Vício em chocolate: você é chocólatra?

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O vício em chocolate, como grande parte dos vícios alimentares, é um assunto controverso dentro da comunidade científica e na sociedade, principalmente quando comparado a outros tipos de dependência de substâncias. Não existe um diagnóstico oficial dentro do vício em chocolate, os “chocólatras”, como são conhecidos, ganharam o nome de um jeito informal, para manifestar sua afeição pelo doce. 

Entretanto, algumas pesquisas suportam a teoria de que alimentos viciantes, como o próprio chocolate, afetam as mesmas partes do cérebro e do sistema nervoso que são afetados pelo vícios de drogas. Desse modo, eles são capazes de incitar comportamentos semelhantes. 

O açúcar, por exemplo, um dos muitos ingredientes do chocolate, possui essas características. Muitas pesquisas já compararam seu efeito ao da cocaína, uma vez que o ingrediente estimula as mesmas partes do cérebro que drogas ilícitas. Portanto, é possível afirmar que o vício em chocolate não é exatamente no chocolate, e sim em seus ingredientes. 

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Propriedades viciantes 

O vício em chocolate não é derivado de seu ingrediente principal, o cacau, e sim de seus outros ingredientes que incorporam a receita do doce. Alimentos processados que contêm altos níveis de açúcar e gordura já foram cientificamente comprovados em serem mais viciantes que outros tipos de comida. 

Uma alta carga glicêmica também é responsável pelos efeitos “viciantes” de certos alimentos. Um estudo de 2015 indica que alimentos de alta carga glicêmica e que também contêm gordura são associados a comportamentos alimentares que imitam o vício.

Já o açúcar é capaz de alterar seus níveis de açúcar no sangue e hormônios, liberando opioides e dopamina no organismo, algo que também pode ser feito por drogas ilícitas. A dopamina é um neurotransmissor essencial do “circuito de recompensa” associado ao comportamento viciante. O excesso de dopamina no organismo causa a sensação de prazer, que faz com que o indivíduo fique inclinado a re-experimentar. 

Uma ferramenta criada pela Universidade de Yale que é capaz de “medir” alguns tipos de vícios alimentares estudou o efeito do vício em chocolate. A pesquisa feita com cerca de 500 participantes comprovou que o chocolate é um dos alimentos mais problemáticos para comportamentos alimentares viciantes. (1, 2)

Existe mesmo? 

Afinal, o vício em chocolate é real? Acredita-se que não. Mas, mesmo assim, é possível sentir que você tem um vício em chocolate.

O próprio Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) não reconhece o vício em chocolate como uma condição real, porém, existem dois tipos de transtornos que podem ser associados a essa característica: transtornos alimentares e transtornos relacionados a substâncias e vícios.

Desse modo, mesmo não sendo uma condição real, é possível sentir alguns sintomas relacionados ao vício, principalmente ao desenvolver uma das condições mencionadas. 

Sintomas 

Os sintomas relacionados ao “vício em chocolate” são caracterizados a sintomas similares ao da compulsão alimentar, como: 

  • Desejos incontroláveis e excessivos;
  • Incapacidade de resistir ou limitar a ingestão de chocolate;
  • Consumo contínuo do alimento apesar das consequências indesejadas;
  • Episódios de compulsão pelo menos uma vez por semana por três meses;
  • Comer sozinho por vergonha da quantidade de comida ingerida;
  • Sofrimento visível durante os episódios de compulsão;
  • Sentimentos de estresse ou ansiedade relacionados ao consumo de chocolate; 
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Como se livrar do vício em chocolate?

Quando o vício em chocolate vira um problema relacionado à compulsão alimentar é possível procurar ajuda. Como o resto dos transtornos alimentares, o tratamento da condição é feito com ajuda de profissionais da saúde, como nutricionistas e psicólogos. Esses tratamentos podem se limitar a conversas e exercícios comportamentais para a quebra do hábito e dos sentimentos que criam um estopim em episódios compulsivos, reeducação alimentar ou por remédios. 

Imagem de Tamas Pap no Unsplash

É mesmo um vício?

Antes de se preocupar, é necessário se perguntar: é mesmo um vício? Quando possíveis chocólatras não apresentam sinais de transtornos alimentares, na maioria das vezes esse “vício” pode ser apenas considerado um gosto pelo alimento. 

Afinal, o chocolate é saboroso e considerado uma comida afetiva (ou comfort food). Associado à celebração ou até mesmo recompensas em momentos de estresse, o doce pode ajudar e trazer conforto às pessoas. Gostar um pouquinho mais de chocolate do que outras pessoas não é um problema! Ele foi feito para ser apreciado e pode sim afetar positivamente o humor. 

Para os chocólatras de plantão, não é preciso se preocupar! Aproveitar um bolo de chocolate ou uns quadradinhos de sobremesa não caracteriza o vício e pode até ser benéfico — dependendo do chocolate! Para manter uma relação saudável com o doce, a única coisa necessária é manter o equilíbrio.

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Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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