Um raio-x da chapa

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As dúvidas e constrangimentos na hora de se jogar um objeto fora são recorrentes em um mundo que ainda engatinha quando se fala sobre possibilidades de reciclagem. Outro item que integra essa longa lista é a chapa de raio-x.

Parecida com um grande negativo de filmes fotográficos, a chapa pouco flexível contém elementos tóxicos e é perigosa à saúde, mas pode ser reciclada e transformada em talheres, joias e caixas de presente.

Tem certeza que não serve mais?

Antes de pensar em jogar a chapa de raio-x fora, é preciso pensar no futuro. Muitas vezes exames antigos podem servir para demonstrar evolução clínica do paciente. Superada essa etapa, que tal aprender sobre os motivos para reciclar esse item?

Problemas à saúde

A base da chapa é feita de acetato, mas existem diversos elementos tóxicos que são acoplados na “impressão”, ou seja, na finalização do exame. São eles: metanol, amônia, cromo e, dependendo do fabricante, brometo e outros solventes orgânicos.

Os efeitos desses materiais são terríveis, como explica o gerente de sustentabilidade do Grupo Fleury, Daniel Marques Périgo. “Metais pesados possuem efeito acumulativo no organismo e podem causar problemas renais, gastrointestinais, motores e neurológicos. Além disso, outras substâncias utilizadas na composição dos produtos de revelação de imagens podem causar irritação nas vias aéreas superiores e olhos, além de problemas dermatológicos”, diz.

Os metais das chapas de raio-x podem representar os perigos descritos acima se forem descartados de forma incorreta, pois correm o risco de contaminarem o solo e os lençóis freáticos.

Descarte correto e reciclagem

Se as chapas não podem parar em aterros ou lixões de jeito nenhum, a alternativa mais viável é o descarte em postos de reciclagem especializados. Lá, eles são classificados por tipo e enviados para recicladoras. Existem alguns processos de reciclagem. Todos eles devem ser feitos apenas por pessoas especializadas. Um dos métodos mais comuns (que divulgamos apenas para facilitar o entendimento do usuário) é o seguinte:

  1. Tratamento da radiografia com uma solução de hipoclorito de sódio 2,0% (água sanitária), sendo gerados:
    • Um resíduo sólido que contém a prata sob a forma de vários compostos químicos;
    • Películas radiográficas “limpas”;
  2. Em seguida, o resíduo sólido é tratado com hidróxido de sódio sólido em água por aquecimento durante 15 minutos. Nesta fase obtém-se o óxido de prata misturado a impurezas;
  3. Faz-se o aquecimento do óxido de prata com uma solução de sacarose por 60 minutos obtendo-se a prata impura sólida que ainda não apresenta brilho;
  4. Finalmente é feito o aquecimento da prata a 1.000°C por 60 minutos numa mufla (um tipo de estufa) e obtém-se a prata pura e com brilho.
A tendência é que a reciclagem de chapas diminua ao longo do tempo. Isso porque já existem aparelhos de raio-x que substituem a tecnologia analógica. “Atualmente, já existem equipamentos digitais, que não utilizam fixador e revelador, e que já estão substituindo os modelos analógicos tradicionais. Desta maneira, a utilização destes produtos e a revelação das imagens por meio da prata tende a diminuir ao longo dos anos”, afirma Périgo.

 

 
Equipe eCycle

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