Entenda mais sobre a zebra e porque esse animal não foi domesticado
A zebra é um mamífero da família dos cavalos (Equidae), nativa da África e caracterizada por suas listras pretas e brancas. Existem três espécies distintas de zebras: zebra-das-planícies (Equus quagga), zebra-das-montanhas (Equus zebra) e a zebra-de-grevy (Equus grevyi), e todas são encontradas na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza.
A zebra-das-planícies é a espécie mais comum e possui seis subespécies, mais uma sétima que está extinta. No entanto, um estudo do DNA desses animais, publicado em 2018, argumenta contra a separação dessas subespécies.
Assim como os cavalos, a zebra possui cascos designados para a migração rápida e de longa distância do animal. Um animal social, ele viaja em manadas cujas características podem variar de acordo com cada espécie.
Características da zebra
De todas as espécies de zebra, a zebra-de-grevy é a maior, podendo pesar 350 a 450 quilogramas e alcançar até 1,5 metros de altura. A zebra-das-montanhas varia entre 116 a 150 centímetros de altura, pesando de 240 a 372 quilogramas. Já a zebra-da-planície alcança de 1,1 a 1,5 metros de altura e pesa até 350 quilogramas.
Embora sejam animais de pele escura, são cobertos de listras brancas e pretas (que também podem variar entre tons de marrom). Embora não se saiba exatamente porque esses animais possuem listras, especialistas contam com algumas teorias, que variam entre camuflagem e controle de pestes.
No caso da camuflagem, acredita-se que as listras de uma zebra podem dificultar que predadores identifiquem um único animal em uma manada, além de distorcer a visão de possíveis ameaças.
Por outro lado, uma pesquisa publicada no Proceedings of the Royal Society B indicou que as listras da zebra podem protegê-la de outras menores ameaças, como a mutuca de cavalo. De acordo com o estudo, as listras fazem com que as zebras se tornem menos “atrativas” às mutucas.
Similarmente, uma outra pesquisa exemplificou esse efeito das listras, observando que, em comparação com cavalos, as zebras são menos picadas por mutucas.
Adicionalmente, outras teorias dissertam que as listras podem ajudar na regulação da temperatura corporal dos animais, além de agir como um protetor solar natural.
Além do padrão de listras, a zebra também é caracterizada por seus cascos, cabeça grande e longa, crina e cauda.
Como as listras da zebra são formadas?
As listras das zebras derivam de células chamadas melanócitos, que determinam a pigmentação do pelo do animal. A partir disso, essas células são responsáveis pela liberação de melanina em algumas partes do pelo da zebra.
Por se restringir apenas a algumas áreas, as listras são formadas por pelos com e sem melanina.
Habitat
As três espécies de zebra residem em áreas da África Austral e Oriental, onde habitam pastagens sem árvores e florestas de savana. Entretanto, cada uma é recorrente em regiões específicas, com a zebra-das-montanhas habitando a África do Sul, Namíbia e Angola, a zebra-de-grevy habitando a Etiópia e o norte de Quênia e a zebra-das-planícies em partes da África oriental e meridional.
As zebras-das-planícies e as zebras-das-montanhas ambas vivem em manadas lideradas por um garanhão (macho da espécie). Cada grupo pode ter diversas fêmeas, com distintas posições na hierarquia da manada, e suas crias.
Na maioria das vezes, essas manadas permanecem em família, mas também podem se separar.
Por outro lado, as zebras-de-grevy são menos sociais e não viajam em manadas. Essa espécie de zebra é caracterizada por garanhões que habitam e marcam uma região específica para acasalar e morar. Uma vez que as crias das zebras têm idade para viajar, elas e suas mães seguem em frente.
Alimentação e predadores da zebra
As zebras são animais herbívoros, com uma alimentação que consiste basicamente de grama. Acredita-se que esses animais podem viajar mais de 2 mil quilômetros atrás de comida.
Os predadores das zebras incluem leões, leopardos, onças e hienas. Em sinal de perigo, o garanhão da manada alerta o resto do grupo, que corre em zigue zague para evitar um ataque. Se precisar lutar contra um possível predador, a zebra possui mecanismos de defesa que incluem mordidas e coices. No entanto, o maior mecanismo de defesa do animal é a sua velocidade, que permite que ele corra por longas distâncias.
Muitas vezes, por serem animais sociais, as zebras defendem outras de sua manada em casos de ataque. A defesa é feita através de movimentos circulares ao redor da vítima do ataque, que faz com que os predadores se distanciem.
É possível domar uma zebra?
Por serem equídeos, assim como os cavalos, a humanidade tentou domar e domesticar as zebras ao longo da história. Essas tentativas fracassadas são datadas na época dos colonizadores europeus, que até conseguiram domesticar algumas zebras durante os séculos 18 e 19. Contudo, esses animais se mostraram muito resistentes às tentativas.
Especialistas acreditam que isso se dá devido a uma das principais diferenças entre zebras e cavalos — as áreas que habitam. Em savanas abertas, as zebras são mais suscetíveis a ataques de predadores. Portanto, devido à seleção natural, a zebra se adaptou ao seu habitat e virou um animal mais reativo, que é mais propenso a se defender contra qualquer sinal de perigo.
Essas descobertas, no entanto, não pararam as tentativas de domesticação. Em 2013, por exemplo, uma adolescente de Virgínia, nos Estados Unidos, treinou uma zebra para conseguir montá-la, e, embora tenha conseguido, isso não foi um trabalho fácil.
“Alguns dias é como se ele estivesse cavalgando por 30 anos e outros dias ele age como se nunca tivesse visto um ser humano”, disse a menina.
Conservação da zebra
Todas as três espécies de zebra estão ameaçadas de extinção. A zebra-de-grevy é a com mais risco entre as três, com apenas 2 mil animais restantes. Porém, a conservação das zebras-das-montanhas e das zebras-das-planícies também causam preocupação. Enquanto a zebra-das-montanhas está classificada como vulnerável, com uma população de aproximadamente 35 mil, as zebras-das-planícies estão quase ameaçadas, com uma população em declínio de 150 a 250 mil.
O declínio populacional das zebras é consequência de ações humanas, como a caça e a expansão de territórios que comprometem os habitats desses animais.
Além disso, questões como as mudanças climáticas também podem ser responsáveis pelo fenômeno. As secas e outras condições meteorológicas extremas ameaçam a conservação das espécies e também causam competição entre os animais que buscam por comida.