Grupo hindu desenvolve bebida à base de urina de vaca com fins terapêuticos e preventivos
Já é sabido que o ser humano encontra meios inusitados para solucionar problemas. Exemplo disso é o uso da urina como combustível para mover um gerador elétrico. Ou então o uso da urina como adubo para plantações.
Mas o que pensar quando se afirma que ingerir a urina de vaca, mais especificamente de uma vaca virgem, pode conter propriedades curativas contra o câncer?
O uso da urina contra doenças
Um grupo hindu na Índia chamado Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS) tem advogado firmemente a favor dos benefícios obtidos pela ingestão da urina de vaca na cura de doenças como tuberculose, diabetes e até mesmo o câncer. Para esse grupo, a ingestão da urina de vaca coletada, antes do pôr-do-sol, sobretudo de uma vaca virgem, é capaz de curar qualquer pessoa.
Pode parecer inusitado, mas esse prática é bem comum na Índia, principalmente entre os seguidores da Medicina Ayurvédica. No entanto, esse uso da urina de vaca pode parecer sem sentido e desagradável entre os ocidentais. Por essa razão, para popularizar o uso da urina de vaca, o RSS desenvolveu uma bebida chamada Gomutra Ark. Para o grupo, a Gomutra Ark é uma substituta saudável dos refrigerantes que são convencionalmente comercializados.
Opiniões controversas
Segundo o Dr. Donald Hensrud do instituto Mayo Clinic, a bebida feita à base de urina de vaca veio para ganhar seus “quinze minutos de fama”. Para ele, as propriedades medicinais dessa bebida são duvidosas e os estudos que defendem tais propriedades não são confiáveis. Principalmente, no que concerne às propriedades curativas e preventivas do câncer.
No entanto, essa questão está longe de ser solucionada. Isso porque, já foram realizados estudos que comprovaram a possibilidade de haver algum tipo de relação entre a urina de vaca e a cura de outras doenças. Em 2012, foi publicado um trabalho no jornal científico chamado Ancient Science of Life que sugere que ratos com diabetes que beberam o Gomutra Ark apresentaram uma significante melhora do quadro. Para estudiosos envolvidos nesse trabalho, os resultados obtidos se apoiam no uso tradicional da urina de vaca para fins terapêuticos, mas não indicam que a bebida contenha elevadas propriedades terapêuticas ou que seja seguro ingeri-la cotidianamente.
Já em 2013 também foi publicado um estudo na Revista Brasileira Internacional de Urologia que também sugere que a urina de vaca pode ter sido um agente terapêutico na prevenção de pedras nos rins de ratos.
Polêmicas na ciência
De tempos em tempos, a comunidade científica se depara com o surgimento de algum estudo revolucionário. Estudos como esse, muitas vezes, não suscitam opiniões consensuais entre os especialistas, pois há diversas linhas interpretativas e interesses envolvidos por trás dessas supostas descobertas.
Por isso, é importante que haja senso crítico por parte das pessoas sempre que for “descoberta”, por exemplo, uma nova dieta revolucionária. Além disso, é importante que a própria comunidade científica investigue com afinco o que é apresentado nos Congressos e publicado nas revistas científicas.
Segundo pesquisadores da Universidade de Pittsburgh, apenas 39% dos trabalhos apresentados em congressos resultam em publicações científicas sérias. O restante apenas foi apresentado. O que esse dado mostra é que se verifica a falta de um prosseguimento dos estudos que são apresentados, algo crucial para a solidificação de pesquisas confiáveis. Afinal, apenas apresentar dados não é o suficiente para transformar um estudo em um trabalho científico que realmente contribua para a sociedade.