Estudos apontam grau de influência das alterações climáticas sobre a obesidade

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Efeitos são mais severos em famílias de baixa renda

Problemas climáticos e obesidade. Duas questões enfrentadas pelo homem e que até o momento pareciam não ter muita relação entre si. Mas cada vez mais estudos demonstram que ambas podem estar diretamente ligadas. Essa discussão surgiu a partir de uma especulativa troca de cartas presente em uma edição de 2012 do American Journal of Public Health que liga o preço dos alimentos à obesidade e à insegurança alimentar.

O termo insegurança alimentar foi criado pelo United States Department of Agriculture para identificar pessoas que tem acesso a uma quantidade incerta ou pequena de comida.

Com base nesse conceito, foi realizada uma pesquisa por uma equipe da Universidade de Washington, observando hábitos alimentares e a renda das pessoas. Os resultados mostraram que era o preço, e não a proximidade da loja o principal fator na escolha de onde a compra seria feita. Somado a isso, as pessoas que compraram em lojas mais baratas tinham hábitos alimentares menos saudáveis e eram mais obesas.

Outra pesquisa similar foi realizada por epidemiologistas da Universidade de Minnesota para estudar a insegurança alimentar e o impacto causado por ela na escolha dos alimentos. Ao estudar a dieta de americanos nativos em uma comunidade no estado de Dakota do Sul, perceberam que quanto maior a insegurança alimentar, pior as mães alimentavam seus filhos.

A relação desses quadros e o clima é explicada por Adam Drewnowski, epidemiologista que liderou o trabalho da universidade de Washington: “O preço dos alimentos realmente é um mecanismo que liga a obesidade à pobreza. Com a diminuição da renda, grãos, doces e gorduras se toram a melhor maneira de conseguir as calorias diárias por um preço aceitável” afirma.

“O aumento do preço dos alimentos causado pelas mudanças climáticas levará ao crescimento dos números da obesidade nos Estados Unidos. Os picos atingidos pelos preços da comida observados em 2008 e em 2010 foram maiores para as comidas mais saudáveis, principalmente para os vegetais e as frutas. A seca afetou as colheitas e levará ao aumento dos preços em 2013, principalmente de leite, ovos e carne”, complementa.

Clima

Ainda nos EUA, grãos, principalmente milho, arroz, soja, e o trigo estão sendo fortemente afetados pelas mudanças climáticas. Curiosamente, os principais campos de trigo norte-americanos se encontram sobre reservas de gás de folhelho (shale gas) que utilizam o fraturamento hidráulico (fracking) como técnica de extração (veja mais aqui).

Esse já não é um problema exclusivo dos Estados Unidos. A dieta mediterrânea, baseada no consumo de vegetais, grãos, frutas, peixes, azeite e vinho tinto está em extinção nos países desenvolvidos da Europa. De acordo com um artigo publicado pelo British Medical Journal, os motivos são os mesmos: aumento do preço dos alimentos e a diminuição da renda da população.

Ainda que grande parte das relações entre obesidade e as questões climáticas sejam especulações, essa discussão levanta questões importantes sobre a obesidade e maneiras de combate-la. E você? Como anda sua alimentação?

Imagem: Obesidade Infatil

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