Pessoas diagnosticadas com transtorno obsessivo compulsivo sofrem com pensamentos intrusivos e ações compulsivas e repetitivas
O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é uma condição crônica que pode durar a vida toda. O quadro é caracterizado pela presença de obsessões, pensamentos recorrentes e atitudes que são repetidas constantemente de forma compulsiva. Os sintomas do TOC (CID 10-F42) podem surgir a qualquer momento da vida, mas geralmente dão as caras durante a puberdade.
Uma pessoa com transtorno obsessivo-compulsivo pode se sentir estressada e desconfortável constantemente em sua vida devido às obsessões e compulsões. Para melhorar isso, é necessário acompanhamento psicológico. Desta forma, ela conseguirá manter o controle de suas ações e pensamentos.
Sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo
O TOC é um transtorno em que a pessoa tem pensamentos, impulsos, ou imagens e comportamentos repetitivos e obsessivos. Esses sintomas podem ser definidos da seguinte forma:
Obsessões
Uma obsessão é um pensamento indesejado ou desagradável, uma imagem ou vontade incontrolável que surge na mente de forma repetitiva. A ansiedade causada por esses pensamentos na pessoa com sintomas obsessivos compulsivos pode fazer com que ela se sinta enojada ou com mal-estar.
As obsessões mais comuns são:
- Medo da contaminação por germes;
- Pensamentos obsessivos e indesejados sobre tabus envolvendo sexo, religião e violência;
- Pensamentos intrusivos e agressivos sobre si mesmo ou outras pessoas;
- Acreditar que tudo tem que estar simétrico para que possa continuar as tarefas.
Compulsões
Uma compulsão é uma ação ou atitude realizada várias vezes, de maneira repetitiva. Ela faz com que a ansiedade da pessoa com transtorno obsessivo compulsivo seja aliviada brevemente. As compulsões não geram prazer para os indivíduos com TOC, mas, são uma resposta do cérebro para tentar mitigar as obsessões.
Os exemplos mais comuns de compulsões são:
- Lavar as mãos e limpar as coisas com frequência excessiva;
- Arrumar e rearranjar objetos de uma forma particular e precisa;
- Checar objetos de maneira repetida, mais de uma ou duas vezes;
- Contar compulsivamente.
Como saber se uma pessoa é obsessiva compulsiva?
Um indivíduo diagnosticado com transtorno obsessivo-compulsivo é como qualquer outro, a diferença é que ele precisa lidar com um transtorno psicológico. Só porque você checa duas vezes antes de sair de casa, não significa que você tem TOC. Para isso, é preciso estar alerta para as características que identificam esse transtorno psiquiátrico.
- Alguém com personalidade obsessiva compulsiva não consegue controlar seus pensamentos e ações, mesmo quando consegue identificá-los como sintomas da condição;
- Gasta pelo menos uma hora de seu dia em suas compulsões e obsessões;
- Experiencia problemas no dia a dia devido ao transtorno obsessivo-compulsivo;
- As compulsões e obsessões da pessoa podem mudar ao longo da vida;
- Evitam situações que engatilham seus sintomas;
- Podem não notar que suas ações e atitudes não são tão naturais.
Tipos de transtorno obsessivo-compulsivo
Cada ser humano tem sua singularidade, por isso, os sintomas do TOC podem se apresentar de formas diferentes em cada um. Não existe apenas um único tipo de transtorno obsessivo-compulsivo. A melhor pessoa para diagnosticar a condição é um profissional da área da saúde mental, como um psicólogo ou psiquiatra.
Porém, existem seis tipos de transtorno obsessivo compulsivo que são mais conhecidos:
Organização
Nesse caso, as obsessões são sobre as coisas estarem no lugar certo e arrumadas simetricamente. Caso a pessoa não faça suas compulsões, para deixar tudo em ordem, ela pode enfrentar angústia. Além de pensamentos de que a “bagunça” pode causar problema aos outros.
Contaminação
A pessoa com TOC de contaminação pode desenvolver dois tipos diferentes de obsessões. A primeira é que se ela tocar em outros indivíduos ou objetos, sem o cuidado necessário, ela pode acabar pegando alguma doença. A segunda obsessão seria que ela pode deixar alguém doente, se for descuidada.
