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Segundo levantamento, infecções que não respondem a remédios já são responsáveis por pelos menos 700 mil óbitos anualmente

Uma pesquisa divulgada pela ONU na última segunda-feira (29) revelou que, até 2050, 10 milhões de pessoas no mundo poderão morrer a cada ano devido a doenças resistentes a medicamentos. Segundo o levantamento, infecções que não respondem a remédios já são responsáveis por pelos menos 700 mil óbitos anualmente. Dessas mortes, 230 mil são causadas por formas de tuberculose capazes de sobreviver a diferentes fármacos.

A análise das Nações Unidas lança luz sobre o fenômeno conhecido como resistência antimicrobiana, isto é, a resistência desenvolvida por agentes causadores de doenças a remédios e substâncias como os antibióticos, os antivirais e os antifúngicos. O relatório aponta que doenças comuns, como infecções respiratórias, urinárias e também infecções sexualmente transmissíveis, estão se tornando cada vez mais difíceis de serem tratadas.

O problema também tem impacto na produção de alimentos, onde o aparecimento de bactérias e microrganismos resistentes pode prejudicar a criação de animais e outros setores agrícolas. De acordo com a pesquisa, o aumento da resistência aos medicamentos poderá provocar danos à economia tão catastróficos quanto a crise financeira global de 2008 e 2009. Até 2030, a resistência antimicrobiana poderá levar 24 milhões de pessoas à pobreza extrema, devido a aumentos com os gastos de saúde e a prejuízos para os sistemas alimentares.

“Estamos em um ponto crítico na luta para proteger alguns dos nossos medicamentos mais essenciais”, afirmou Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Uma das principais causas por trás da resistência antimicrobiana é o uso inadequado e excessivo de remédios, para tratar doenças tanto de seres humanos, quanto de animais da pecuária e de espécies de plantas exploradas pela agricultura. Outros fenômenos que impulsionam o problema são a precariedade das estratégias de prevenção e controle e o descarte inadequado de resíduos oriundos de instalações de saúde, fazendas, indústrias e farmacêuticas.

A pesquisa da ONU afirma que o mundo já está sentindo as consequências dessa ameaça, conforme remédios cruciais se tornam ineficazes. Sem investimento de países ricos e pobres, as gerações futuras enfrentarão os impactos desastrosos de uma resistência antimicrobiana descontrolada. Segundo o documento, esse desafio de saúde pública é também um obstáculo ao cumprimento de muitos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, incluindo cobertura universal de saúde, alimentos seguros, sistemas agrícolas sustentáveis e água potável e saneamento.

O relatório reconhece que a resistência antimicrobiana é uma questão de saúde humana, animal, alimentar e ambiental — o que exige uma abordagem multissetorial. A publicação recomenda aos países:

  • Priorizar planos de ação nacionais para ampliar os esforços de financiamento e capacitação;
  • Implementar sistemas regulatórios mais fortes e apoiar programas de conscientização para o uso responsável e prudente de antimicrobianos por profissionais de saúde humana, animal e vegetal;
  • Investir em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para combater a resistência antimicrobiana;
  • Eliminar com urgência o uso de antimicrobianos significativamente importantes como promotores de crescimento na agricultura.

“A resistência antimicrobiana é uma das maiores ameaças que enfrentamos como comunidade global. Esse relatório reflete a profundidade e o escopo da resposta necessária para conter sua ascensão e proteger um século de progresso em saúde”, disse Amina Mohammed, secretária-geral adjunta da ONU.

“Não há tempo a perder e eu peço a todas as partes interessadas que ajam de acordo com as recomendações (do relatório) e trabalhem urgentemente para proteger nossa população e planeta, assegurando um futuro sustentável para todos.”

A análise foi produzida pelo Grupo de Coordenação Interagencial da ONU sobre Resistência Antimicrobiana, que reúne organismos como a OMS, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). O relatório recebeu contribuições de especialistas não apenas da área de saúde, mas também em sistemas alimentares, comércio, desenvolvimento e meio ambiente.

“Os países podem promover sistemas alimentares sustentáveis e práticas agrícolas que reduzam o risco da resistência antimicrobiana, trabalhando em conjunto para promover alternativas viáveis ao uso de antimicrobianos”, enfatizou o brasileiro e chefe da FAO, José Graziano da Silva.

Monique Eloit, diretora-geral da OIE, afirmou que “a resistência antimicrobiana deve ser enfrentada com urgência, por meio de uma abordagem de saúde única, envolvendo compromissos ousados de longo prazo de governos e outras partes interessadas, apoiados pelas organizações internacionais”.

“Este relatório demonstra o nível de compromisso e coordenação que será necessário ao enfrentarmos este desafio global à saúde pública, saúde e bem-estar animal e segurança alimentar. Todos nós devemos desempenhar o nosso papel para garantir o acesso futuro e a eficácia desses medicamentos essenciais.”

Acesse o relatório na íntegra.


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