8ª Mostra Ecofalante encerrou sua exibição de filmes com lista de 12 títulos premiados e juri formado por Lina Chamie, Tadeu Jungle e Heitor Augusto
O venezuelano Está Tudo Bem é o grande vencedor da Competição Latino-Americana da 8ª Mostra Ecofalante de Cinema. O documentário dirigido por Tuki Jencquel acompanha a jornada de uma dona de uma farmácia, um jovem cirurgião, um ativista social e dois pacientes com câncer que enfrentam a falta de medicamentos que está no centro da crise do sistema de saúde da Venezuela. A obra foi premiada com o troféu Ecofalante e R$ 15 mil na noite desta quarta-feira, 12 de junho, na cerimônia de encerramento realizada no Centro Cultural São Paulo.
Segundo o júri, formado pelos cineastas Lina Chamie e Tadeu Jungle e pelo crítico de cinema Heitor Augusto, o filme foi escolhido “pelo retrato substantivo do momento político da Venezuela, feito através de uma narrativa potente e instigante; por ressaltar o exercício da compaixão como revolução, chamando, assim, a atenção para a indiferença como forma de violência”. Já o longa Parque Oeste, dirigido por Fabiana Assis, recebeu Menção Honrosa “por acompanhar uma personagem que nos mostra a luta como resistência e, sobretudo, como construção de novos espaços, ressaltando o protagonismo das mulheres”.
O documentário GIG – A Uberização do Trabalho, de Carlos Juliano Barros, Caue Angeli e Maurício Monteiro Filho, ganhou o Prêmio do Público. O filme fala sobre a chamada “Gig Economy”, fenômeno também conhecido no Brasil por “uberização”, que vem despertando debates sobre a precarização e a intensificação do trabalho.
O Prêmio do Júri de Melhor Curta foi para o colombiano Palenque, de Sebastián Pinzón Silva, “pela comunhão entre a montagem e o trabalho de câmera, construindo uma fluidez rítmica, musical e poética, em um filme que se apresenta como um tributo às origens da diáspora negra nas Américas”. Guiada por temas que tocam vida e morte e um ritmo musical afro-latino constante, o filme é uma ode a uma pequena cidade que contribuiu imensamente para a cultura e a memória coletiva da Colômbia: San Basilio del Palenque, o primeiro povoado das Américas a se libertar do domínio europeu. O curta ganhou o troféu Ecofalante de Melhor Curta e R$ 5 mil de prêmio.
O curta Entremarés, dirigido por Anna Andrade, recebeu Menção Honrosa do júri “pela ênfase no feminino como elemento civilizatório que, literalmente, constrói pontes, permitindo que escutemos uma voz coletiva rumo a um futuro possível”.
Concurso Curta Ecofalante
O grande vencedor do Concurso Curta Ecofalante foi ATL: Acampamento Terra Livre, de Edgar Kanaykõ Xakriabá, da UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais. O filme se passa em abril de 2017, em Brasília, quando povos indígenas de todos as regiões do país e das mais diversas etnias reuniram milhares de lideranças no maior Acampamento Terra Livre da história exigindo seus direitos, que têm sido sistematicamente vilipendiados. Segundo o júri do Concurso Curta, composto pela produtora Nádia Mangolini, o professor e pesquisador Pedro Guimarães e o cineasta Thiago Mendonça, é um filme “cujo ponto de vista é ao mesmo tempo inexplorado e imersivo, levando o espectador a experimentar o transe vivido pelos personagens e pelo realizador; um tema de flagrante urgência cujo tratamento flerta com o cinema direto e reforça o audiovisual como arma de resistência das populações indígenas”. O filme ganhou o troféu Ecofalante e R$ 3 mil de prêmio.
A menção honrosa do júri foi para Mãe do Mangue, de Isabella Cruvinel Santiago e Jonas Torralba Batista, “um filme que alia a questão ambiental com o lugar da mulher no mundo do trabalho, através de personagens fortes e emocionantes, mostrados de maneira respeitosa”. Já a escolha do público foi Laklãnõ/Xokleng: Os Órfãos do Vale, de Andressa Santa Cruz e Clara Comandolli.
- Confira a lista completa de vencedores.