Turismo responsável é uma prática consciente, relacionada ao comportamento de viajantes e empresas do setor que buscam por experiências turísticas alinhadas aos princípios da sustentabilidade.
De acordo com o Sebrae, o turismo responsável vai além da conduta daqueles que estão viajando. Práticas responsáveis devem englobar todo o setor turístico, o que inclui agências, hospedagens e guias, além de restaurantes, transportes, atrações e comunidades locais.
Explorar novos (ou antigos) lugares e conhecer diferentes culturas de forma ética e sem causar danos, sejam eles sociais, econômicos ou ambientais, beneficia toda a população local, as empresas que operam na região e os próprios turistas, que vivem experiências memoráveis e voltam para casa com a mala cheia de boas histórias para contar.
Um estudo publicado pela Springer buscou demonstrar a relação intrínseca que existe entre um comportamento responsável e a sustentabilidade aplicados ao turismo.
De acordo com os pesquisadores, o desenvolvimento do setor turístico é benéfico para as comunidades locais, pois isso aumenta as oportunidades de emprego, bem como a geração de renda na região, além de influenciar no desenvolvimento do setor de transportes. Também existe uma maior preocupação com a preservação do patrimônio cultural em destinos turísticos.
Por outro lado, o turismo carrega consigo impactos socioambientais que não são uma preocupação recente. Ainda em 1973, Sir George Young, membro do parlamento britânico, escreveu o livro “Tourism, blessing or blight?” (Turismo, benção ou praga?, em tradução livre). No livro, Young já advertia sobre a necessidade de planejar o desenvolvimento do setor turístico e a importância de incluir aspectos sociais e econômicos no pacote, considerando três escalas: local, regional e nacional.
O autor argumenta, ainda, que os benefícios do turismo são mais aparentes no âmbito nacional, enquanto os custos e prejuízos são sentidos local ou regionalmente. Outro tópico discutido no livro – e considerado visionário para época – trata da alta demanda por determinados destinos. Para Young, já em 1973, o excesso de turistas sempre foi um problema, que gera sérias consequências sociais, econômicas e ambientais.
Nesse sentido, o desenvolvimento e a exploração desenfreada do setor turístico são apontados como uma influência negativa ao meio ambiente, cultura e modo de vida dos locais visitados. Além disso, o excesso de pessoas causa perturbações que impactam diretamente na qualidade de vida dos habitantes locais e na saúde ambiental. Algumas dessas questões problemáticas, de acordo com os pesquisadores, incluem aglomeração, degradação ambiental, congestionamento de vias, diminuição da qualidade de vida e destruição cultural.
A partir da publicação do relatório Our Common Future, da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1987, o conceito de desenvolvimento sustentável foi difundido e se tornou um objetivo a ser atingido, em diversas esferas por todo o mundo.
No setor de turismo, uma dos principais marcos dessa discussão é apontada com a publicação do livro Tourism Planning: An Integrated and Sustainable Development Approach, de Edward Inskeep. Em sua obra, Inskeep estabeleceu os cinco principais fundamentos para o bom desenvolvimento do turismo responsável, que deve considerar a responsabilidade socioambiental, a satisfação dos visitantes, justiça e equidade no âmbito global, além do fator econômico.
Segundo os pesquisadores, as esferas ambiental, sociocultural e econômica definem o conceito do chamado turismo sustentável. Foi a partir desse conceito que, como um importante complemento, surgiu a esfera do turismo responsável. Isso porque, para que exista um turismo sustentável e a real prática da sustentabilidade nos destinos turísticos, é fundamental que haja um comprometimento por parte dos viajantes e dos operadores das empresas de turismo, além da comunidade local.
O mundo é enorme e diverso, cheio de oportunidades incríveis para aqueles que gostam de um pouco de aventura, em locais mais remotos ou mesmo para quem prefere conhecer apenas pontos turísticos famosos. Seja qual for o tipo de viagem, algumas dicas sobre práticas de turismo responsável são sempre bem vindas. Então, confira na sequência:
Pesquise sobre os costumes e tradições locais, e trate tudo e todos com respeito, deixando críticas e preconceitos em casa. Se o destino for internacional, aprenda algumas palavras para poder se comunicar (e se conectar) melhor com as pessoas e a cultura local. Não tire fotos de pessoas sem autorização. Reflita sobre a experiência desejada com essa viagem e se esse é o destino ideal para você.
Evite o desperdício de alimentos, água e energia. Evite usar plástico, prefira andar a pé ou usar o transporte público, para diminuir as emissões de gases de efeito estufa. Respeite a vida selvagem e os seus habitats, não acesse áreas protegidas e não pague para se aventurar em locais proibidos para visitação.
Evite atrações locais que funcionem à base de exploração animal. Não tire fotos com animais sedados, em cativeiro ou sofrendo qualquer tipo de exploração. Não financie o sofrimento animal e não pague para se divertir às custas de um inocente.
Prefira comprar produtos locais, como artesanato feito na região, mas evite contribuir com itens feitos com partes de animais. Experimente a culinária local, é uma boa forma de conhecer mais a cultura da região e apoiar pequenos produtores e empreendedores. Prefira contratar guias locais de confiança e opte por passar mais tempo em lugares menos visitados.
Verifique as precauções que deve tomar, em relação a saúde, como vacinas necessárias, por exemplo. Contrate um seguro de saúde, para o caso de emergências. Evite aglomerações e esteja atento aos eventos climáticos. Em caso de viagem internacional, tenha anotado o contato da embaixada brasileira no local, para alguma emergência.
Dê preferência para empresas e agentes que atuem com apoio à programas socioambientais locais. Não contribua com empresas e atrações que atuem ferindo direitos humanos, muito menos que contem com exploração do trabalho infantil. Respeite os habitantes locais, seu estilo e qualidade de vida.
Em destinos muito famosos é comum que haja aglomeração de pessoas, contribuindo para o aumento de lixo, sobrecarga de serviços, degradação ambiental, poluição, entre outras consequências que impactam a qualidade de vida da população local. Busque atividades turísticas e rotas alternativas e fuja da alta temporada.
Busque por estadias em locais que se preocupam com a sustentabilidade. Optar por pequenas pousadas, hostels ou alternativas, como couchsurfing (em que você se hospeda na casa de um local), ao invés de grandes redes hoteleiras, também traz impacto social positivo e uma experiência cultural mais enriquecedora.
Além de ter uma experiência incrível junto à natureza, o valor pago nos ingressos ajuda às iniciativas de preservação ambiental. Se hospedar e consumir produtos das cidades do entorno também contribui para o desenvolvimento da economia local e a preservação da natureza. Lembre-se de não deixar rastros, não deixar lixo para trás e não perturbar os animais. Não faça barulho, deixe sua caixinha de som em casa e aprecie os sons da natureza. O mesmo vale se for fazer trilhas, ir à praia ou acampar.
São dicas simples de serem aplicadas, que transformam qualquer viajante num importante protagonista nas transformações econômica, social e ambiental do planeta. Fazer turismo pode ser mais uma ferramenta essencial em prol do desenvolvimento sustentável.
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