O cidadão médio holandês desperdiça cerca de 9 quilos de pão por ano, sendo que o alimento representa um quarto do desperdício de comida doméstica no país. Todo esse pão acaba alimentando um exército de ratos que tem crescido nas grandes cidades holandesas. Foi pensando nisso que algumas empresas de Amsterdã, Roterdã e Haia começaram a coletar esses resíduos para fazer fertilizantes e biogás, evitando tanto o desperdício quanto a proliferação dos ratos.
A BroodNodig, de Roterdã, já instalou 40 lixeiras gigantes em várias partes da cidade. Fundada em 2014 com subsídio da prefeitura local, a companhia incentiva os moradores a depositarem seus restos de pão em suas lixeiras e os utilizada para fazer fertilizantes. No futuro, eles esperam produzir biogás, que será usado para gerar (e vender) energia elétrica. Atualmente eles se mantêm cobrando da prefeitura pelo serviço de coleta.
Um dos desafios do projeto é a diversidade cultural dos habitantes de Roterdã. Algumas pessoas não gostam da ideia de jogar o pão em uma lixeira e preferem devolvê-lo à natureza, mas isso acaba alimentando animais selvagens, insetos e parasitas.
Como parte de seus planos de expansão, a BroodNodig, que em holandês significada tanto “altamente necessário” como “precisado de pão”, se juntou com duas outras empresas do ramo, a GroenCollect e a Stadsgas, que já solicitaram permissão para instalar plantas de biogás em Roterdã. Uma parte do pão coletado nas lixeiras gigantes seria enterrado, misturado com água e depois exposta a bactérias que transformam a mistura em metano. A BroodNodig diz que um pão de forma produz energia suficiente para alimentar um fogão a gás doméstico por uma hora.
A tecnologia para transformar o pão e outros restos de comida em energia será fornecida pela The Waste Transformers, uma empresa do norte da Holanda que já vendeu o recurso para grupos na África do Sul, Serra Leoa, Hong Kong e Portugal. A companhia tem uma instalação em Amsterdã, onde recebe as sobras de 12 restaurantes, dois teatros e de uma pequena cervejaria, convertendo-as em energia elétrica que pode ser comprada pelos consumidores – na Holanda é possível pagar uma tarifa em que você pode escolher o fornecedor de sua preferência.
As empresas são otimistas e idealistas e dizem que, em um futuro mais verde, seria possível atingir uma escala de produção de energia por meio das sobras de matéria orgânica. Bastaria ter transformadores em vários pontos estratégicos da cidade. Mas a iniciativa gera polêmicas, já que a produção de pão consome uma grande quantidade de energia e outros recursos, de modo que talvez o ideal fosse evitar o seu desperdício.
Ainda assim, as empresas acreditam que talvez esse seja um começo para estimular as pessoas a repensarem seus hábitos de consumo, alimentação e sua produção de resíduos. Leia mais sobre “O que é consumo consciente?“.
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