O que é e como lidar com a alergia emocional

Compartilhar

A alergia emocional é uma reação do organismo que ocorre quando as células de defesa respondem a situações de estresse e ansiedade.

É possível que este tipo de alergia, que normalmente se manifesta através de manchas, coceira e vermelhidão na pele, possa estar relacionada à produção de catecolaminas e à liberação de cortisol – conhecido como hormônio do estresse – no corpo, causando uma reação inflamatória.

O tratamento pode ser feito com medicamentos tópicos, aplicados diretamente na região afetada, anti-histamínicos e, paralelamente, acompanhamento psicológico. Tratamentos alternativos, como yoga e meditação, podem ajudar. Identificando as causas do problema, será mais fácil tratar os sintomas e, possivelmente, eliminá-los da sua vida.

No entanto, diversas pesquisas científicas relacionam outros tipos de alergia (como respiratória e alimentar) a fatores emocionais. Não se sabe se esta é uma reação de causa e efeito, mas existem evidências de que pessoas que apresentam alergia têm mais risco de desenvolver problemas de saúde mental – e vice-versa. 

Alergia emocional ou alergia alimentar?

Os sintomas emocionais de ter uma alergia alimentar são resultado dos sintomas físicos – ou as alergias alimentares causam diretamente os sintomas emocionais?

Muitos estudos têm sido conduzidos com foco na ligação entre alergias e saúde mental. 

No entanto, eles mostram uma conexão, mas não uma causa. Um estudo, por exemplo, mostrou que quem sofre de alergia tem 50% mais chances de sofrer de depressão. 

Outro estudo, conduzido em 2002, descobriu que as reações alérgicas à planta ambrosia causavam fadiga significativa e mudanças de humor.

De forma alguma esses estudos significam que todas as pessoas com alergia podem apresentar problemas de saúde mental ou que todas as pessoas com depressão têm alergias.

Contudo, é possível fazer uma conexão entre as reações alérgicas e o aumento do risco de desenvolver um problema de saúde mental, a partir das evidências científicas.

Em 2008, um estudo mostrou uma conexão entre os níveis de depressão e os sintomas de alergia ao examinar as alergias ao pólen de árvores.

Alergias respiratórias, cutâneas e alimentares, bem como sensibilidades alimentares, foram associadas a vários problemas emocionais, comportamentais e de desenvolvimento em crianças em pesquisas, tais como:

  • Depressão
  • Transtorno bipolar
  • TDAH
  • Autismo
  • Hiperatividade
  • Transtornos de conduta

No entanto, nenhum dos estudos foi capaz de identificar uma causa para essa relação.

O que é uma reação alérgica? 

Uma reação alérgica é uma forma de inflamação. Quando o corpo experimenta isso, duas coisas acontecem. Em primeiro lugar, o sistema imunológico responde liberando citocinas, moléculas de proteínas usadas na comunicação entre as células.

Essas moléculas enviam sinais ao cérebro, induzindo a sensações de mal-estar que muitas vezes vêm com a gripe. Acredita-se também que a citocina afete negativamente o cérebro e a saúde mental, causando tristeza e depressão.

Em segundo lugar, as reações alérgicas desencadeiam a liberação de cortisol, um hormônio do estresse que interfere com a serotonina, um dos “hormônios da felicidade”. Quando há um desequilíbrio com a serotonina, é possível que a depressão e a ansiedade sejam induzidas.

Relação entre a asma e a alergia emocional

De acordo com a Academia Americana de Alergia, Asma e Imunologia, a asma alérgica é a forma mais comum de asma.

A asma é uma doença que pode causar inchaço e estreitamento das vias respiratórias que conduzem aos pulmões. Isso, por sua vez, torna a respiração difícil.

Um alérgeno é uma substância que, para pessoas com asma alérgica, desencadeará uma série de reações no sistema imunológico, fazendo, em última instância, com que as vias respiratórias “inchem”.

Os alérgenos comuns são inofensivos para não alérgicos e incluem ácaros, pólen, pelos de animais e mofo. Embora os próprios alérgenos desencadeiem sintomas de asma alérgica, suas emoções podem afetar a gravidade dos sintomas.

