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A turfa é um material fóssil, organomineral, originado a partir da decomposição de restos vegetais e encontrado em áreas alagadiças como várzeas de rios, planícies costeiras e regiões lacustres. O processo de decomposição da matéria orgânica ocorre em um ambiente ácido e de pouca oxigenação. No geral, a turfa contém 90% ou mais de água e, quando recolhida e seca ao ar, esse teor cai para valores médios próximos de 40%.

Sob o ponto de vista físico-químico, a turfa é um material poroso, altamente polar e com elevada capacidade de adesão para metais de transição e moléculas orgânicas polares. A forte atração da turfa pela maioria dos cátions metálicos em solução deve-se, principalmente, ao elevado teor de substâncias húmicas (ácidos húmico e fúlvico) em sua matéria orgânica.

Essas substâncias, também conhecidas como polímeros naturais, são ricas em grupos funcionais com cargas negativas, tais como ácidos carboxílicos e hidroxilas fenólicas e alcoólicas, que são justamente os sítios de adesão dos metais em solução. Além do uso consagrado da turfa como fonte energética, observa-se, nos últimos anos, o incremento de sua utilização na agricultura, como insumo para produção de condicionadores de solos, biofertilizantes e substratos de mudas.

No Brasil, tem-se conhecimento de turfeiras em volume significativo somente no Rio de Janeiro, no sul de Santa Catarina e no Mato Grosso do Sul.

Classificação das turfas existentes

Como dito anteriormente, as turfas são materiais parcialmente decompostos de origem geológica, que provêm da acumulação e da decomposição lenta de várias espécies vegetais, em condições total ou parcialmente anaeróbias, resultantes de uma inundação quase permanente do seu meio de formação.

A Sociedade Internacional das Turfas propôs um método simplificado da classificação das turfas, onde as diferenças entre elas se encontram relacionadas com os seguintes três aspectos: a sua composição botânica; o seu grau de decomposição e as condições do local de formação.

De acordo com a sua composição botânica, as turfas podem ser classificadas em componente de musgos, herbáceas e lenhosas. Já com relação ao seu grau de decomposição, elas podem ser divididas em turfas loiras, castanhas ou pretas. Por fim, de acordo com as condições do local de formação, as turfas podem ser classificadas em turfas eutróficas, oligotróficas e mesotróficas.

Utilização

Sob condições geológicas adequadas, a turfa pode se transformar em carvão mineral a partir de emanações de metano vindo das profundezas e da preservação em ambiente anóxico – que sofre com a falta de oxigênio.

A turfa também é inflamável, sendo muito utilizada como combustível para aquecimento doméstico. Além disso, ela tem sido empregada para recuperar ambientes degradados e como absorvente de hidrocarbonetos, o que faz da substância um dos produtos mais utilizados em todo o mundo para prevenir derramamentos de derivados de petróleo.

Na agricultura, a utilização de produtos à base de turfa como um condicionador para melhorar as propriedades físico-químicas do solo e aumentar a atividade microbiana, vem se tornando cada vez mais comum.

Vantagens da utilização da turfa

  • Aumenta a oxigenação;
  • Aumenta a produtividade;
  • Reduz a compactação do solo;
  • Permite maior retenção de umidade;
  • Aumenta a disponibilidade de nutrientes;
  • Reduz o efeito do ataque de nematoides;
  • Aumenta o armazenamento de água no solo;
  • Melhora as características produtivas do solo;
  • Reduz as perdas de adubos e nutrientes do solo;
  • Melhora a infiltração de água e a agregação do solo;
  • Mantém a capacidade produtiva dos solos por maior tempo.

Turfeiras

As turfeiras são um dos ecossistemas terrestres mais importantes na luta contra as mudanças climáticas. Essas camadas profundas de material parcialmente decomposto possui dezenas de milhares de anos.

Globalmente, as turfeiras cobrem mais de três milhões de quilômetros quadrados e contém mais de 550 gigatoneladas de carbono – mais do que qualquer outro tipo de ecossistema terrestre, incluindo as florestas. Na verdade, um metro quadrado de trufeiras do Norte contém cinco vezes a quantidade de carbono que um metro quadrado da floresta tropical amazônica.

No entanto, as turfeiras já foram fartamente exploradas e danificadas pela ação humana. Elas foram drenadas, convertidas em campos agrícolas e queimadas ou mineradas para facilitar o acesso aos recursos naturais, o que favoreceu a liberação de grande quantidade de carbono armazenado.

Estudos sugerem que a remoção de dióxido de carbono da atmosfera e seu armazenamento em turfeiras tiveram um efeito de resfriamento no clima global nos últimos 10 mil anos. Se todo esse carbono armazenado fosse liberado, mais do que dobraria a concentração atual de dióxido de carbono na atmosfera (para mais de 800 partes por milhão), um cenário de consequências desastrosas para a civilização humana e os ecossistemas naturais.

Dessa maneira, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente está liderando a Global Peatlands Initiative, um esforço coordenado para salvar as turfeiras, ajudando a manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2 ºC acima dos níveis pré-industriais. Contribua para a preservação desses ecossistemas e ajude a frear o aquecimento global!

Julia Azevedo

Sou graduanda em Gestão Ambiental pela Universidade de São Paulo e apaixonada por temas relacionados ao meio ambiente, sustentabilidade, energia, empreendedorismo e inovação.

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