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Conheça os tipos de uso da água e quais os fatores que influenciam a demanda

Todo mundo sabe da importância da água para a vida na Terra e da necessidade de sua preservação. Mas você já se perguntou quais são os usos da água existentes? Conhecê-los pode ser muito importante para um consumo humano consciente de água.

Os tipos de uso da água são classificados em dois grandes grupos: usos consuntivos e usos não-consuntivos.

Usos consuntivos são aqueles usos da água em que há perda entre o que é retirado do corpo d’água e o que retorna a ele. Como nos abastecimentos doméstico e industrial, na irrigação e na limpeza pública.

Já os usos da água não-consuntivos são aqueles em que não há necessidade da retirada da água de seu local de origem. Como para geração de energia, transporte e navegação, lazer e piscicultura, por exemplo.

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Usos da água consuntivos

A produção agrícola é responsável pelo uso de 69% da água doce disponível mundialmente para abastecimento. O setor industrial, em segundo lugar, é responsável pelo uso de 21% dela e o doméstico fica por último, com 10%.

Dos 2,5% de água doce do planeta, cerca de 15% estão no Brasil. Em relação à disponibilidade hídrica dos países, a Organização das Nações Unidas (ONU) tem a seguinte classificação:

Abundante

  • Disponibilidade hídrica de mais de 20.000 metros cúbicos (m³) por habitante por ano.

Correta

  • Disponibilidade hídrica entre 2.500 m³ e 20.000 m³ por habitante por ano.

Pobre

  • Disponibilidade hídrica entre 1.500 m³ e 2.500 m³ por habitante por ano.

Crítica

  • Disponibilidade hídrica menor que 1.500 m³ por habitante por ano.

Disponibilidade e distribuição hídricas pelo planeta são fortemente influenciadas pelo clima, sendo que elas podem flutuar entre estações e anos seguidos.

Você sabia?

  • 20% da população mundial habita regiões semi-áridas;
  • 44% da precipitação são acessíveis por reservatórios e barragens;
  • A precipitação média anual no planeta é de 900 mm. Sendo que 1 mm de chuva equivale a 1 litro de precipitação que se acumula em 1 m²;
  • 1/3 da precipitação mundial se encontra na América do Sul e Caribe;
  • Países do Norte da África apresentam 100 mm anuais de precipitação – a menor registrada, apesar de sua maior taxa de evaporação.

Uso da água doméstico

O consumo médio diário de uma pessoa (consumo per capita) é calculado por meio do consumo total de água dentro de um município, estado ou país. Depois dividido pelo número total de pessoas abastecidas nesta mesma área. Para quase 1 bilhão de pessoas do mundo, que vivem a mais de um quilômetro de uma fonte hídrica, o uso médio da água é inferior a 5 litros por dia.

Na Europa o consumo médio de água da maioria dos países varia de 200 a 300 litros por pessoa por dia. No Brasil, o consumo médio é de cerca de 154 litros por dia por pessoa. Em média, o uso doméstico de água no País se divide da seguinte forma:

gráfico de uso da água
Fonte do gráfico: Caracterização, tratamento e reuso de águas cinzas e águas pluviais em edificações – May, S

Alguns fatores podem afetar o consumo de água em uma cidade. De modo geral, esses fatores podem ser a taxa de crescimento da população; as características da cidade (turística, comercial ou industrial); os tipos e quantidades de indústrias presentes; o clima, os hábitos e a situação socioeconômica da população.

Além disso, há também outros fatores, mais específicos, como:

  • A qualidade da água e seu custo (valor da tarifa);
  • A disponibilidade do recurso;
  • A pressão na rede de distribuição;
  • A ocorrência de chuvas.

Crescimento da população

Experiências têm mostrado que o aumento da população acarreta em um aumento de consumo per capita. Isso pode ser atribuído a um aumento na demanda comercial e industrial. Além de maiores possibilidades de perdas na rede de distribuição, por exemplo.

Natureza da cidade

Uma cidade turística certamente não apresenta o mesmo nível de consumo de água per capita que uma cidade industrial. Cidades industriais destacam-se como as que apresentam maior consumo médio, por conta dos elevados gastos de água provenientes das indústrias.

Clima

Quanto mais quente a região, mais pessoas consomem água, e consequentemente, maior o consumo. De modo geral, os valores de consumo médio diário per capita podem oscilar. Assim, indo de 150 litros para clima semifrio e úmido, até 300 litros para clima tropical e muito seco.

Pressão na rede

Quando os aparelhos e torneiras de uma instalação são alimentados pela rede pública de pressão muito elevada, o consumo médio aumenta graças à maior vazão. Isso mesmo com pequena abertura das válvulas e torneiras.

Água virtual

Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), água virtual é a quantidade de água gasta para produzir um bem, produto ou serviço.

É a medição da água considerada necessária aos processos produtivos – ela é, portanto, uma medida indireta dos recursos hídricos consumidos por um bem.

