Triclosan: substância de onipresença indesejável

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O triclosan ou triclosano é um produto antisséptico pertencente ao grupo dos fenoxifenois policlorados, os fenóis e éteres. Ele é considerado um éter difenil policlorado (PBDE), capaz de inibir o desenvolvimento de fungos, vírus e bactérias. Em baixas concentrações, o triclosan é um agente antibacteriano que impede o desenvolvimento de bactérias, mas em altas concentrações provoca a morte destes organismos.

O triclosan é considerado tóxico para seres vivos, provocando problemas de saúde (como a progressiva perda de peso e diarreia). Ele é altamente prejudicial para pele, olhos e mucosas humanas. Isso porque o composto faz com que essas partes tornem-se vulneráveis à absorção de outras substâncias.

Onde pode ser encontrado?

Depois de ter uma ideia dos efeitos sobre a saúde que o triclosan pode causar, você poderia deduzir que seria raro encontrá-lo em produtos comercialmente vendidos, certo? Errado!

O triclosan é encontrado em uma enorme variedade de produtos de consumo. Alguns exemplos incluem enxaguantes bucais, medicamentos, sabonetes, loções, desodorantes e cremes dentais. Além de sabonetes bactericidas, sabão para lavar roupas, antissépticos, perfumes e muito mais – até o sabonete líquido contém triclosan!

Foto de Anastasia Nelen na Unsplash

O problema que envolve o triclosan está relacionado à falta de informação sobre os riscos associados ao uso indiscriminado da substância. Estamos condicionados a utilizar produtos bactericidas o tempo todo, sem a real necessidade e sem limites. Isso favorece a resistência bacteriana e eleva os riscos à saúde que substâncias como o triclosan podem causar.

Regulação

No Brasil, o triclosan é regulado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sendo que a máxima concentração autorizada é de 0,3% em produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes. A Anvisa não apresenta nenhuma recomendação de limitação ou de condições de uso e advertência.

Nos Estados Unidos, o triclosan é regulado por duas agências, a Environmental Protection Agency (EPA) e a Food and Drug Administration (FDA), de maneira que a substância é regulada pela EPA em sua utilização como pesticida, e pela FDA em sua utilização no restante dos produtos citados anteriormente.

Antibióticos e sua relação com superbactérias

Efeitos do triclosan

Existem muitos estudos que mostram que o triclosan propicia a resistência bacteriana. Isso significa que ele estimula a capacidade de uma espécie bacteriana se adaptar ao antimicrobiano por meio de alteração no seu DNA. Assim, sua eliminação se torna impossível.

Em outras palavras, significa que o uso de produtos que contenham o triclosan pode fazer com que as bactérias que queremos eliminar se tornem cada vez mais resistentes e presentes. Elas são conhecidas como superbactérias.

O perigo deste processo também está relacionado à resistência bacteriana de espécies que são consideradas patogênicas para os seres humanos. Como consequência, o triclosan pode contribuir também para a resistência a antibióticos. Isso representa possíveis impactos negativos sobre a saúde humana.

Com relação a outras espécies de seres vivos, alguns estudos apontam para a toxicidade do triclosan para os organismos aquáticos (como as algas, peixes e invertebrados), podendo causar, a longo prazo, efeitos significativos nesse ambiente.

Impactos à saúde e ao meio ambiente

Um dos efeitos seria a desregulação do sistema endócrino, por meio de alterações dos níveis de hormônio da tireoide. Além disso, existem evidências de que o triclosan possui propriedades que favorecem a bioacumulação nas mesmas espécies aquáticas.

Um outro estudo ainda concluiu que o triclosan apresenta risco de doença hepática em humanos.

Outro aspecto importante está relacionado à capacidade que o triclosan possui de modificar o desenvolvimento de microrganismos aquáticos, que são importantes, entre outras coisas, para a degradação de matéria orgânica.

E o triclosan chega a corpos hídricos por meio de lançamento de efluentes de Estações de Tratamento de Esgoto (ETE). Ou seja, utilizar substâncias que possuem esse componente em sua formulação desencadeia efeitos nocivos para além dos riscos à saúde do consumidor. Elas impactam negativamente a fauna e flora com as quais entra em contato por meio da poluição causada por seus resíduos pós consumo. Isso acontece quando são despejados nas redes de esgoto ou outras vias quaisquer.

Assista a um vídeo produzido por pesquisadores da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, sobre a presença de triclosan nos lagos do estado:

O triclosan pode afetar, ainda, o funcionamento dos músculos. Segundo pesquisa, ele é capaz de reduzir as atividades musculares, afetando o músculo mais importante do nosso corpo, o coração.

Alternativas

Atualmente, já existem no mercado produtos que excluem da sua formulação o triclosan. Ao invés de utilizá-lo, fazem uso de antimicrobianos naturais. Alguns exemplos de substâncias contra bactérias incluem óleos essenciais de alecrim, alecrim do campo, pitanga, cravo-da-índia, camomila e canela. Este último, aliás, foi considerado por um estudo o óleo antimicrobiano mais eficiente e sustentável.

Uma substância menos agressiva pela qual você pode procurar nos rótulos dos produtos é a pedra hume, conhecida também como alúmen de potássio. Ela possui ampla utilização em processo de purificação de água e aplicações em cosméticos, agindo como antisséptico e cicatrizante. O bicarbonato de sódio também é outra alternativa, podendo ser usado para fins de higiene e limpeza.

Equipe eCycle

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