Quando passa a se desgastar, roupa exibe na camada inferior citações de personalidades como Gandhi
A estilista norte-americana Sylvia Heisel é conhecida em grandes capitais da moda, como Nova York, por roupas que mudam de acordo com o uso. O último trabalho dela foi feito em parceria com Rebecca Cole Marshall, da Paper No. 9, e resultou no Ready-To-Wear-Away Dress, um vestido feito de papel que revela surpresas conforme é usado.
O segredo da peça é o próprio material Paper No. 9, que é feito a partir de papelão de caixa de transporte. O produto recebe uma mistura de óleos naturais e condicionadores, e depois é tratado termicamente e amassado até chegar a uma textura macia e suave, quase aveludado.
Quando pronto, o tecido feito de papel lembra o couro, mas, conforme é usado, o material começa a se desgastar e a revelar sua matéria-prima original. É neste momento que surgem as surpresas, quando a roupa exibe as impressões feitas no papelão.
O toque especial fica por conta de citações de escritores, filósofos e artistas, como Truman Capote, Agatha Christie e Mahatma Gandhi, “escondidas” no tecido. O material, que já serviu para bolsas e acessórios, agora é usado no vestido de Sylvia Heisel.
“Eu sou fascinada por roupas que mudam conforme você a usa”, disse Sylvia. “A maioria das roupas são feitas para durar para sempre, mas nossas vidas e corpos não ficam da mesma forma e a moda está em constante mutação”, destacou.
De acordo com o jornalista nova-iorquino Glenn Belverio, o trabalho explora três conceitos emergentes no design contemporâneo: o efêmero, o autêntico e o mundano. “O objetivo de Rebecca é elevar o mundano (papel pardo) e torná-lo precioso, enquanto explora a natureza efêmera ao criar objetos que se tornam cada vez mais bonitos e personalizados conforme o usuário descobre as camadas ocultas”.