Vacinação contra Covid-19 deve criar enorme problema de gestão de resíduos, dizem especialistas

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Somente nos EUA, serão necessárias 660 milhões de agulhas para inocular toda a população

Imagem de Jeyaratnam Caniceus em Pixabay

Uma consequência não intencional – e preocupante – dos procedimentos de segurança contra o novo coronavírus tem sido o aumento exponencial da geração de lixo, de máscaras faciais a luvas. A preocupação mais recente dos ambientalistas, no entanto, é o aumento no número de seringas e agulhas descartadas, provenientes das vacinas para a Covid-19. Segundo a empresa de eliminação de resíduos médicos OnSite Waste Technologies, cerca de 660 milhões de agulhas serão necessárias para inocular toda a população dos Estados Unidos. Tamanho lixo seria suficiente para dar quase duas voltas ao redor do planeta Terra.

De acordo com reportagem da revista internacional Fast Company, com o lançamento da vacina e a meta do presidente Joe Biden de entregar 100 milhões de doses nos primeiros cem dias de campanha, as empresas que gerenciam resíduos médicos estão cada vez mais apreensivas com o aumento repentino da produção de lixo.

Além disso, cada agulha, seringa, frasco e embalagem das vacinas contra a Covid-19 junta-se aos resíduos das cerca de 198 milhões de doses da vacina contra a gripe que o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA produziu para esta temporada, como lembra Jim Anderson, vice-presidente de gestão de produtos e inovação da empresa de eliminação de resíduos médicos Stericycle, em comunicado.

O que deve acontecer com os resíduos das vacinas contra Covid-19?

No processo normal de descarte de resíduos médicos, elementos perigosos ou infecciosos são colocados em recipientes próprios para objetos perfurocortantes, recolhidos em instalações de saúde e transportados para centros de processamento para serem higienizados com vapor de alta pressão em uma máquina de autoclave, antes de serem enviados para aterros sanitários comuns.

Junto das agulhas e seringas, os frascos de vidro das vacinas vão para recipientes próprios para materiais cortantes, pois não podem ser reciclados. Outros resíduos, como caixas e embalagens, podem ser enviados de volta ao fabricante. A Pfizer, por exemplo, exige a realização desse procedimento para ajudar a “cumprir seu compromisso com recursos reutilizáveis”.

Quando não são coletados por uma empresa de descarte imediatamente, os resíduos devem ser armazenados no local. Isso significa que o volume adicionado de todo esse lixo ainda pode representar um desafio para as pequenas unidades de saúde, que, ao contrário dos grandes hospitais, muitas vezes não dispõem do espaço necessário.

Para esses escritórios, a OnSite Waste Technologies afirma ter uma solução: a máquina TE-5000. Essa máquina pode aquecer as agulhas descartadas por 90 minutos a 380 graus, esterilizando e derretendo os itens para reduzir seu volume total. De um contêiner cheio, o lixo se transforma em uma pequena barra comprimida de plástico.

A empresa explica que sua tecnologia reduz a carga residual ainda nas instalações de saúde – e que o percentual restante se torna lixo municipal, podendo ser descartado como comum. Brad Barnes, CEO da OnSite, afirma que a máquina é capaz de reduzir o volume de resíduos em 80%, o que diminui a concentração de lixo nos aterros e envolve uma pegada de carbono menor, uma vez que serão necessárias menos viagens de caminhão para retirada dos resíduos.

A OnSite, start-up sediada em Newport Beach, Califórnia, garantiu 3,5 milhões de dólares em financiamento de capital de risco em outubro, elevando seu financiamento total para 8,5 milhões de dólares. A empresa acredita que seu novo método de descartar lixo hospitalar, especialmente durante a pandemia, pode fazer toda a diferença no resultado final. Para o futuro, a equipe espera ser capaz de reciclar a barra de plástico resultante do processamento de agulhas pela máquina.

No entanto, a pandemia ainda produzirá toneladas de resíduos provenientes do descarte de vacinas contra a Covid-19 que, infelizmente, não poderão passar pela TE-5000 e acabarão em aterros sanitários. O benefício da vacinação em massa supera, evidentemente, a preocupação com o lixo hospitalar. Mas a pandemia do novo coronavírus pode ser uma oportunidade única para que pensemos em métodos mais sustentáveis para a obtenção de nossas vacinas. As adesivas, por exemplo, produzem menos lixo e já estão em desenvolvimento atualmente.


Fontes: Fast Company e OnSite Waste Technologies


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