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Entenda mais sobre os mistérios do tubarão-da-groenlândia
O tubarão-da-groenlândia (Somniosus microcephalus) é um tubarão da família Somniosidae e o vertebrado com a maior expectativa de vida do mundo, podendo viver até cerca de 400 anos. Apesar de seu nome, esse tubarão não vive apenas na costa da Groenlândia, podendo ser encontrado nas águas frias e profundas do Oceano Ártico e do Atlântico Norte.
O tubarão pode alcançar até sete metros de comprimento e pesar mais de mil quilos, sendo um dos maiores peixes cartilaginosos do mundo. No entanto, pouco se sabe sobre a espécie, um resultado do ambiente em que vivem. As águas gélidas e profundas em que habitam dificultam pesquisas sobre o tubarão-da-groenlândia, fazendo com que eles sejam classificados como um dos grandes mistérios do mar.
Características físicas do tubarão-da-groenlândia
Com a coloração cinza ou marrom, o tubarão-da-groenlândia possui um nariz arredondado e pequenas barbatanas. A família Somniosidae, da qual pertence, foi nomeada a partir do deus romano do sono, Somnus, e caracteriza a velocidade em que se movem no oceano. Acredita-se que o tubarão-da-groenlândia nada a cerca de 1,2 km/h, com o seu maior pico de velocidade atingindo até 2,6 km/h.
Adicionalmente, a espécie não fica em constante movimento, diferentemente de outras espécies de tubarão. Assim, desmentindo o mito de que todos esses animais precisam se mexer constantemente para trazer oxigênio para suas guelras. De fato, o tubarão-da-groenlândia possui um sistema circulatório adaptado à sua velocidade, em que o animal extrai o oxigênio da água se movendo lentamente. Essas adaptações também permitem que ele sobreviva em temperaturas muito baixas.
A lentidão em que nadam pelo oceano foi um assunto muito debatido dentro da comunidade científica, que se questionava como esses predadores eram capazes de se alimentar. Porém, foi comprovado que a espécie é composta de predadores oportunistas ou catadores do fundo do mar, que consomem, principalmente, uma variedade de peixes, lulas e carniças.
Além disso, a visão do animal é frequentemente preujdicada pela presença de um parasita que afeta seus olhos, um copépode chamado Ommatokoita elongata. Muitos tubarões-da-groenlândia são cegos por esse motivo, mas não dependem de sua visão para caçar e conseguem viver normalmente através do olfato. E, embora alguns cientistas especulem que o copépode possa ser bioluminescente, oferecendo uma relação mutualística com o tubarão, o fato não foi comprovado.
Quantos anos dura um tubarão-da-groenlândia?
A idade de muitas espécies de tubarões é identificada através da contagem de faixas de crescimento presentes em suas barbatanas. Entretanto, o tubarão-da-groenlândia é isento dessa característica.
Portanto, especialistas começaram a determinar a idade dessas criaturas anciãs através da remoção de camadas das lentes de seus olhos, fazendo assim uma datação por radiocarbono. Com esse método, cientistas conseguiram comprovar que esses tubarões possuem uma expectativa de vida de pelo menos 272 anos, podendo viver até 397 anos — com uma margem de 120 anos.
Contudo, a datação de carbono não permite o cálculo de uma idade definitiva dos animais, e sim uma estimativa.
Não se sabe exatamente porque o tubarão-da-groenlândia vive tanto, mas uma hipótese é de que isso pode ser uma combinação de diversos fatores, que incluem o seu metabolismo lento e a adaptação às águas profundas e frias que habita. Por serem metabolicamente inertes, esses tubarões têm crescimentos, envelhecimentos e movimentos lentos — o que reflete, também, em sua maturidade sexual, que acredita-se ser alcançada apenas após um século de vida.
Estado de conservação
Por muito tempo, o tubarão-da-groenlândia foi caçado pelo seu óleo de fígado. No entanto, em dias atuais, suas aparições mais frequentes são resultantes de capturas acidentais em redes de pesca. De acordo com biólogos da área, a espécie não é apreciada por pescadores industriais, que reduzem o encontro com o tubarão comparando-o com “pisar em fezes de cachorro”. (1)
Muitas características do tubarão-da-groenlândia fazem com que ele seja uma espécie vulnerável a ameaças como a pesca acidental. Sua mobilidade lenta, longos períodos de gestação e tempo de reprodução em geral, por exemplo, são fatores que pesam contra a conservação desse animal incomum.
As grandes ameaças da espécie são a pesca acidental e a caça, seja na medicina tradicional ou como uma iguaria na Islândia. E, mesmo que a pele do animal seja tóxica pois concentra ureia, os seres humanos encontraram um jeito de prepará-la para o consumo. Para que possa ser consumida, a carne é fervida em várias mudanças de água, seca e fermentada por vários meses, o que produz o kæstur hákarl – tubarão-da-groenlândia fermentado.
Além disso, estima-se que mais de 3 mil desses tubarões sejam capturados acidentalmente por ano, o que contribui para a sua vulnerabilidade.
Enquanto é listada como quase ameaçada pela extinção, a população de tubarões-da-groenlândia ainda é um mistério na ciência.
