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Fábio da Veiga Ued comenta dados que mostram uma realidade em que a anemia afetava 33% das crianças de 0 a 7 anos de idade em 2020

Por Walace de Jesus em Jornal da USP Um estudo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP)  da USP aponta que a prevalência de anemia ferropriva em crianças de 0 a 7 anos de idade foi de 33% no ano passado, de acordo com dados coletados de 2007 a 2020. Esse tipo de anemia é caracterizado pela falta de ferro no organismo, especificamente na produção de hemoglobinas e, por consequência, das hemácias, as células responsáveis por transportar o oxigênio para o corpo todo. Em crianças, a condição pode afetar o desenvolvimento ao longo de toda a vida, se não revertida a partir da suplementação.

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Fábio da Veiga Ued, professor no Departamento de Ciências da Saúde na FMRP e um dos autores do estudo, destaca que, apesar da implantação de políticas públicas, a anemia ferropriva ainda é um grande desafio da saúde pública no Brasil.

“Isso significa que uma em cada três crianças brasileiras tem anemia ferropriva”, explica Ued sobre a conclusão do estudo. Comparativamente a 2007, em que a prevalência era de 53%, a taxa caiu cerca de vinte pontos percentuais em 2020. Para o professor, a diminuição pode ser associada à implementação de políticas de enriquecimento de farinha de trigo e de milho e suplementação universal de ferro para crianças de até dois anos de idade pelo governo. “Mas ainda assim observamos uma taxa bem elevada e que merece atenção do ponto de vista da saúde pública”, avalia.

Anemia ferropriva – Foto: Wikipédia

O estudo também evidenciou que, na faixa etária abaixo dos dois anos de idade, a prevalência da deficiência de ferro é ainda maior. Ued destaca que a introdução precoce do leite de vaca na dieta da criança é um dos fatores, já que a biodisponibilidade de ferro neste leite é menor, além de que a própria deficiência nutricional da mãe também pode desfavorecer a nutrição adequada da criança.

Ele também destaca que as populações em regiões de maior vulnerabilidade social são as mais afetadas com o distúrbio. “Elas têm maior dificuldade de acesso à alimentação saudável e também ao saneamento básico adequado; em sua ausência, tem-se uma maior prevalência de parasitoses intestinais”, comenta Ued, ao associar esses fatores à pobreza e consequentemente a locais onde a prevalência de anemia é mais frequente.

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Na visão de Ued, é preciso garantir o acesso à alimentação adequada da população. “Nós observamos que, em algumas regiões do País, em especial na região Norte, Nordeste e em algumas áreas do centro-oeste, há uma dificuldade da população em ter acesso a carnes, principalmente a carne bovina, que é a principal fonte de ferro da alimentação”, destaca o professor, ao reforçar que também há dificuldade de acesso a grãos, leguminosas e vegetais. “Nós precisamos de políticas públicas que melhorem o acesso da população a esses alimentos”.

Acesse o artigo completo aqui.


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