Zoonoses são doenças infecciosas transmitidas de animais para seres humanos e vice-versa. A palavra vem do grego zoon, que significa animal, e nosos, doença. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define as zoonoses como “doenças ou infecções naturalmente transmissíveis entre animais vertebrados e seres humanos”.
Mais de 200 doenças transmissíveis enquadram-se na definição de zoonose proposta pela Organização Mundial de Saúde. Duas classificações foram criadas para facilitar o estudo deste grupo de doenças, de acordo com seus modos de transmissão ou ciclos de vida dos patógenos.
Antropozoonose causada por meio do contato de seres humanos com a saliva de animais contaminados pelo vírus causador da raiva, chamado cientificamente de Lyssavirus. A transmissão ocorre principalmente por causa de mordidas de animais, mas também pode acontecer em caso de arranhões e lambidas. Os principais sintomas em humanos são febre, dor de cabeça, salivação excessiva e espasmos musculares.
Zooantroponose causada pelos agentes infecciosos Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis, bacilos da família Mycobacteriaceae. A primeira espécie tem como único hospedeiro os seres humanos, enquanto a segunda acomete tanto animais bovinos quanto seres humanos. A transmissão pode acontecer por meio do contato com secreções contendo os bacilos da tuberculose ou através do consumo de alimentos contaminados.
Os principais sintomas nos seres humanos são dores locais, tosse, febre e fadiga. Nos bovinos, a doença causa lesões em diversos órgãos e tecidos, como pulmões, fígado, baço e até nas carcaças.
Anfixenose causada por bactérias do gênero Estafilococos. A transmissão pode ocorrer de forma direta, por meio do contato com um indivíduo ou objetos contaminados pela bactéria, ou de forma indireta, pela ingestão de alimentos que contenham o patógeno. Os principais sintomas são mal-estar, febre e dor de cabeça.
Além de antropozoonose, a raiva também é classificada como zoonose direta.
Ciclozoonose causada pelas larvas de duas espécies de tênia, Taenia solium e Taenia saginata. A transmissão ocorre principalmente por meio do consumo de água e alimentos contaminados. Os principais sintomas são dores no abdômen, náusea, vômito e dor de cabeça.
Metazoonose causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. A transmissão ocorre por meio do contato com as fezes do agente transmissor, o percevejo conhecido como “Barbeiro”, que causam coceira e irritação quando depositadas sobre a pele humana, facilitando a entrada do protozoário no organismo. O contágio também pode acontecer pela ingestão de água ou alimentos contaminados e de forma vertical, de mãe para filho, ou por transfusão de sangue. Os principais sintomas são febre, inchaço dos gânglios, palpitações no coração e dores no abdômen e nos músculos. Se não for tratada, pode causar aumento no tamanho do fígado, do baço e do coração, entre outras complicações.
Saprazoonose causada pelo protozoário Toxoplasma Gondii, encontrado nas fezes de gatos e outros felinos, que pode se hospedar em humanos e outros animais. A infecção pode se dar pela ingestão de carnes cruas ou mal passadas de animais contaminados, como vacas e porcos, ou pelo consumo de água, frutas e verduras que contenham ovos do protozoário.
Utensílios contaminados também podem carregar os ovos para outros alimentos, um fenômeno que recebe o nome de contaminação cruzada. Saiba como evitar a contaminação cruzada na matéria:
A toxoplasmose pode ser transmitida congenitamente, ou seja, da mãe para o feto, mas não se transmite de uma pessoa para outra. Seus principais sintomas são febre ou fadiga, dores nos músculos e inchaço dos gânglios.
Infecção causada pelas larvas de parasitas que vivem no intestino de cães e gatos. Há duas espécies principais de bicho geográfico, o Ancylostoma braziliense e o Ancylostoma caninum, cujos ovos são liberados nas fezes desses animais. Esses ovos eclodem no solo e liberam larvas, que podem facilmente entrar na pele de pessoas que têm contato direto com as fezes desses animais. Os principais sintomas são irritação e coceira.
A infecção por Salmonella, gênero de bactérias patogênicas, é chamada de salmonelose. O contato com animais e pessoas infectadas, alimentos e objetos contaminados pela bactéria são as formas de transmissão mais comuns. Os principais sintomas são perda de apetite, diarreia, cãibras no abdômen, calafrios e febre.
Infecção causada por uma bactéria do gênero Leptospira e transmitida por animais de diferentes espécies – roedores, suínos, caninos, bovinos. O contágio se dá pelo contato direto com a urina de animais infectados ou pela exposição à água contaminada, que penetra no organismo por meio das mucosas e da pele íntegra ou com pequenos ferimentos, e se dissemina na corrente sanguínea. Os principais sintomas são febre alta, dores musculares, alterações urinárias e hepáticas.
Doença infecciosa causada por um vírus, chamado cientificamente de Flavivírus. Sua transmissão ocorre por meio da picada de mosquitos transmissores, que atuam como hospedeiros intermediários. A febre amarela têm importância epidemiológica por sua gravidade clínica e potencial de disseminação em áreas urbanas infestadas pelo mosquito Aedes aegypti, transmissor de outras doenças como dengue, zika e chikungunya. Os principais sintomas são febre, calafrios, dor de cabeça, dores no corpo e fadiga.
Doença infecciosa causada por bactérias do gênero Chlamydia. Os psitacídeos (papagaios, araras e periquitos) são os principais hospedeiros dessas bactérias, mas espécies como como pombos, gansos e perus também podem ser contaminados. A psitacose é transmitida por meio da aspiração de poeira contaminada pelos dejetos de animais doentes ou portadores. Os principais sintomas são febre, tosse e calafrios.
As zoonoses são causadas por patógenos como bactérias, fungos, vírus, protozoários e parasitas, como visto nos exemplos citados acima. Animais vertebrados e invertebrados podem servir como hospedeiros definitivos ou intermediários para esses agentes, dependendo de seu ciclo de manutenção.
A transmissão de zoonoses pode ocorrer de forma direta, por meio do contato com secreções (saliva, urina, fezes ou sangue) ou por arranhões e mordidas de animais contaminados. De forma indireta, se dá por meio de vetores, como mosquitos, e pelo consumo de água ou alimentos contaminados com os agentes patológicos.
Educação em saúde, manejo ambiental e vacinação de animais são as principais formas de prevenção contra zoonoses, segundo o Manual de vigilância, controle e prevenção de zoonoses, do Ministério da Saúde. O aspecto educacional consiste no desenvolvimento de atividades direcionadas à saúde que abrangem toda a sociedade. É necessário, porém, priorizar as localidades mais vulneráveis, atuando em escolas e outros locais em que se possa atingir o público-alvo. O manejo ambiental, por sua vez, baseia-se em ações realizadas por órgãos voltados ao Meio Ambiente para controlar ou eliminar possíveis vetores de transmissão de doenças.
Por fim, é de extrema importância realizar a vacinação antirrábica de cães e gatos, de acordo com o preconizado para cada região no Programa Nacional de Vigilância e Controle da Raiva do Ministério da Saúde.
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