Imagem de Ella Olsson no Unsplash
Participaram da mesa João Diamante, chef de cozinha, ativista social fundador do projeto social Diamantes na Cozinhas e embaixador do Instituto Identidades do Brasil pela Igualdade Racial. Leonardo Santos, midiativista, defensor dos direitos animais e criador do Vegano Periférico. Rodrigo Oliveira, chef do restaurante Mocotó e vencedor de diversos prêmios nacionais e internacionais de gastronomia. A conversa foi mediada por Virginia Antoniolli, gestora e engenheira ambiental e atual líder da agenda de dietas sustentáveis do WWF-Brasil.
João Diamante, iniciou a conversa ressaltando que a gastronomia é uma das ferramentas mais poderosas para formação educacional. “Quando falamos em gastronomia falamos de cultura, arte, ciência, meio ambiente, matemática, física, química, consegue falar de todas as ferramentas. Gastronomia tem esse poder de mobilizar e empoderar as pessoas quando elas conseguem ter o discernimento entre o que eu estou comendo, como eu estou comendo e de onde vem o que estou comendo e que impacto tem o que estou comendo”, afirma Diamante.
Na sequência, Leonardo Santos relembrou da relevância de sabermos a origem dos alimentos. “Nós não sabemos o que colocamos no nosso prato e o impacto que isso tem no meio ambiente. Seguimos uma cultura que está estabilizada para desmatar o meio ambiente e fazer milhares de animais sofrerem dor e abusos. E nossa alimentação está baseada na exploração completa do meio ambiente e dos animais. E a nossa saúde, quando consumimos produtos de origem animais, estamos destruindo nosso organismo, nosso corpo, porque esses alimentos fazem extremamente mal tanto a carne de fato, como leite, ovos e derivados”, cometa Leonardo.
Ele também questiona se não estamos colocando o desmatamento da Amazônia dentro dos nossos pratos. “Nós estamos morrendo pela boca. É importante olhar nosso prato de forma política. Do que estou me alimentando, qual é o impacto que isso reflete no mundo? Pra falar de alimentação de alimentação saudável e sustentável temos que falar de exploração animal. Ambientalismo e a luta pelo fim da exploração animal andam juntos”, diz Leonardo.
Rodrigo Oliveira relembra que o papel identiário da vozinha para a união de grupos e que há um processo de transição. “Entendo que as tradições não são intocáveis. Mas, a partir dela podemos propor evoluções. Acredito muito no que Andoni Aduriz, chef Basco, diz ‘a evolução verdadeira não acontece aos gritos, ela ocorre aos sussurros’, então eu acredito mesmo que as mudanças duradoras vêm se formando até ser impossível conter isso e aí ela se estabelece. Acredito que estamos à beira de um momento desses de ruptura, em que precisamos verdadeiramente romper com o sistema estabelecido e concordo com o Léo que estamos suportando um modelo insustentável.
Leonardo relembrou que quando era criança ninguém falava sobre de onde vinha a salsicha. “O importante para mim, na visão de sustentabilidade e do que é sustentável a única solução que há é não ter bicho morto dentro do prato. O veganismo não é uma opção de dieta, ou uma dieta da moda, ele trata da questão da exploração animal e olhamos para nosso prato e vamos financiar pessoas que fazem um trabalho de base e de impacto quase zero no meio ambiente. Não consigo entender que seja possível ter uma alimentação sustentável consumindo animais. E já vários documentários que falam sobre isso, como o Seaspiracy (disponível no Netflix) que saiu há pouco. Ou queremos resolver o problema do meio ambiente ou seguimos cada um com a sua cultura destruindo o mundo que vivemos”, afirmou Leonardo.
Para seguir no caminho de uma transição para uma alimentação mais sustentável, João Diamante ressaltou que é preciso haver um equilíbrio e esse processo está baseado na conscientização. “Não vai acontecer de uma hora para outra. Boa parte da sociedade já sabe de onde vem o produto que come e o que aconteceu para aquele produto estar no prato. Eu também respeito toda a tradição e cultura alimentar brasileira. E sei que é um processo. Por exemplo, até hoje eu preciso explicar por que existe cota porque não existe cota. O que as pessoas pretas sofreram para estarem aqui até hoje. Então, se a sociedade fosse consciente e educada esse processo poderia ser um pouco mais rápido tanto da alimentação, da sustentabilidade, quanto do racismo, homofobia, quanto de outras questões que a gente tem na sociedade. Só que é um processo, e que deve haver um equilíbrio da gente começar a conscientizar com respeito às tradições, à cultura, à arte e ao próximo”, complementou Diamante.
Rodrigo reforçou que a educação é o melhor caminho. “Nenhum problema complexo tem uma resposta simples. Entendo também que o oprimido, sem educação, ele quer simplesmente se tornar o opressor por não ter conhecimento do sistema. E acredito que a educação é a base de tudo. Para entendermos o direito que temos a uma boa nutrição, uma moradia segura, qualidade de vida e é impossível sem pensar em boa alimentação e liberdade. Para que as pessoas tenham liberdade para escolher como escolher sua dieta com o que mais se identifica”, completou Rodrigo.
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Fonte: WWF Brasil.
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