode levar a extinções locais ou totais, além de afetar outras espécies com as quais ela se relaciona. A redução das populações de animais de uma espécie também é um fator favorável à extinção pelo fato de facilitar o cruzamento entre parentes, o que empobrece a diversidade genética e dificulta a adaptação dos animais às mudanças ambientais.
O tráfico de animais contribui para o desequilíbrio ecológico, causando mudanças na cadeia alimentar dos habitats em que foram retirados. Além disso, o tráfico de animais reduz consideravelmente a biodiversidade de um determinado ambiente.
Outras consequências ambientais geradas pelo tráfico de animais incluem a introdução de espécies exóticas, a disseminação de doenças e a interrupção de processos ecossistêmicos e serviços ecológicos como a polinização, a dispersão das sementes, o controle populacional de outros animais, e, em médio e longo prazos, a extinção das espécies sobrexplotadas. Dentre essas questões, se destacam os problemas decorrentes das invasões biológicas, que são uma das grandes preocupações ambientais e ameaça primária à biodiversidade global.
Animais de estimação podem escapar ou ser abandonados e, de volta à vida livre, podem se estabelecer em regiões fora de sua distribuição original, causando inúmeros problemas ecológicos, como a disseminação de patógenos, perda genética por hibridização e introgressão, competição interespecífica e extinção de espécies, além de inúmeros impactos em processos ecossistêmicos.
Assim, identificar potenciais espécies invasoras antes da sua introdução e analisar a implicação ecológica de possíveis fugas de animais cativos é uma questão atual e fundamental para prevenir os impactos de espécies exóticas invasoras antes mesmo delas se estabelecerem.
Vale ressaltar que o comércio ilegal de animais está intimamente envolvido com a disseminação de zoonoses (doenças transmitidas pelos animais aos humanos). Mais de 180 zoonoses já foram identificadas, valendo destacar:
No Brasil, o controle e a fiscalização de animais silvestres são feitos pelo Ibama e pela Polícia Militar Ambiental. Ao identificar uma situação irregular relacionada a animais silvestres, é possível fazer a denúncia – que pode ser anônima ou não. Ela pode ser feita das seguintes maneiras:
Existem, espalhados pelo Brasil, diversos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas). Essas unidades recebem e promovem o cuidado de animais silvestres, principalmente os resgatados do tráfico de animais. As equipes tratam, recuperam e reabilitam esses animais.
Esses centros também recebem animais silvestres que são entregues pela população de maneira voluntária, sem qualquer custo.
O Ibama, em 2023, contava com 24 Cetas sob sua administração. Além desses, existem outros centros de apoio a animais silvestres, administrados por órgão municipais ou estaduais, ONGs, universidades e instituições privadas. Eles são conhecidos como Cetas, Cras ou Cetras, mas podem ter siglas específicas, de acordo com a entidade que os mantém.
Também é possível encontrar informações nos sites das Secretarias do Meio Ambiente de cada município.
Um informativo do Ibama orienta sobre o que fazer e o que não fazer, caso você encontre animais silvestres debilitados, feridos ou ainda, filhotes sozinhos.
Não toque ou pegue o animal, a não ser que não apresente risco para a sua segurança e o animal precise de socorro imediato. Nesse caso, utilize luvas, isso evita o risco de contrair possíveis doenças.
Se encontrar filhotes, não tire-os do local até que se tenha certeza de que são órfãos. O Ibama alerta que animais mamíferos aparentam estar sozinhos e perdidos, enquanto os pais saem para caçar alimento.
Filhotes de aves, que estão aprendendo a voar, podem passar alguns dias no chão, sendo alimentados por seus pais. Se encontrar um filhote de ave ferido, procure pelo ninho e o devolva. Se não for possível, encontre um lugar próximo que seja seguro, para os pais possam encontrá-lo e improvise um ninho.
Você pode entrar em contato com a Guarda Municipal, a Polícia Ambiental ou o Corpo de Bombeiros (disque 193) do seu município.
Em caso de emergência, disque 190 e fale com a Polícia Militar. Importante lembrar que possuir qualquer animal silvestre sem licença é ilegal e crime previsto na Lei de Crimes Ambientais.
Um estudo estimou o valor dos crimes contra a vida selvagem em até US$ 23 bilhões por ano e, como esse estudo foi publicado há mais de uma década, o valor hoje provavelmente é ainda maior.
Essa ação tem provocado diversas extinções ao longo do caminho. De pássaros a pangolins, leões e tigres, e até orquídeas e madeiras nobres.
A pandemia do COVID-19 foi provavelmente um subproduto do comércio de animais selvagens, que tem sido associada a vários outros surtos de doenças ao longo dos anos. Caçadores furtivos e traficantes também estão vinculados a assassinatos, intimidação, suborno, crime organizado, terrorismo e uma série de outras ameaças que desestabilizam famílias, comunidades e a segurança nacional.
Em geral, o tráfico de vida selvagem pode envolver o trânsito de corpos inteiros, carne, escamas e outras partes – ou animais vivos, vendidos para o comércio de animais de estimação ou para consumo posterior. E quando animais vivos são capturados e enviados, poucos sobrevivem ao processo.
Muitos caçadores recorrem ao mercado ilegal em busca de uma renda tão necessária, e os produtos traficados muitas vezes são lavados em mercados legais.
Caçadores de elefantes, por exemplo, frequentemente usam venenos para eliminar os abutres próximos, que de outra forma circulariam os paquidermes mortos e alertariam as autoridades para matar os locais. No sudeste da Ásia, armadilhas de arame são colocadas para atingir animais “valiosos”, mas matam indiscriminadamente.
Plantas, insetos, corais e outras criaturas são todos traficados. O piso de madeira que seu vizinho acabou de instalar pode ter vindo de uma floresta protegida.
Adicionalmente, o tráfico de animais pode estar relacionado a outros crimes, como contrabando de drogas, tráfico de pessoas e terrorismo, que usam os mesmos métodos para transportar dinheiro e mercadorias ao redor do mundo. Os agentes alfandegários frequentemente encontram remessas de produtos de vida selvagem nos mesmos contêineres que drogas ilegais, armas de fogo e outros produtos.
A maioria dos caçadores furtivos e contrabandistas goza com um tapa no pulso – se tanto. Embora alguns países tenham começado a levar esses crimes mais a sério, as penas médias de prisão e multas permanecem tão pequenas que deixam de funcionar como um desincentivo para crimes futuros.
Praticamente todos os países são cúmplices – tanto como fontes quanto como compradores. E sim, isso inclui os Estados Unidos.
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