Urina de gado tratado com antibiótico pode transmitir variações mais fortes de bactérias

Pesquisa mostra que urina de bois e vacas pode contaminar o solo

O crescimento do número de doenças resistentes a remédios é um dos mais graves problemas enfrentados pela medicina. O uso quase descontrolado de antibióticos criou bactérias cada vez mais resistentes. No caso do Brasil, principalmente pelo hábito da automedicação.

Mas não é apenas nos homens que se encontram os efeitos do uso indiscriminado de antibióticos. Nos EUA, 80% de todos os antibióticos são dados a animais das fazendas e um dos principais é o Ceftiofur, usado para combater doenças respiratórias e infecções em bois e vacas.

Curiosamente, foram encontradas variações mais resistentes de E. coli e Salmonella no estômago desses animais. Isso fez com que cientistas norte-americanos começassem a estudar o porquê desse efeito.

Um grupo da Washington State University, liderado pelo pesquisador Murugan Subbiah, iniciou sua pesquisa analisando as fezes e urina do gado, motivado pelo fato de conterem os antibióticos dados aos animais. Ao misturá-los com terra, os cientistas perceberam que as formas comuns de E. coli morriam, mas algumas mais resistentes prevaleciam. A conclusão foi de que, ao entrar em contato com esse solo, bois e vacas são infectados pela nova variação.

A situação se torna ainda mais grave pelo fato das bactérias terem a habilidade de trocarem entre si genes relativos à resistência a antibióticos. Isso faz com que inúmeros tipos de bactérias criem o mesmo tipo de resistência, inclusive as que afetam diretamente o homem.

Então surgem duas soluções para o problema. A primeira seria controlar onde o gado urina ou defeca, para que não haja contaminação – o que convenhamos, é algo um pouco maluco. A segunda seria controlar o uso, muitas vezes desnecessário, de antibióticos não só nos animais, mas também nas pessoas. No fim, se trata de uma questão de critério, parcimônia e mudança de hábitos.