Trigo: variedades, origens e glúten

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O trigo é um tipo de gramínea usada para a alimentação humana, considerada uma das culturas mais produtivas do mundo todo. Assim como o arroz, este tipo de alimento é largamente consumido ao redor do globo, sendo cultivado há 10 mil anos pelos seres humanos. Apesar de ser rico em nutrientes, o trigo contém glúten, proteína que pode causar problemas gastrointestinais em certas pessoas.

Desvendando o mistério: o arroz tem glúten?

O que é trigo?

O trigo é uma planta da família das gramíneas, Poaceae, que cresce com um caule ereto, podendo alcançar até 1,2 metros de altura. Cada raminho do cereal possui flores com grãos, que podem ser de consistência dura ou mole, e ser de cor branca, vermelha ou roxa. 

O grão do trigo é constituído pelo embrião da planta e um endosperma coberto por várias camadas de amido. Assim como outras gramíneas, essa planta é anual, mas pode ter variedades bianuais —- que florescem na primavera e no inverno. A espécie que cresce no inverno tende a produzir mais folhas do que as que se desenvolvem na primavera. Em ambas as situações, a última folha da planta, conhecida como “folha bandeira”, é a mais importante por sua maior taxa fotossintética. 

O cultivo do trigo dura aproximadamente oito meses, no máximo, mas em meses frios ele pode durar menos, cerca de seis meses. No entanto, em culturas intermediárias, o cereal pode ser cultivado em três ou quatro meses.

Quais as origens da produção de trigo?

Junto à cevada, o trigo foi um dos primeiros cereais a ser domesticado pelos humanos. Acredita-se que a espécie da planta surgiu no sul da Ásia em uma região conhecida como “Crescente Fértil”, por volta de 10 mil anos atrás. A cultivação e colheita repetitiva do grão fez com que a gramínea fosse domesticada.

A popularidade do cultivo de trigo cresceu durante o período Neolítico, quando a cultura se espalhou em países como a Etiópia, Índia, Irlanda e Espanha. Quase um milênio depois, a prática havia chegado à China. A produção do alimento continuou crescendo, conforme o avanço da tecnologia melhorava o processo. 

Atualmente, o mundo produz cerca de 773,6 milhões de toneladas do cereal anualmente, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, 2020).

Qual é a utilização do trigo?

O trigo é um dos cereais mais produzidos no mundo todo por um motivo: ele tem diversos tipos de usos. Os principais são:

  • Pastos e feno para a alimentação animal;
  • Bicombustível, como o etanol;
  • Bioplástico como alternativa ecológica para produtos a base de petróleo;
  • Produção de papel como alternativa para o uso de madeira;
  • Materiais de construção;
  • Absorventes industriais para situações como vazamentos de óleo;
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Quais as espécies mais usadas na produção de trigo?

A separação das variedades de trigo na produção é feita a partir de características comuns como: época de florescimento, quantidade de glúten na composição e coloração dos grãos.

Os principais tipos de trigo na produção:

Trigo para panificação (T. aestivum): é responsável por grande parte da produção mundial;

Trigo duro (T. durum): comumente usado para o preparo de massas, contém uma boa quantidade de proteínas;

Einkorn (T. monococcum): popular por sua alta concentração de proteínas, tem a maior quantidade de luteína entre as espécies de trigo;

Emmer (T. dicoccon): também, conhecida como “farro”, é utilizada para a preparação de receitas gourmet e contém uma boa quantidade de antioxidantes;

Espelta (T. spelta): tem mais proteína (glúten) que a maioria das variedades de trigo e é usada na produção da maioria das receitas. Esse tipo de cereal não deve ser consumido por pessoas que tem qualquer tipo de intolerância ao glúten;

Compactum: indicado para a produção de biscoitos, seu uso comercial é pequeno, apesar de ser a variedade com menor concentração de glúten;

Valor nutricional do trigo

O valor nutricional de 100 gramas de um trigo integral (que não foi refinado e ainda tem o farelo, endosperma e o gérmen) é:

  • Calorias: 340-360
  • Proteína (glúten): 10.3 gramas
  • Gordura: 1 grama
  • Carboidratos: 73,6 gramas
  • Fibras: 2,7 gramas
  • Cálcio: 15 miligramas
  • Ferro: 1,2 miligramas
  • Magnésio: 22 miligramas
  • Fósforo: 108 miligramas
  • Potássio: 107 miligramas
  • Sódio: 2 miligramas
  • Zinco: 0,7 miligramas
  • Vitaminas: 0,1 miligramas de tiamina, 0,04 miligramas de riboflavina, 1,3 miligramas de niacina e 0,04 miligramas de vitamina B6;

Produtos como o trigo branco, usado na panificação, são refinados, e por isso precisam passar por um processo de enchimento dos grãos, devido a perda de nutrientes — para evitar doenças nutricionais. O cereal refinado recebe um adicional de tiamina, ferro, riboflavina e ácido fólico. Porém, perde as vitaminas e minerais presentes no gérmen da planta (que é retirado no refinamento).

De acordo com pesquisas, a digestibilidade do glúten, encontrado no trigo, é reduzida quando ele é cozido em altas temperaturas. Por isso, pessoas com intolerância ou doença celíaca devem evitar o consumo de produtos feitos com o grão que contém alta concentração da proteína. 

É saudável comer trigo?

O trigo é um grão integral rico em vitaminas e minerais, que também pode fornecer energia ao organismo devido seu alto valor de carboidratos. No entanto, estudos apontam que pessoas com problemas gastrointestinais, alergias, dermatite, doença celíaca e endometriose podem ter efeitos colaterais do consumo de trigo, devido ao glúten.

Uma doença provocada pelo consumo de glúten é a doença celíaca, uma condição autoimune. Ela se caracteriza por uma inflamação grave no intestino delgado e atrofia das vilosidades de sua mucosa. Assim, causando prejuízo na absorção dos nutrientes, vitaminas, sais minerais e água, e provocando crises de diarreia e cólica intestinal.

Além dessa condição existe a intolerância não celíaca ao glúten. Nesse caso, o problema não é causado por uma resposta do sistema imunológico à proteína, e sim pela má absorção do nutriente pelo intestino.  

De qualquer forma, em ambos os casos é preciso evitar o consumo de glúten. Isso porque a falta de tratamento e a ingestão exacerbada da proteína pode resultar em doenças ósseas, problemas reprodutivos e câncer intestinal. 

Algumas pessoas optam por não fazer o consumo do glúten, mesmo sem ter uma das condições citadas acima, com o objetivo de melhorar sua qualidade de vida. Entretanto, não existem comprovações científicas que incentivem todas as pessoas a pararem de ingerir a proteína.

Para saber mais confira a matéria: “Glúten: o que é quais são seus prejuízos à saúde?”.

Alternativa sem glúten: trigo mourisco

O trigo mourisco, apesar do nome, não é a mesma coisa que o trigo comum. O grão é obtido a partir da semente da planta Fagopyrum esculentum, do grupo de pseudocereais, como a quinoa e o amaranto. 

Por não ter glúten em sua composição, o trigo mourisco é indicado como uma alternativa para o trigo comum. Além disso, ele tem um elevado conteúdo de minerais e antioxidantes, que são benéficos ao organismo humano. Para saber mais sobre a semente confira a matéria: “O que é trigo mourisco e seus benefícios”.

Ana Nóbrega

Jornalista ambiental, praticante de liberdade alimentar e defensora da parentalidade positiva. Jovem paraense se aventurando na floresta de cimento de São Paulo.

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