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Grupo da universidade desenvolveu uma técnica para produzir placas planas de concreto, menos densas e mais ecológicas.

Ingrediente básico do concreto e da argamassa, amplamente utilizado no Brasil, o cimento é o segundo material mais utilizado na construção civil. Entre seus benefícios, estão o baixo custo e a imensa versatilidade. Entretanto, o cimento tradicional libera muito gás carbônico (CO2), sendo fonte de aproximadamente 8% das emissões mundiais, segundo o instituto britânico Chatham House.

Em busca de modernizar o sistema construtivo brasileiro,  tornando-o também mais sustentável, o professor Carlos Eduardo Marmorato Gomes, da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp (FEC), desenvolveu uma tecnologia que utiliza um aglomerante alternativo para a construção civil, o cimento magnesiano (Sorel).

O material foi utilizado para criar um composto aprimorado, que deu forma à primeira placa plana magnesiana no Brasil. Menos densa que a tradicional, seu manuseio é mais fácil, permitindo ganho de tempo e produtividade na obra e contribuindo para a industrialização do sistema de construção.

“Para a construção civil, já temos placas de gesso e placas com o tradicional cimento Portland. Estamos desenvolvendo a primeira placa plana brasileira com o compósito à base de óxido de magnésio”, explica o docente.

A construção civil ainda utiliza formas artesanais de produção. A melhora no nível de industrialização é uma antiga expectativa do setor. Isso exige mão de obra mais qualificada e sistemas construtivos mais industrializados, como o Light Steel Frame, técnica à base de aço galvanizado, e o DryWall, sistema de construção a seco.

“Focamos nos modelos de construção Light Steel Frame e DryWall. Estamos associando um produto inovador com um sistema construtivo alternativo pouco conhecido no Brasil, mas que acredito ser o futuro da construção civil”, afirma Marmorato.

Os modelos de construção mais modernos permitem um ganho no tempo de produção e de finalização da obra. Marmorato destaca que essa vantagem poderia acelerar o ritmo de construção de unidades habitacionais populares, como as moradias oferecidas pelo programa Casa Verde e Amarela e pela CDHU.

O custo de produção, que pode ser um pouco maior do que no modelo de construção tradicional, é compensado pela redução no tempo da obra.

Sustentabilidade em pauta

A tecnologia da Unicamp para desenvolvimento da placa plana também é mais ecológica, pois não utiliza água, adotando o modelo Light Steel Frame e DryWall, de construção a seco. Segundo o US Green Building Council, a construção civil é responsável pelo consumo de 21% da água tratada no planeta.   

“Não utilizamos água na construção, pois não precisamos de argamassa ou concreto com as placas planas. A água é necessária apenas na produção do compósito, reduzindo significativamente seu uso no sistema construtivo”, justifica Marmorato.

Tecnologia no mercado

Em 2021, o know-how da tecnologia foi licenciado, com o auxílio da Agência de Inovação Inova Unicamp, para a Comptest Engenharia. Iara Ferreira, diretora de parcerias na Inova Unicamp, explica que a Agência tem expertise para transferir diversos tipos de tecnologia. De acordo com ela, os licenciamentos de patentes são mais conhecidos e divulgados, mas um conhecimento de interesse do setor industrial pode também ser transferido a partir de um licenciamento ou da cessão de um know-how.

“Quando um docente comunica o resultado de sua pesquisa para a Inova, nossa equipe avalia não somente a melhor estratégia de proteção – que pode ser por patente ou programa de computador, por exemplo -, mas também a estratégia de oferta e transferência. Algumas tecnologias não podem ser protegidas por patente, mas nem por isso deixam de ser interessantes para o setor empresarial. Nossa equipe pode, então, avaliar e estimular a transferência desse resultado por meio de um licenciamento de know-how”, afirma a diretora.

A Comptest conta atualmente com o financiamento do PIPE FAPESP para inserir a tecnologia no mercado e expandir a utilização das placas planas de cimento magnesiano no Brasil.

“Sabemos que um projeto é bom quando é aprovado pela FAPESP. Os resultados de pesquisa na fase 1 do PIPE FAPESP estão sendo bem satisfatórios. Agora pretendemos dar sequência à fase 2 e, em breve, colocar as placas planas de cimento magnesiano no mercado brasileiro”, explica Jeferson de Oliveira, gerente administrativo da Comptest Engenharia.


Este texto foi originalmente publicado por Jornal da Unicamp de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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