Na agricultura, apenas 17% das lavouras são irrigadas, porém são responsáveis por cerca de 40% da produção de alimentos. Por isso muita água é dispensada nesta produção. Abaixo se encontram os valores de quantos litros de água são necessários para a produção de 1 kg de cada um destes alimentos:

  • Batata: 500 L
  • Milho: 1.180 L
  • Carne de frango: 3.500
  • Carne bovina: 17.500 L
  • Feijão: 340 L
  • Arroz: 2.500 L
  • Trigo: 500-4.000 L
  • Soja: 1.650 L

Já para o setor industrial, 1 litro de água utilizado gera um rendimento 70 vezes mais valioso que o mesmo litro usado na agricultura. Veja abaixo os produtos gerados em processos industriais e quanta água virtual é dispensada neles:

  • 10 L de água : 1 L de gasolina
  • 1 kg de papel: 324 L de água
  • 235 L de água: 1 kg de aço
  • 1 automóvel: 380.000 L de água

O consumo de água tende a aumentar conforme os países se industrializam. Logo, trazendo como consequência maiores emissões de diversos poluentes, como:

  • Material particulado
  • Poluentes orgânicos persistentes (dentre eles os PCBs)
  • Hidrocarbonetos
  • Solventes.

Poluição

Além de 1/6 da população mundial não possuir acesso à água potável, falta saneamento básico a 2/6 dela. A poluição dos cursos d’água pode resultar em doenças de veiculação hídrica, que representam cerca de 80% das doenças diagnosticadas em seres humanos. Alguns exemplos dessas doenças são: amebíase, giardíase, hepatite infecciosa, cólera e verminoses.

Contaminações por patógenos, orgânicos e metais pesados tóxicos fazem com que 1 bilhão de pessoas adoeçam anualmente em função de doenças hídricas, resultando em 35 mil óbitos diários (13 milhões/ano).

Zonas úmidas e a Convenção de Ramsar

A Convenção de Ramsar é um tratado intergovernamental que foi celebrado no Irã em 1971, marcando uma época de crescimento das preocupações pela conservação dos ambientes aquáticos e o início das ações nacionais e internacionais no sentido do reconhecimento da importância ecológica, socioeconômica, cultural e científica destes locais.

O conceito “zonas úmidas” surgiu com esta convenção para se referir não apenas aos ambientes úmidos naturais, como também aos artificiais, indo desde mares e lagos até represas e açudes. Inicialmente, só eram considerados os ambientes úmidos naturais, pois o objetivo original da Convenção de Ramsar era a preservação dos ambientes utilizados por aves migratórias.

Atualmente, podemos definir zonas úmidas como ecossistemas de interface entre ambientes terrestres e aquáticos, continentais ou costeiros, naturais ou artificiais, que são permanente ou periodicamente inundados por águas rasas ou com solos encharcados. As águas das zonas úmidas podem ser doces, salobras ou salgadas, e possuem comunidades de plantas e animais adaptadas à sua dinâmica.

O dia 2 de fevereiro é considerado o Dia Mundial das Zonas Úmidas; data que marca a adoção da Convenção de Ramsar, em 1971. A ONU estabeleceu também o Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março.

Além de fazer parte da convenção, o Brasil também possui a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/1997), que institui o Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) para orientar a gestão das águas no país.

Estresse hídrico versus escassez de água

Especialistas em hidrologia caracterizam os termos estresse hídrico e escassez pela relação população-água.

Pode-se dizer que uma área se encontra em um momento de estresse hídrico quando o fornecimento anual de água é menor que 1,7 mil m³ por pessoa. Caso este fornecimento seja inferior a 1000 m³, a população sofre de escassez de água. Com um fornecimento anual de 500 m³ por pessoa, já é utilizado o termo “escassez absoluta”.

O que fazer?

Âmbito global

Por meio de Manuais de Uso Racional, a Convenção de Ramsar elaborou uma série de orientações para mostrar que é possível integrar as zonas úmidas nos processos de manejo da água. O principal desafio é incorporar as orientações da convenção nas leis nacionais, fazendo com que o manejo da água seja sempre levado em conta, quer em atividades sociais, econômicas ou ambientais.

Âmbito regional

As tomadas de decisão no que diz respeito ao manejo consciente das zonas úmidas não devem prejudicar os meios de subsistência ou o bem-estar da população. Para isso, são necessárias políticas que integrem as necessidades populacional e ambiental e que incluam iniciativas como o Manejo Integrado dos Recursos Hídricos, cujo objetivo global é satisfazer as necessidades hídricas de todos os países para o desenvolvimento sustentável deles.

Âmbito local

Assuma a responsabilidade! Atividades locais de reciclagem, reutilização, conservação e consumo consciente de água são muito importantes, sendo a base de um manejo sustentável deste recurso. A redução do consumo de água e a captação de água de chuva são ótimas formas de contribuir para a conservação das zonas úmidas.

