Zoológicos: pontos positivos, negativos e a ética

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Os zoológicos são definidos como “estabelecimentos que mantêm uma coleção de animais silvestres, normalmente em parques ou jardins, para estudo, conservação ou exibição ao público”. O modelo moderno desses locais foi estabelecido no século 18 durante a Era do Iluminismo — quando a promoção da ciência, razão e lógica resultou em estudos da área de zoologia. 

Inicialmente, essas áreas foram usadas para o estudo animal, recriando ambientes similares aos habitats naturais das espécies. Entretanto, com o tempo, o conceito foi desprendendo-se da exploração científica e tornou-se, principalmente, um objeto de entretenimento público. 

Através dessa mudança, o debate sobre os zoológicos tornou-se complexo, levantando inúmeras questões sobre a possível falta de ética desses estabelecimentos. Enquanto muitas pessoas defendem que os parques impulsionam a conservação de espécies ameaçadas, outros questionam a moralidade por trás dos locais. 

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A breve história dos zoológicos 

Acredita-se que os primeiros esforços para a criação de animais selvagens para usos não utilitários começou por volta de 2.500 a.C., quando os governantes da Mesopotâmia, no Egito, mantinham coleções em cercados fechados. Mas, foi só no século 18, como já mencionado, que os zoológicos começaram a manter uma estrutura similar à dos estabelecimentos recentes. 

Porém, mesmo tendo derivado do interesse humano na ciência, os primeiros zoológicos mantinham os animais em condições precárias. Os pequenos recintos, jaulas e a falta de cuidados necessários dificultou a criação de diversas espécies. 

Embora alguns desses ambientes permaneçam em condições menos favoráveis aos animais, a adaptação dos parques zoológicos possibilitou que eles fossem vistos como uma ótima ferramenta de estudo, além de impulsionar a conexão entre seres humanos e outras espécies. 

Atualmente, alguns zoológicos modernos possuem o objetivo de educar e entreter o público enquanto promovem a pesquisa científica e a conservação de espécies. Porém, muitos ambientalistas e protestantes dos direitos dos animais se opõem à criação de animais em cativeiro. 

Tipos de zoológico

Existem diferentes tipos de zoológicos, cada um com características distintas que podem, ou não, contribuir para o bem-estar animal. Confira alguns deles: 

  • Parques de safári: áreas onde turistas podem dirigir seus próprios carros para ver a vida selvagem não-nativa que vive em áreas grandes e fechadas. 
  • Zoológicos urbanos e suburbanos: localizados em grandes cidades em que, tipicamente, os animais são mantidos em espaços pequenos.
  • Reservas: as reservas são grandes extensões de terra cujos ecossistemas e espécies nativas são protegidos. Nelas, os animais vivem em liberdade e a proteção possibilita que vivam e reproduzam naturalmente. 
  • Fazendas: algumas fazendas públicas agem como um tipo de zoológico para animais domésticos, como cavalos, vacas, ovelhas e cabras. Esses estabelecimentos funcionam através da interação do público com os animais. São comumente visitados e mantidos a partir da educação infantil. 

Importância e pontos positivos dessas instalações 

Além de possibilitar a interação entre seres humanos e outros animais, um zoológico pode oferecer benefícios a algumas espécies. De fato, muitas instalações possuem programas de reabilitação e conservação de animais em risco de extinção, que são transferidos para ambientes seguros e monitorados, protegendo-os contra caçadores furtivos, perda de habitat, fome e predadores.

Similarmente, muitos zoológicos possuem programas de reprodução de espécies ameaçadas de extinção. Esses sistemas contribuem para a recuperação de populações de animais. 

Além disso, alguns projetos de conservação arrecadam fundos para a preservação de espécies selvagens ameaçadas. 

Nos Estados Unidos, a Associação de Zoológicos e Aquários é responsável pelo credenciamento de zoológicos seguros e respeitáveis, que cumprem padrões elevados para o tratamento dos seus animais residentes. De acordo com a instituição, seu credenciamento garante que a organização passou por uma avaliação rigorosa por especialistas reconhecidos para garantir os mais altos padrões de “manejo e cuidado animal, incluindo ambientes de vida, agrupamentos sociais, saúde e nutrição”. 

Foto de Omar Ram na Unsplash

Desvantagens e pontos negativos 

Instituições que defendem os direitos animais, como a PETA, categorizam os zoológicos como “prisões antinaturais”, em que o confinamento de espécies contribui para o comportamento anormal e autodestrutivo dos animais, conhecido como “zoochosis”. A zoochosis é definida como uma forma de psicose que se desenvolve em animais mantidos em cativeiro em zoológicos.

Além disso, muitos especialistas acreditam que a remoção de espécies da natureza e a sua introdução em cativeiro pode afetar a diversidade genética dos animais. De acordo com uma pesquisa, por exemplo, “a remoção de espécimes individuais da natureza coloca ainda mais em perigo a população selvagem porque os indivíduos restantes serão menos diversificados geneticamente e poderão ter maior dificuldade em encontrar parceiros”. 

O confinamento, em geral, é um aspecto antinatural de espécies selvagens e acaba comprometendo a saúde e bem-estar dos animais. Essa questão ética e moral contribui para muitos discursos contra esses estabelecimentos. 

Adicionalmente, diversas instituições são comumente denunciadas por maus tratos aos animais. Segundo um estudo realizado pela Universidade de Bristol, mais de três quartos dos zoológicos operantes no Reino Unido não cumprem pelo menos um requisito básico relativo à saúde, habitação ou tratamento das espécies. 

Por fim, a PETA e outras organizações incentivam a participação pública na conservação de espécies animais através de instituições credenciadas, que trabalham com animais na natureza. 

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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