Equipe ganhadora da edição 2020 fundou empresa incubada na Incubadora da Unicamp e investe em tecnologia de Plasma Frio, contribuindo para a segurança alimentar e redução de perdas na indústria.
Por Agnes Sofia Guimarães em Desafio Unicamp | Uma proposta eficiente de conservação de produtos para a indústria alimentícia, com impactos sustentáveis para o mercado e para o meio ambiente, e que também ajuda no combate a um dos maiores problemas sociais do país: a insegurança alimentar. Essa é a ideia por trás do modelo de negócios, vencedor do Desafio Unicamp edição 2020, que levou à criação da Plasmotech, uma empresa-filha da Unicamp que está na etapa de validação do MVP (do inglês, Minimum Viable Product).
A startup é conduzida por Lhwan Silva, Victor Antunes e Reverson Quero, alunos e ex-alunos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Uma trajetória fomentada pelo programa Desafio Unicamp, que chega em 2023 à sua 13ª edição, com 3480 pessoas capacitadas em metodologias de modelagem de negócios.
Desde 2022, a empresa está incubada na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp), onde recebe apoio para a decolagem do negócio e conta com bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), além de já ter captado cerca de meio milhão de reais em recursos de subvenção econômica.
Plasmotech e a tecnologia de Plasma Frio
O Plasma artificial é uma tecnologia que passou a ganhar atenção da Ciência logo após a Segunda Guerra Mundial. Conhecida como o quarto estado da matéria, o plasma é um gás que se encontra completamente ou parcialmente ionizado onde coexistem moléculas reativas (moleculares, iônicas e radicalares) fótons, elétrons e radiações eletromagnéticas. No plasma frio, apesar do alto estado energético de seus constituintes, o gás resultante apresenta uma temperatura próxima a do ambiente e com potenciais aplicações na medicina, biotecnologia, ciências ambientais e de alimentos, por exemplo.
A inovação proposta pela então equipe Plasmáticos foi aplicar a tecnologia de Plasma Frio no setor alimentício, um olhar que só foi possível a partir das mentorias com especialistas que acompanharam os participantes, segundo Lhwan Silva, diretor de tecnologia da Plasmotech e que participou da equipe vencedora do Desafio Unicamp 2020. Ele também conta que a competição, organizada pela Agência de Inovação Inova Unicamp, foi decisiva para encontrar um modelo de negócios competitivo para a tecnologia desenvolvida na Unicamp.
“O Desafio foi fundamental para a estruturação da ideia, validação do modelo de negócios, e criação da proposta de valor. O contato com os mentores que eram empresários consolidados no mercado foi muito importante para criar essa visão mercadológica”, explica Silva.
Outra etapa importante, para ele, foi ouvir os comentários de pessoas que faziam parte do público-alvo do negócio proposto. “Foi um contato crucial para que a gente tivesse coragem de transformar a equipe em empresa, já que foi o momento em que tivemos a certeza de que oferecemos uma inovação, em um mercado que carece de tecnologias alternativas para conservação de seus produtos”, reflete.
A partir de uma tecnologia desenvolvida pela Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA-Unicamp) e o Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW-Unicamp), o Plasma-Frio, no setor alimentício, ajuda a diminuir a carga microbiana de alimentos embalados à vácuo, seja o microrganismo deteriorante ou patogênico, aumentando o tempo de prateleira, diminuindo perdas por (re)contaminação e reduzindo a utilização de conservantes. A conservação através do Plasma Frio mantém as características sensoriais e nutricionais dos alimentos quando aplicada de maneira correta.
Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) apontam que, no mundo todo, entre um quarto e um terço dos alimentos para consumo humano se perde ou é desperdiçado ainda na produção, antes de chegar às prateleiras do mercado. São cerca de 1.3 bilhões de toneladas de alimentos, que seriam o suficiente para alimentar dois bilhões de pessoas.
No Brasil, a FAO ainda calcula que o país desperdiça 22 bilhões de calorias, valor que seria suficiente para alimentar 11 milhões de pessoas, e permitiria reduzir a fome em níveis inferiores a 5%.
Incubação na Incubadora da Unicamp
Atualmente, a Plasmotech passa pelo programa de incubação na Incamp. A empresa, considerada uma spin-off da Unicamp, por ter em seu core uma tecnologia desenvolvida na Universidade, foi aprovada em dois processos do cenário de inovação, o Programa Catalisa ICT do Sebrae e o Programa Nacional de Apoio à Geração de Empreendimentos Inovadores (Centelha II).
O acesso à Incubadora da Unicamp é feito por edital e é aberto a todas startups e pessoas interessadas em empreender em projetos de base tecnológica, com produto, processo ou serviço inovador, sem necessidade de ter vínculo com a Unicamp. As equipes finalistas do Desafio Unicamp 2023, que está com inscrições abertas até 30 de março, recebem entre as diversas premiações, a isenção na inscrição para acesso à Incubadora da Unicamp.
Diretor de projetos da Plasmotech, Victor Antunes, ressalta que observa um destaque no lugar ocupado pela empresa no mercado graças à relação e proximidade com o Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, por meio da Incamp, nome que traz credibilidade e parcerias para a Plasmotech: “Estar incubado foi determinante, trouxe notoriedade para a empresa e seriedade para nossa solução”.
Antunes também pontua as contribuições da Incamp para que a empresa consolidasse seu modelo de negócios, por meio de capacitações e aproximações com possíveis clientes e colaboradores. Para ele, é importante fortalecer os laços com a comunidade acadêmica e científica da Unicamp e outras instituições, para auxiliar no desenvolvimento e validação da tecnologia, que é inovadora e emergente no cenário mundial.
“Na academia se vê um grande volume de conhecimento sendo gerado e pouco dali chega de fato na gôndola do mercado. Então temos essa consciência de que precisamos expandir, entregar serviços, produtos e expertise que permitam que mais pessoas tenham acesso a essas tecnologias”, comenta Antunes.
Empreenda com a Unicamp no Desafio Unicamp 2023
A Agência de Inovação Inova Unicamp está com inscrições gratuitas abertas para o Desafio Unicamp 2023. Estudantes de graduação, pós-graduação e todos os interessados em empreender e inovar com ciência e tecnologia podem participar da competição de modelagem de negócios da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A 13ª edição do Desafio Unicamp será realizada totalmente online e distribuirá até 63 mil reais em prêmios em dinheiro – para os vencedores nas categorias Geral e Impacto Socioambiental – e em serviços de aceleração para startups e bolsas de estudos em programas de desenvolvimento profissional para os vencedores e finalistas da competição.
As inscrições podem ser feitas pela internet até 30 de março no site do Desafio Unicamp 2023 ou até se esgotarem as vagas para a competição. Para participar, é preciso ser uma pessoa maior de 18 anos e se reunir em grupos de 3 a 5 pessoas. Não é preciso ter vínculo com a Unicamp. O edital do 13º Desafio Unicamp e a programação completa estão no site: inova.unicamp.br/desafio.
Os patrocinadores da 13º edição do Desafio Unicamp são: Fundação Educar, FM2S – Educação e Consultoria, ClarkeModet, Instituto Eldorado, Baita Aceleradora, Ativy e 3M.
Os apoiadores da 13º edição do Desafio Unicamp são: Campinas Tech, Fundação Fórum Campinas, Liga Empreendedora, Núcleo Campinas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal do ABC (UFABC), Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação de Campinas, DWIH São Paulo, Parque Científico e Tecnológico da Unicamp e Incamp.
Este texto foi originalmente publicado pela Desafio Unicamp de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.