Projeto piloto defende incinerar lixo plástico produzido no Vietnã não aumenta emissões se ele for usado como combustível complementar
Estima-se que a maior parte do plástico já produzido ainda existe e, possivelmente, pode estar no organismo de pessoas e animais. Uma pesquisa mostrou que até mesmo os fetos já estão contaminados por nanoplástico (partículas de plástico menores que o microplástico). Um relatório divulgado pela fundação Ellen McArthur em 2016 estimou que, até 2050, o oceano terá mais peso em plástico do que peixes.
Uma vez no ambiente, o plástico se prende a substâncias tóxicas que desregulam os hormônios de diferentes organismos, incluindo o ser humano. Para piorar, a maior parte desse resíduo não é reciclável. Nesse cenário, é importante que a humanidade caminhe no sentido de reduzir a redução da produção de plástico, mas não é isso que tem acontecido.
Um projeto piloto realizado recentemente no Vietnã concluiu que a incineração local de resíduos plásticos não recicláveis como combustível em fornos de cimento é uma alternativa ambientalmente viável. Os testes desse processo demonstraram que não apenas as emissões de toxinas ambientais (chamadas dioxinas) não aumentam se os resíduos plásticos forem usados como combustível complementar, mas também atendem aos valores-limite internacionais para emissões de poluentes.
Segundo o pesquisador que lidera a pesquisa do Sintef, Kåre Helge Karstensen, ao jornal Tech Xplore, uma abordagem como essa economizará grandes volumes de carvão e reduzirá os volumes de plásticos e microplásticos nos mares do Leste e do Sul da China.
No mundo, o Vietnã é um dos principais poluidores dos oceanos. A maior fabricante de papel do Vietnã gera cerca de 150 toneladas de resíduos todos os dias, a maioria plásticos. Esses resíduos são considerados não recicláveis e atualmente são encaminhados para aterros sanitários, onde se fragmentam e contaminam águas subterrâneas e rios, atuando como uma fonte contínua de microplásticos para os oceanos.
Por outro lado, como mostra o projeto piloto do pesquisador Karstensen, esse lixo poderia ser reutilizado como combustível substituindo o uso de carvão em indústrias. As emissões de gases desse processo foram analisadas em um laboratório credenciado e se mostraram em conformidade com os valores-limite vietnamitas existentes, não apresentando efeitos negativos como resultado do coprocessamento dos resíduos plásticos.
Resíduos plásticos coprocessados no estudo reduziram a emissão de 400 toneladas de CO 2 em comparação com o uso de carvão. Esses resultados indicam que é possível incinerar lixo plástico em fábricas de cimento em Hon Chong. A ideia é que sejam recicladas 17 mil toneladas de resíduos de reciclagem de papel e 50 mil toneladas de resíduos de calçados anualmente.
Eliminar gradualmente o carvão da matriz energética do país ainda vai ao encontro dos compromissos assumidos pelo Vietnã na COP26, ressalta o conselheiro Jan W. Grythe na Embaixada da Noruega no Vietnã, ao jornal Tech Xplore.