As abelhas fornecem ao homem o mel, o própolis e a geleia real, mas existe uma outra atividade muito mais importante: a polinização. Elas são responsáveis por esse processo em lavouras de cereais, de algodão, de girassol, de canola, de milho, entre outras. No entanto, o uso de pesticidas está provocando efeitos letais e subletais nas abelhas, que prejudicam a atividade de coleta de néctar e, por consequência, de polinização.
O ser humano depende de um conjunto de atividades de vários insetos, microrganismos e outros animais. Aqueles que possuem algum valor biológico ou financeiro são explorados, já aqueles que não geram lucro ou que prejudiquem essa finalidade tendem ao extermínio. Pensando dessa maneira, foram desenvolvidos pesticidas para afastar as pragas das rentáveis colheitas. No entanto, de acordo com o relatório da Autoridade Europeia de Segurança dos Alimentos (EFSA) pode estar ocorrendo um efeito indesejável no uso desses produtos químicos. Três pesticidas neonicotinóides, dois produzidos pela Bayer e um produzido pela Syngenta estariam potencialmente afetando as colônias de abelhas selvagens e provocando uma deficiência na polinização de diversas culturas. Essa descoberta fez vários países europeus, dentre eles França, Itália e Alemanha, suspenderem e até proibirem a venda desses produtos.
O órgão europeu considera que os dados ainda não são conclusivos, mas que nafeovas pesquisas precisam ser feitas para avaliar o real impacto desses pesticidas nas abelhas. As empresas produtoras já se mobilizaram para rebater as acusações. Esses agrotóxicos estão no mercado há mais de 20 anos e foram desenvolvidos para substituir os que eram mais fortes e prejudiciais à saúde humana.
No Brasil também há essa preocupação
Pesquisa realizada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) com acompanhamento e supervisão da Diretoria de Qualidade Ambiental do Ibama, aponta alguns dos efeitos letais e subletais provocados nas abelhas. Esses insetos são conhecidos por terem uma sociedade extremamente organizada e funcional, mas se forem afetados pelos pesticidas podem desenvolver desvios de comportamento como a perda da capacidade de orientação, interferência na capacidade olfativa e gustativa, além de problemas para sua reprodução. Tudo isso interfere na harmonia das colônias e por consequência no processo de polinização.
No final do ano passado, o Ibama também realizou estudos sobre os efeitos do pesticida Imidacloprido, que também é um neonicotinóide, sobre as abelhas. Pesquisadores avaliaram os resquícios químicos deixados no solo, nas folhas, no néctar e no pólen para medir os efeitos desse produto nas colônias. Encontraram indícios de que os testes feitos em laboratórios, que apontam a substância como inofensiva, não correspondem ao reais impactos nas lavouras. Essa é uma medida prevista pela Lei dos Agrotóxicos para fiscalizar e avaliar a ação dos pesticidas nas plantações brasileiras.
O controle sobre esses produtos é relevante porque as abelhas são polinizadores importantes também em nossa lavouras. A saúde delas pode estar diretamente ligada a uma boa colheita e até mesmo ao crescimento econômico. Uma boa parcela do PIB nacional vem do campo e, nos últimos anos, o país esteve longe de atingir as expectativas.
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