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Desde terça-feira (27) as autoridades de países europeus investigam ao menos quatro vazamentos nos gasodutos Nord Stream 1 e 2, que constituem a maior fonte de importação de gás da Europa e que não estavam em operação no momento da ruptura. Há suspeita de sabotagem, mas os países têm sido cautelosos para apontar causas e culpados. Neste momento, há uma intensa discussão na Europa sobre a insegurança geral de infraestruturas de gás e o impacto climático de um vazamento acidental ou intencional.

O vazamento ocorre em águas suecas e dinamarquesas. Segundo Christophe Duwig, professor de engenharia química do Instituto Real de Tecnologia da Suécia, os vazamentos poderiam ser equivalentes a cerca de 40% das emissões anuais suecas. Uma avaliação preliminar de autoridades dinamarquesas está em linha com a estimativa de aumento vertiginoso das emissões ao afirmar que o evento pode ser equivalente a um terço do que a Dinamarca emite todos os anos.

Um especialista do thinktank dinamarquês CONCITO aponta para o equivalente a 70% das emissões dinamarquesas. “O que este último ano nos mostrou foi o verdadeiro custo dos combustíveis fósseis”. Hoje ilustrado de forma espetacular com o vazamento de até 9 milhões de toneladas de emissões de carbono – ou quase 70% das emissões anuais da Dinamarca”, disse Torsten Hasforth, economista sênior do CONCITO. “Este é apenas mais um motivo para aumentar nossos esforços de energia renovável.”

As forças armadas dinamarquesas divulgaram na terça-feira imagens mostrando bolhas sobre a superfície do Mar Báltico acima dos gasodutos. As autoridades militares do país também disseram que os distúrbios superficiais chegam a bem mais de um quilômetro de diâmetro.

Vazamentos desta magnitude poderiam liberar cerca de 0,3mt de metano, de acordo com estimativas do CONCITO. Isto corresponde a entre 18 meses a 4 anos de emissões de CO2 de carros de passageiros dinamarqueses, ou as emissões de 2,5 a 6,5 milhões de caldeiras a gás fóssil em um ano.

“Trata-se de um gasoduto excepcionalmente grande, capaz de transportar 40% do consumo total de gás na UE. Parte do gás se oxidará em seu caminho até a superfície. Mas você pode ver nas fotos que a superfície está borbulhando em todos os lugares, o que significa que a maior parte do gás alcançará a atmosfera”, diz Lena Höglund Isaksson, especialista em emissões globais de metano da IIASA, em Viena.

“Embora ainda não estejamos certos da causa, o desastre Nord Stream nos lembra como é arriscada a infraestrutura de combustíveis fósseis”, disse Thomas Pellerin-Carlin, Diretor do Centro de Energia Jacques Delors, Pesquisador Sênior, Política Energética Europeia.

“Está ficando cada vez mais óbvio que devemos parar de investir em combustíveis fósseis e em sua infraestrutura”, disse David Kihlberg, chefe do departamento de clima da Sociedade Sueca para a Conservação da Natureza. “A energia renovável é tanto mais segura quanto mais sustentável”.

A suspeita de que o vazamento seja intencional mostra que o simples fato de abrigar gasodutos pode expôr a segurança de um país. “É a avaliação da autoridade que estamos lidando com ações deliberadas. Estes vazamentos não podem ser acidentes”, disse Mette Frederiksen, primeira-ministra dinamarquesa na terça-feira.

Falando somente do ponto de vista climático, Kihlberg disse que o incidente é um desastre.
“Há uma série de incertezas, mas se estes dutos colapsarem, o impacto para o clima será desastroso e pode até ser sem precedentes”, disse o químico atmosférico David McCabe, que é cientista sênior da Força Tarefa do Ar Limpo.


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