A vermicompostagem é o processo biológico de valorização da matéria orgânica que conta com o trabalho das minhocas, e pode ser considerada como um tipo de reciclagem do lixo orgânico. A vermicompostagem é um tipo de compostagem que utiliza minhocas além dos micro-organismos naturais para degradar a matéria orgânica. O processo ocorre mais rápido que a compostagem sem minhocas e produz como substrato o húmus de minhoca. Este é um adubo rico em nutrientes e ótimo para as plantas.
Nos dias de hoje, em que a sustentabilidade ganha força, muito se discute sobre a questão do volume de lixo que é gerado nas residências, pois mesmo separando os recicláveis, ainda temos bastante lixo orgânico. Entretanto, grande parte desse tipo de resíduo é composto por restos de comida que podem ir para uma composteira, plenamente possível de ser instalada em casas ou apartamento). Esse simples procedimento leva à diminuição da quantidade de lixo orgânico despejada em aterros e lixões, diminuindo as emissões de gás metano.
A compostagem caseira, em geral, pode se dar de três formas: seca, vermicompostagem ou automática. A automática faz uso de uma composteira mecânica, que utiliza micro-organismos patenteados capazes de se multiplicarem em altas temperaturas, alta salinidade e acidez, sendo uma forma mais simples, prática e sustentável de se fazer compostagem em casa; a seca trata apenas da decomposição dos alimentos por micro-organismos, e tem o mesmo princípio da vermicompostagem; porém, na seca, não são adicionadas minhocas para digerir a matéria orgânica.
A vermicompostagem faz uso das minhocas e pode ser realizada em casas e apartamentos com uso da composteira doméstica. Essa técnica requer pouco consumo de energia e um menor tempo para produção do composto com relação à compostagem seca, já que as minhocas fragmentam a matéria orgânica facilitando o trabalho dos micro-organismos. Com essa técnica, há a formação do vermicomposto, que é o produto obtido por meio da ação das minhocas em resíduos orgânicos. O vermicomposto é também conhecido como húmus de minhoca e é um ótimo adubo orgânico, muito rico em flora bacteriana. Basicamente, é a matéria orgânica “reciclada”.
Além de ser mais estável, principalmente quanto ao pH, à relação carbono/nitrogênio e às propriedades físicas, químicas e biológicas capazes de auxiliar no bom desempenho das culturas, o húmus devolve à terra cinco vezes mais nitrogênio, duas vezes mais cálcio, duas vezes e meia mais magnésio, sete vezes mais fósforo e 11 vezes mais potássio.
A importância das minhocas para a fertilização e recuperação dos solos é conhecida há tempos e o filósofo Aristóteles definia estes seres como “arados da terra”, graças à capacidade de escavar os terrenos mais duros. Esse verme tem o poder de ingerir terra e matéria orgânica equivalente ao seu próprio peso, além de digerir e expelir cerca de 60% do que comeu sob a forma de húmus.
Segundo estudos, o tipo de minhoca mais indicada para a vermicompostagem é a detritívora, pois se alimenta de matéria orgânica morta, suporta melhor as adversidades de temperatura e acidez, que ocorrem em um processo de decomposição, e se reproduz de acordo com a quantidade de alimento disponível, ou seja, melhor para a criação em cativeiro.
Dentro dessa tipologia, a espécie que é comumente utilizada é a Eisenia Andrei (espécie Epígea), também conhecida como vermelha da Califórnia ou minhoca dos resíduos orgânicos. Essas minhocas conseguem processar uma grande variedade de materiais em menos tempo, promovem a aceleração da maturação do composto, apresentam alta atividade, taxa de conversão do composto em húmus e elevada taxa de reprodução.
Quando o ambiente dentro da composteira (chamada também de minhocário) está desfavorável para esse animal, as minhocas podem fugir, por isso é necessário que os recipientes estejam sempre adequadamente fechados. Na maioria dos casos, essas condições ruins levam à perda de atividade reprodutora ou morte das minhocas. Para isso não ocorrer, fique atento a alguns parâmetros como:
Problema | Causa | Solução |
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Minhocas acumulam-se nas camadas superiores do minhocário ou cama muito húmida | Excesso de água | Renove a cama, coloque mais serragem e não adicione alimentos ricos em água |
Minhocas acumulam-se no fundo do minhocário ou cama muito seca (não sai água ao espremer o composto) | Falta de água | Borrife a cama com água |
Odores desagradáveis | Cama pouco arejada Comida em excesso | Interrompa a adição de comida, revolva bem a cama e não adicione alguns alimentos |
Minhocas começam a comer o húmus | Pouca comida ou cama precisa de ser mudada | Adicione comida e mude de cama |
Excesso de resíduos ou presença de moscas | Adição de comida em excesso | Interrompa a adição de comida e revolva o material |
Cheiro de mofo | Alimentos difíceis de compostar como carne, peixe, lacticínios e gorduras. | Não deposite esses alimentos na composteira |
Aparecimento de moscas | Decomposição lenta Ambiente ácido | Coloque alimentos variados e cortados aos pedaços. Não deposite frutas ácidas |
No caso da vermicompostagem caseira, a composteira doméstica ou minhocário é o local em que as minhocas irão atuar para “reciclar” os resíduos orgânicos. Basicamente, o dispositivo consiste em três ou mais caixas empilháveis de plástico, mas isso depende da demanda de pessoas na casa.
As duas primeiras caixas são digestoras. A primeira (de cima), onde se depositam os resíduos, necessita de tampa e tem furos no fundo; a última serve como coletora para armazenar o chorume orgânico produzido.
A composteira é um processo simples e higiênico de reciclar o lixo orgânico que produzimos em casa, entretanto, existem alguns cuidados que devem ser tomados para evitar maus odores, atração de animais e morte das minhocas.
Recomenda-se portanto, como que em um passo-a-passo, que os resíduos sejam depositados sucessivamente em fileiras (preferencialmente picados) e a seguir em camadas, preservando-se sempre no lado oposto uma camada de composto pronto, húmus livre de resíduos que servirá para o que se chama de “cama”. A “cama” é como um local de segurança, onde as minhocas se sentem confortáveis, devendo existir em ambas caixas digestoras. Elas migrarão por todas as caixas, subindo e descendo, sempre usando os furos.
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