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Pesquisa indica que o treinamento olfativo pode ser considerado um tipo de treinamento cerebral
O treinamento olfativo é uma opção de tratamento não farmacológico e não cirúrgico para pessoas com disfunção olfativa ou perda de olfato. Tipicamente, o plano é indicado por profissionais, mas também pode ser feito a parte através de um plano de 24 semanas, que inclui a exposição a quatro odores diferentes duas vezes ao dia.
Cerca de 20% de toda a população mundial sofre com alguma disfunção olfativa — condição que prejudica o olfato. E, embora o olfato seja o sentido menos “apreciado” de todos, especialistas confirmam que a sua perda pode oferecer riscos à saúde.
“O cheiro é uma forma de apoio emocional, mas também alerta” sobre vazamentos de gás, comida estragada e outros perigos. “Isso protege você de ficar doente”, disse Do-Yeon Cho, MD, diretor da Comprehensive Smell and Taste Clinic da Escola de Medicina UAB Heersink.
Portanto, realizar o treinamento olfativo como um método para recuperar o sentido pode ser essencial na prevenção de possíveis acidentes.
Por outro lado, alguns especialistas da área cosmética, como desenvolvedores de perfume, e outras pessoas interessadas também praticam o treinamento para aguçar o sentido.
Como o treinamento olfativo funciona?
Existe um debate sobre as possíveis causas da perda de olfato. Teorias envolvem a morte dos neurônios olfativos, problemas no cérebro ou em regiões do cérebro específicas responsáveis pela identificação de odores.
E, embora a resposta continue um mistério da medicina, especialistas acreditam que o treinamento olfativo pode ser um aliado na recuperação do sentido. Segundo Cho, por exemplo, cerca de 30% a 40% de seus pacientes conseguem observar uma “melhora significativa” após a técnica.
Ela funciona a partir da ideia de que os nervos responsáveis por fornecer o olfato são mais saudáveis quando ativados com odores. Desse modo, o treinamento ocorre a partir de quatro aromas base:
- Doce e frutado (geralmente limão);
- Floral (rosa);
- Picante (cravo);
- Resinoso (eucalipto).
Como treinar o olfato?
Como já mencionado, o treinamento não precisa de receita médica e pode ser feito em casa com um kit de óleos essenciais. Quando feito em casa, Cho recomenda que os pacientes escolham um ambiente quente, uma vez que o calor ajuda na abertura das passagens nasais, e que mantenham-se calmos “em um lugar zen”.
Veja como realizar o treinamento olfativo:
- Escolha um dos odores listados anteriormente, segure o recipiente de óleo essencial sob o nariz por 30 segundos e respire normalmente — não é necessário realizar uma inspiração exagerada. Concentre-se no cheiro;
- Descanse por 10 segundos;
- Continue com os outros odores um por um, até terminar;
- Realize o exercício pelo menos duas vezes por dia.
Outros tipos de treinamentos incluem outros passos, que podem levar até 2 anos no total para serem completos, como:
- Depois de três meses seguindo o plano original, mude para um novo conjunto de odores: menta, tomilho, tangerina e jasmim e treine com eles conforme descrito acima.
- Após três meses do segundo plano, treine com óleos essenciais de chá verde, bergamota, alecrim e gardênia.
Benefícios do treinamento olfativo
Além de poder ajudar na recuperação do olfato e potencialmente aguçar o sistema olfativo, o treinamento olfativo pode ser usado para outros propósitos. De fato, uma pesquisa publicada na Frontiers in Neuroscience comprovou que a técnica pode oferecer benefícios à saúde do cérebro e à função cognitiva.
Nela, 20 participantes, todos com mais de 60 anos e geralmente saudáveis, receberam seis meses de enriquecimento olfativo durante a noite e todos melhoraram significativamente a sua capacidade de recordar listas de palavras em comparação com um grupo de controle.
Não se sabe exatamente o que resultou na melhora. Porém, foi observado que os pacientes que receberam o treinamento obtiveram mudanças em uma estrutura cerebral que conecta a memória e os centros emocionais.
Similarmente, um time de pesquisadores, incluindo Do-Yeon Cho, da UAB, publicou em 2023 uma análise de 18 artigos científicos sobre o treinamento olfativo. Foi concluído que “os estudos revisados forneceram evidências emergentes de que o treinamento olfativo está associado à melhoria da cognição global e, em particular, à fluência verbal e à aprendizagem/memória verbal. O treinamento olfativo também está associado a aumentos no volume/tamanho das regiões cerebrais relacionadas ao olfato, incluindo o bulbo olfatório e o hipocampo, e à conectividade funcional alterada”.
