A banana é uma das frutas mais consumidas no mundo, principalmente nos Estados Unidos, onde está no primeiro lugar no ranking de consumo desse tipo de alimento. Fonte de fibras, potássio e vitaminas A e C, a banana é cultivada praticamente em todas as regiões tropicais do planeta. Mas um dos maiores problemas relacionados ao cultivo é que a manutenção da qualidade das bananas, dependendo do tempo de viagem do local de cultivo até um mercado, é prejudicada, pois o longo trajeto faz com que elas possam apodrecer ou que haja a proliferação de fungos em seu interior.
Na Austrália, um cultivador de frutas descobriu que suas bananas estavam com um fungo chamado tropical race four, conhecido como doença do Panamá. Ele é prejudicial apenas para a fruta, e destrói milhares de plantações.
Só que para manter as bananas inteiras, os produtores da fruta aplicam muitos lotes de pesticidas em suas plantações. Esses químicos fatalmente prejudicam certas espécies de insetos e animais (veja mais sobre pesticidas aqui). Especialistas afirmam haver evidências de que os pesticidas estão afetando os crocodilos que vivem próximos às plantações dessa fruta, na Costa Rica.
Segundo o chefe de agricultura sustentável da organização sem fins lucrativos Rainforest Alliance, Chris Wille, as razões para essa forte dependência de pesticidas nas plantações de bananas são: as árvores de banana são suscetíveis a infestações e a maioria das plantações está localizada nos trópicos, onde existem muitos tipos de pragas.
Essa descoberta da influência dos pesticidas na vida dos crocodilos teve a participação do biólogo de vida selvagem Paul Grant da Universidade de Stellenbosch, na África do Sul, que foi até a Área de Conservação de Tortuguero para investigar onde os pesticidas estavam prejudicando a fauna local. Ele já tinha testemunhado a morte de diversos peixes causada pela alta concentração de pesticidas e, por isso, queria saber qual era o destino final desses químicos na natureza. Em particular, ele se interessou por um pequeno crocodilo de espécie spectacled caiman, que é ameaçado de extinção segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza.
Grant coletou amostras de sangue de 14 crocodilos adultos dessa espécie. Alguns deles viviam mais perto das plantações de banana, enquanto outros se localizavam em áreas mais remotas. Com seus colegas, o biólogo analisou amostras de sangue de 70 pesticidas diferentes. Eles chegaram à conclusão de que as amostras continham nove pesticidas, dos quais apenas dois estão atualmente em uso. E os sete restantes são poluentes orgânicos históricos, segundo Paul.
Estes pesticidas encontrados são como o DDT, dieldrin e endosulfan, que foram proibidos, alguns deles há quase uma década, mas persistem no ambiente e acumulam-se no corpo dos animais. Esses químicos também são encontrados em níveis significativos em todos os tipos de mamíferos aquáticos, incluindo baleias e focas, em diferentes partes do mundo.
Um dos colegas de Grant é Peter Ross, um cientista ambiental da Universidade de Victoria, em British Columbia, que destaca o péssimo estado de saúde desses crocodilos em relação aos que vivem em áreas mais remotas.
Ross e seus colegas publicaram suas descobertas na última edição da revista Environmental Toxicology and Chemistry. Para eles, a importância do trabalho realizado está em mostrar os problemas deixados pelo uso, no passado, de pesticidas altamente tóxicos. Agora, cabe à próxima geração acabar com esses e outros pesticidas semelhantes, principalmente porque a demanda por bananas vem crescendo em todo o mundo, e as fazendas estão se movendo na direção de métodos mais intensivos de cultivo.
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