Pensamentos intrusivos
Os pensamentos intrusivos são sintomas comuns de transtorno obsessivo-compulsivo. Nesta situação, a pessoa tem diversos pensamentos indesejados e incômodos. Eles podem ir desde o medo de machucar alguém propositalmente até algo que é contra suas crenças.
Esses pensamentos não representam a vontade verdadeira da pessoa, por isso, ela se sente angustiada e busca as compulsões para tentar resolver a questão.
Ruminação
Na ruminação, o indivíduo que sofre com TOC têm pensamentos repetitivos que questionam fatos filosóficos, religiosos ou metafísicos. Desta forma, ele se encontra tão preso em suas ideias que não conseguem fazer suas tarefas até achar uma solução para os tópicos levantados. Como esses tópicos costumam não ter respostas, isso pode causar insatisfação.
Checagem
O sintoma de checagem acontece quando alguém tem o medo recorrente de causar algum problema por falta de cuidado. Desta forma, essa pessoa irá checar se a porta está fechada várias vezes, se ela não perdeu o celular, se está tudo dentro de sua carteira ou se o fechou o gás antes de sair de casa.
Acumulação
O transtorno obsessivo-compulsivo pode evoluir para um transtorno de acumulação, quadro que atinge principalmente idosos. Nesse caso, existe uma dificuldade persistente de se desfazer de objetos, mesmo que eles não tenham nenhum tipo de utilidade para o indivíduo. Por esse motivo, a pessoa acaba em uma residência com uma grande quantidade de objetos que podem fazer mal à sua saúde física.
Possíveis causas do TOC e fatores de risco
Genética: estudos apontam que pessoas que têm algum parente próximo, mãe e pai, que tem transtorno obsessivo-compulsivo, são propensas a desenvolverem a condição. Ou seja, histórico familiar pode apontar um diagnóstico de TOC;
Estrutura do cérebro: pesquisas imagéticas também mostram que diferenças no córtex frontal e em estruturas subcorticais no cérebro, são capazes de dizer se uma pessoa tem predisposição a ter TOC;
Traumas: existem diversos estudos que apontam que a presença de traumas de infância pode sim causar o desenvolvimento de transtorno obsessivo-compulsivo. No entanto, ainda é preciso ir mais fundo para entender a relação dos dois;
Outros transtornos mentais: a existência de outras condições psicológicas, como tiques, ansiedade, depressão e síndrome do pensamento acelerado, faz aumentar o risco de TOC;
Vício em videogames: um estudo, da University Of California, apontou que cada hora que uma criança passa jogando videogame aumenta em 13% as chances de desenvolver TOC. A análise levou em consideração um grupo de 9 mil jovens. Depois de dois anos do início da pesquisa, foi percebido que 4% dos voluntários foram diagnosticados com o transtorno. Sendo esses os participantes que mais passaram tempo jogando.
Tratamento e diagnóstico
Se você acha que apresenta algum dos sintomas citados acima, o ideal é fazer uma consulta no psiquiatra ou no psicólogo. Esses dois profissionais serão responsáveis por verificar seu quadro clínico, e dizer se você sofre ou não com transtorno obsessivo-compulsivo.
O TOC é uma condição que afeta diretamente a qualidade de vida da pessoa, por isso existe tratamento para reduzir os sintomas. Um dos principais tratamentos é a terapia cognitivo comportamental (TCC), que trabalha com o paciente como ele pode lidar com suas obsessões e administrar suas compulsões.
Além disso, quem tem transtorno obsessivo-compulsivo faz uso de medicamentos, como inibidores da recaptação de serotonina e antipsicóticos. Esses medicamentos são utilizados para ajudar o paciente a manter sua rotina de forma tranquila, sem obstáculos gerados pelo TOC. Converse com seu médico a respeito dos seus sintomas e do seu estilo de vida, para que ele possa prescrever o medicamento correto.
Caso os medicamentos apresentem efeitos colaterais, não deixe de notificar o psiquiatra responsável pelo acompanhamento. Esse fator é importante para determinar qual o melhor tratamento para o paciente, e como ele pode ter uma boa qualidade de vida enquanto cuida de sua saúde mental.