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Como você pode reduzir o seu consumo água no dia a dia 

Se atente aos vazamentos

Furos nas tubulações e vazamentos de outra natureza desperdiçam uma quantidade muito grande de água e muitas vezes nem percebemos. Por isso, o ideal é fazer uma busca minuciosa em sua casa para o caso de ter algum vazamento;

Reduza o consumo de água tratada

Pense bem antes de usar água tratada, para muitas atividades água não potável pode dar conta, como por exemplo para lavar a casa/carro, dar descarga, regar plantas, etc;

Reutilize água sempre que possível

Usar a água mais de uma vez ajuda a diminuir os problemas em épocas de racionamento e mesmo quando não estiver em época de racionamento também para economizar. A única água que não é indicada para reuso é a que entrou em contato com fezes, por questão de saúde pública. De resto, é sempre uma possibilidade, então fique atento e coloque sempre baldes e bacias quando ligar uma torneira. 

A matéria “Captação de água de chuva: conheça as vantagens e cuidados necessários para o uso da cisterna” explica mais sobre as cisternas, métodos de armazenamento de águas de chuva que podem trazer mais economia de água para casa. E não é só a água de chuva que pode ser reaproveitada, a água de cozimento tem mais usos do que o ralo da cozinha. Confira na matéria “Como reutilizar a água de cozimento?“.

Tome banhos mais curtos e colete a água

Todos já sabemos que tomar banhos de menor duração é essencial para economizar, mas, além disso, e o desperdício que ocorre enquanto esperamos a água esquentar? Ela pode ser coletada para utilização posterior. Até a água suja do banho pode ser utilizada depois para regar plantas ou dar descarga.

Uso externo 

Para lavar roupas

No caso do tanque lembre-se de fechar a torneira quando estiver ensaboando. No caso de máquinas de lavar, comece pelas peças mais limpas (geralmente brancas) para que a água possa ser reutilizada depois. Também sempre use a máquina na capacidade máxima e não se esqueça de alguma técnicas antigas, como tirar sujeiras mais aparentes e superficiais com sabão em pedra, deixar as roupas de molho em caso de sujeiras mais severas e, quando possível, quarar (deixar clareando no sol). Veja a matéria “Dicas de lavagem de roupa” para conferir mais dicas sustentáveis na hora de lavar a roupa.

Garagem e quintal

Mangueira nem pensar! Para limpar carros, garagens e carros, não é necessário lavá-los, pode ser feito apenas com um pano úmido, e é possível lavar com o mínimo de água possível. Veja esse vídeo que ensina a lavar um carro usando apenas um copo de água.

O mesmo deve se aplicar a calçadas e quintais. Sempre prefira vassouras e evite mangueiras. Quando for muito necessário, procure usar água de reuso e economizar o máximo possível. Outra boa opção é trocar a área pavimentada por um jardim, assim a área se tornará permeável e poderá ser regada pela água da chuva. Utilize a água de reuso com uma lavadora de alta pressão para maior economia. Como dito na matéria “Lavadora de alta pressão: boa alternativa para certas ocasiões“, elas trazem uma economia de até 80%. 

Adaptações

Nas torneiras, você pode instalar um aerador e um redutor de vazão. A primeira reduz o fluxo de saída de água da torneira e a segunda, o fluxo de entrada. Para se ter uma ideia do potencial de economia, colocar um aerador na torneira da cozinha de 12 apartamentos economizaria, em um ano, água suficiente para encher uma piscina olímpica (2.500.000 litros).

Nos chuveiros, os redutores de vazão também podem trazer muita economia, principalmente em chuveiros que estão no padrão da indústria e tem vazão acima de 3,5 a 4,5 litros por minuto. Para medir o quanto seu chuveiro gasta, basta colocar um balde embaixo do chuveiro ligar por um minuto, desligar, colocar num recipiente graduado para medir e pronto! Eis a vazão do seu chuveiro.

Em relação às mangueiras, se for realmente necessário utilizá-las, como para regar o jardim, use um aspersor (sprinkler) na ponta, para acelerar a rega e economizar água. Para a limpeza de pisos e de outras áreas externas, usar uma lavadora de alta pressão é mais econômico e eficiente.

Economia de água na cozinha

Você pode limpar verduras, frutas e legumes com panos úmidos, escova  ou buchas antes de lavá-los na torneira. Molhar um pano com um desinfetante próprio para alimentos, como hipoclorito de sódio é efetivo e econômico.

Também dá para reduzir a quantidade de água desperdiçada na hora de lavar louças, confira essas dicas:

  1. Comece enchendo parcialmente um recipiente de boca larga, como uma bacia, com água. Se não tiver uma bacia, vale encher a pia, também pela metade;
  2. Ensaboe primeiro os copos;
  3. Ensaboe  os talheres;
  4. Agora os pratos;
  5. Por fim, as panelas;
  6. Despeje a água em um balde para reúso e limpe o recipiente;
  7. Coloque água limpa e enxague os utensílios, na mesma ordem. Essa água também poderá ser reutilizada.
  8. A máquina de lavar louças só deve ser usada se completamente cheia e embalagens recicláveis podem ser higienizadas com água de reuso. Veja a matéria “Guia da lavagem de louças: saiba como economizar água e sabão na hora de limpar seus pratos e talheres” para otimizar sua lavagem de louça de uma maneira mais sustentável.

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