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Usina de etanol de segunda geração (E2G). Raízen pretende operar 35 unidades do tipo até 2030

Por Fabio Reynol em Empraba O setor agropecuário tem uma oportunidade valiosa para continuar respondendo por parte preponderante do produto interno bruto (PIB) brasileiro. O caminho está em sua participação no processo de transição para uma economia baseada em baixa emissão de carbono. Essa foi uma das afirmações feitas durante o webinar “Transição para uma economia de baixo carbono – o papel da (bio)tecnologia“, realizado na manhã do dia 25 de maio.

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O evento reuniu especialistas atuantes na área sob a mediação de Alexandre Alonso, chefe-geral da Embrapa Agroenergia, e fez parte das comemorações dos 16 anos da Unidade. O debate contou com a participação de Thiago Falda, presidente da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI); de Cláudia Madrid, diretora de Bionegócios da Suzano empresa de papel e celulose; e de Mateus Lopes, diretor de Transição Energética e Investimentos da Raízen, companhia do ramo de energia.

O executivo da ABBI acredita que o agro tem todas as condições de continuar como protagonista na geração do PIB brasileiro. A chave para isso, segundo ele, está na biotecnologia, uma das ferramentas empregadas na redução e substituição do carbono nas atividades econômicas. “Para se desenvolver uma cadeia é necessário ter matéria-prima disponível a preço acessível, tecnologia para fazer sua transformação e um mercado consumidor. O Brasil tem tudo isso: há aqui grande quantidade de biomassa, uma biodiversidade imensa capaz de inspirar inovações e uma expertise valiosa, como a da Embrapa, que dá ao País vantagens competitivas enormes,” afirmou.

Ele frisa que a inovação é o motor para o desenvolvimento econômico e acredita que, aos moldes da revolução agrícola que usou ciência e tecnologia para transformar o Brasil no atual exportador de alimentos, um movimento semelhante pode ser repetido para sofisticar essas atividades rumo a uma economia mais verde. “O aumento da complexidade das cadeias produtivas do agro promoverá aumento de produção e também de renda para a população,” acredita Falda. “Temos um novo e enorme modelo de negócio ao utilizar, por exemplo, resíduos agrícolas como matéria-prima, sem precisar aumentar a área plantada,” ressaltou.

Alonso, da Embrapa, reforçou que a bioeconomia brasileira, especialmente a ligada à produção de alimentos, está fortemente relacionada à pujança do agronegócio no País. “E, além do setor de alimentos, o País tem enorme potencial de crescimento na cadeia produtiva de químicos renováveis e na de energia e biocombustíveis, outros dois braços importantíssimos da bioeconomia,” declarou. Para o gestor da Embrapa, o Brasil tem plena capacidade de figurar entre os protagonistas da descarbonização do planeta, um movimento forte em todo o mundo.

Falda contou que a biotecnologia industrial atual é capaz de substituir qualquer produto similiar gerado pela química convencional e que os limites de seu uso estão mais ligados à sua viabilidade econômica e o fornecimento de matérias-primas para esse tipo de uso tem crescido no agro.

Etanol brasileiro moverá transição energética global

É o caso do uso do etanol em processos de geração de outros produtos. “Boa parte de nossa produção de etanol é destinada ao setor de químicos,” confirmou Mateus Lopes, da Raízen, empresa que atua desde a produção da cana-de-açúcar até a distribuição do etanol. Lopes acredita que o etanol brasileiro será peça fundamental para a transição energética de todo o mundo. “Temos inúmeras aplicações crescentes como motores flex para navios, álcoois que substituem combustíveis de aviação, o etanol como fonte de energia em locais em que geradores solares ou eólicos não são possíveis, e até como matéria-prima para construção de outras moléculas,” listou.

Ele explica a enorme aposta da empresa no etanol de segunda geração (E2G) produzido a partir da biomassa. “O Brasil deve liderar a retomada do E2G no mundo. Não se trata de uma solução brasileira, mas global. Precisamos ter a mentalidade de exportadores de tecnologia”, exortou o executivo. Ele conta que a Raízen mantém, há sete anos, uma planta de etanol de segunda geração e já anunciou outras três a serem implantas no curto prazo. “Até 2030, pretendemos completar 35 usinas de E2G em funcionamento,” anunciou.

Pressão do mercado por economia verde

“Há uma forte pressão do mercado para a descarbonização da economia,” relatou Cláudia Madrid, da Suzano, empresa que tem investido em bioprodutos a partir de árvores. A empresa mantém uma fábrica para a produção de lignina e tem investido no desenvolvimento de bio-óleos como o de eucalipto, e até no emprego da lignina na fabricação de fibras têxteis. Ela acredita que os bioprodutos são chave para a transição para uma sociedade com baixo carbono.

Porém, para que o Brasil se desenvolva nessa área, Madrid defende políticas e olhares específicos para o setor. “É preciso reconhecer que a bioeconomia tem um tempo diferente de desenvolvimento, além de ser mais cara,” relatou. Falda concorda. “Uma inovação em tecnologia da informação promove um retorno estimado em cinco anos, já as biotecs levam cerca de dez anos para retornar ao investidor, apesar de o retorno ser maior. Por isso, governos e setor produtivo devem partilhar os riscos para desenvolver as tecnologias consideradas estratégicas para o País,” defendeu.

Embrapa Agroenergia na vanguarda

Ele ainda afirmou que a Embrapa Agroenergia sempre esteve na vanguarda desse tipo de parceria. “A Unidade já foi concebida pensando-se na integração entre a pesquisa e o mercado,” colocou Falda. Alexandre Alonso reforçou esse alinhamento ao anunciar as mais de 50 propostas de novas tecnologias recebidas no último Edital de Inovação Aberta da Embrapa Agroenergia, o InovaBio, e no recém-lançado Programa Portas Abertas voltado à cocriação de novas rotas tecnologias entre Embrapa e parceiros do mercado. O lançamento deste último marcou o aniversário da Unidade (leia mais aqui).

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“Parceria é a palavra de ordem para esse novo momento,” corroborou Claudia Madrid, “mais importante do que o próprio processo a ser desenvolvido são os novos e inesperados caminhos que eles abrem. Por isso, é preciso que estejamos atentos e abertos às novas possibilidades que os trabalhos inovadores promovem por meio das parcerias,” comentou a executiva.

Embrapa Agroenergia

Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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