O transtorno dismórfico corporal (TDC) é uma condição da saúde mental. Nesse caso, a pessoa não consegue parar de se preocupar com um defeito imaginado, ou que existe, em uma parte do corpo e como as pessoas vão ver aquilo. Normalmente, um indivíduo com transtorno dismórfico corporal (CID-10) se sente envergonhado, receoso ou ansioso sobre seu suposto defeito ao sair de casa.
Esse fator pode fazer com que a pessoa deixe de sair ou evite situações sociais para não ter que lidar com os pensamentos negativos do seu transtorno. Para entender melhor como funciona a cabeça de uma pessoa com transtorno dismórfico corporal, o psiquiatra francês Pierre Janet escreveu sobre o caso de uma francesa chamada Nádia.
Nádia era uma jovem de 27 anos que vivia na França. Em certo momento de sua vida, ela ficou obcecada e perturbada com elementos específicos de sua aparência física, que segundo ela, eram irregulares. Nádia não gostava de sua pele vermelha e manchada, seus pés, sua altura supostamente muito alta e suas mãos “longas e rídiculas”.
Cansada de seus pensamentos compulsivos e ansiosos, e seu medo de nunca ser amada, Nadia se retirou socialmente e passou a viver isolada em um apartamento por cinco anos. Em declaração para o psiquiatra Pierre Janet, ela afirmou: “Se eles me vissem à vista de todos, as pessoas ficariam enojadas”.
O transtorno dismórfico corporal não acontece graças a uma parte específica do corpo. Na verdade, esse é o fator que o separa do transtorno alimentar, já que esse está ligado ao peso e a barriga. No caso da dismorfia, qualquer membro ou pedaço do corpo humano pode causar incômodo, estresse e preocupação com a aparência.
Os tipos mais comuns de transtorno dismórfico corporal são:
Não se sabe exatamente qual a causa do transtorno dismórfico corporal. Porém, especialistas acreditam que seja uma junção de diversos fatores como:
Os comportamentos compulsivos e pensamentos repetitivos ligados ao transtorno dismórfico corporal podem afetar diretamente a rotina de uma pessoa. Esses sintomas podem alimentar problemas no trabalho, na escola e nas relações familiares. As consequências mais comuns são:
Se você estiver tendo pensamentos recorrentes ligados ao suicidio, ou pretende praticar algum tipo de automutilação, é possível conversar com um voluntário do CVV ligando para 188 de todo o território nacional, 24 horas todos os dias de forma gratuita.
O tratamento do transtorno dismórfico corporal pode ser feito com terapia cognitivo comportamental (TCC) ou uso de medicamentos. Na terapia, o paciente precisa contar para o psicólogo sobre sua experiência e se possível levar relatos de pessoas que estão em seu círculo social. No caso do diagnóstico ser concluído, o profissional da saúde aplicará uma série de técnicas e práticas que podem melhorar os sintomas do paciente — já que o transtorno dismórfico não é crônico e não tem cura.
A exposição e prevenção da resposta (ERP) é uma técnica usada na TCC para reduzir os impactos dos comportamentos compulsivos e das obsessões da pessoa. O indivíduo vai gradualmente enfrentar situações que, normalmente, o deixariam com pensamentos obsessivos sobre sua aparência. Desta forma, ele consegue lidar com a situação, usando dicas e conselhos de seu terapeuta.
Para além da terapia, psiquiatras costumam prescrever antidepressivos para quem tem transtorno dismórfico corporal. Os inibidores seletivos de recaptação são os medicamentos usados para esse tratamento, e devem ser tomados com o acompanhamento de um psiquiatra, responsável por checar os efeitos colaterais no paciente.
Não faça automedicação, isso pode causar problemas a sua saúde física e piorar os sintomas desse transtorno. O tratamento ideal para a condição é fazer o uso de medicamentos em conjunto com a terapia. Desta forma, um profissional da área pode manter registros do seu avanço.
Homens e mulheres podem sofrer com o transtorno dismórfico corporal, não existe restrição de gênero e nem de idade. Por esse motivo, o tratamento pode ajudar em complicações da condição. Se você, ou outras pessoas que conhece, apresentarem sintomas de preocupação com a aparência extrema, ofereça ou busque auxílio de um profissional da saúde.
Outro fator importante que pode mudar o modo como uma pessoa vê a própria aparência é não fazendo comentários sobre ela. Em algumas situações é melhor guardar as opiniões sobre o corpo de outra pessoa para si mesmo, afinal, isso pode afetar para sempre a forma como ela se enxerga no espelho.
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