Um urso polar foi encontrado morto em Svalbard, região da Noruega. Ele estava deitado de bruços, e seu corpo foi caracterizado, infelizmente, como tendo apenas “pele e osso”. O especialista Ian Stirling acredita que o animal caiu de fadiga e fraqueza e morreu ali mesmo.
Svalbard fica no Pólo Norte, é banhada pelo Oceano Ártico e tem como característica principal o clima frio, com temperaturas negativas na maior parte do tempo. A precipitação do local ocorre quase sempre em forma de neve, e, devido à alta latitude, quase metade do ano apresenta noite permanente, enquanto na outra metade o sol raia o dia todo e o céu nunca escurece plenamente.
A fauna da região, repleta de ursos polares, tem sofrido muito com o aquecimento global. O urso em questão já tinha sido encontrado na região sul de Svalbard em anos anteriores e, em abril deste ano, ele foi examinado pelo Instituto Polar Norueguês, e pareceu saudável. Como seu corpo foi encontrado ao norte, 250 km distante do lugar de costume, os pesquisadores acreditam que ele teve uma longa e cansativa busca por comida, que foi em vão.
Os ursos polares se alimentam principalmente de focas, que vivem no mar parcialmente congelado. Com o aumento da temperatura, o mar sofreu uma grande redução de gelo, e, consequentemente, de presas. Logo, os ursos não conseguem ingerir quantidade suficiente de gordura para sobreviverem ao severo frio em que vivem.
Prond Robertson, do Instituto Meteorológico Norueguês, disse que a formação do gelo ao redor de Svalbard em 2013 foi pouca, além do rápido e precoce desmembramento de gelo já existente, sem contar as seguidas entradas de águas mornas na região desde 2005. Portanto, muitas áreas que antes eram usadas para caça pelos ursos, perderam a sua utilidade. E isso fez com que o animal tivesse que procurar alimento em outro lugar, mas, dessa vez, foi vencido.
Uma pesquisa mostrou que a perda de gelo no mar da Baía de Hudson, no Canadá, estava sendo prejudicial à reprodução, migração e alimentação de ursos polares. Os animais apresentaram redução de peso e maior tempo em terra firme, enquanto esperavam o mar voltar a congelar. Um painel feito por especialistas alerta para a triste opção de ursos terem que ser alimentados por humanos para sobreviverem.
A União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, em inglês), maior organização de profissionais que defendem a conservação, afirma que das 19 populações de ursos polares antes encontradas no Ártico, atualmente há informações de apenas 12. E, dessas 12, oito estão em declínio, três estão estáveis e apenas uma tem mostrado índices de crescimento. A IUCN prevê ainda que a continuação de perda de gelo significa que mais de um terço de ursos serão perdidos nos próximos 45 anos.
Jeff Flocken, do Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal, expressou uma conclusão contundente para o assunto: apesar de ser difícil de atribuir uma única morte ao aquecimento global, as mudanças climáticas têm sido claras e drásticas na região do Ártico, ameaçando a sobrevivência de ursos polares, que é agravada ainda mais pela matança para fins comerciais no Canadá. O desaparecimento de um dos animais mais emblemáticos do planeta seria uma verdadeira tragédia.
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