De acordo com a Allergy and Asthma Foundation of America (AAFA), fortes emoções e estresse podem piorar os sintomas da asma. O AAFA observa que a depressão e a ansiedade estão associadas a um menor controle dos sintomas da doença.

Uma revisão de estudos realizada em 2018 também indicou que aqueles com transtorno alérgico eram mais propensos a sofrer de depressão.

Além disso, um estudo de 2008 detalhou as conexões entre asma e transtornos do humor, incluindo depressão grave e transtornos de ansiedade. Os pesquisadores ressaltam que o tratamento abrangente que considera a asma e os transtornos de humor é importante.

O estudo também observa que a asma e os transtornos do humor compartilham fisiopatologias comuns. Isso significa que a asma compartilha alguns processos físicos com esses distúrbios.

Em outras palavras, os sintomas de ansiedade e estresse muitas vezes também imitam os da asma.

O estresse é outro fator possivelmente relacionado ao início de uma crise de asma alérgica, podendo torná-la mais grave ou prolongada.

O American Institute of Stress observa que pessoas sob estresse e expostas a um alérgeno podem experimentar reações alérgicas mais sérias do que pessoas que não ficaram estressadas quando expostas ao alérgeno. 

Outras emoções e respostas emocionais fora da depressão, ansiedade e estresse também podem afetar sua asma alérgica, como medo, raiva, excitação, gritos, risada e choro. 

Algumas dessas emoções ou respostas emocionais podem fazer com que sua respiração mude. Você pode se pegar respirando mais rápido quando estiver emotivo ou muito feliz.

De acordo com um estudo, além da asma, o eczema e a rinite alérgica também estão associados a um risco aumentado de desenvolver doenças mentais. O estudo apoia trabalhos anteriores e pode ajudar a orientar os médicos no tratamento dessas pessoas.

5 maneiras de lidar com suas “alergias emocionais”

1. Estabeleça limites bem definidos

Em primeiro lugar, conheça seus próprios limites e deixe-os claros para os outros. Dizer “sim” o tempo todo e negligenciar as próprias vontades pode causar sintomas de estresse dos quais, talvez, você nem se dê conta – até que o corpo comece a pedir ajuda por meio de uma reação alérgica. 

2. Relaxe

Na correria da vida moderna, pode ser difícil encontrar um tempo para você, mas é preciso tentar.

O estresse, a ansiedade e a depressão não batem à porta pedindo licença: eles simplesmente invadem a sua “casa” e, muitas vezes, você só percebe que estão ali quando já estão confortavelmente instalados.

Por isso, é muito importante cuidar de você, do seu corpo e da sua mente. Confira como na matéria Precisando relaxar? Confira 9 dicas.

3. Pratique mindfulness

Mindfulness é um tipo simples de meditação que requer foco no aqui e agora. Com essa prática, você notará que pensamentos e sentimentos surgirão conforme você tenta se concentrar apenas em seu ambiente e no momento presente.

Não tente bloquear esses sentimentos – em vez disso, registre-os depois em uma folha de papel, no celular ou no computador.

Se de repente ficar ansioso com uma prova, por exemplo, diga a si mesmo: “Estou me sentindo ansioso com a prova de amanhã”, sem julgar seus pensamentos.

Então, gentilmente “puxe” sua mente de volta ao presente. Este exercício o ajudará a identificar seus pensamentos e sentimentos, ao mesmo tempo que o ensinará a administrá-los com calma.

4. Faça yoga

As práticas de yoga são compostas por exercícios respiratórios, meditação e posturas projetadas para trabalhar a consciência corporal, trazer a sensação de relaxamento e reduzir o estresse.

Praticar yoga traz muitos benefícios para a saúde mental e física, muitos deles já comprovados pela ciência, como alívio da ansiedade, do estresse e da depressão.

5. Pratique exercício físico

 exercício físico é comprovadamente eficaz na melhora do humor e no alívio dos sintomas de depressão, ansiedade e estresse.

Segundo estudos, isso acontece porque os exercícios produzem alterações nas partes do cérebro que regulam o estresse e a ansiedade.

Eles também podem aumentar a sensibilidade do cérebro aos hormônios serotonina e noradrenalina, que aliviam os sentimentos de depressão.

Além disso, o exercício físico regular aumenta a produção de endorfinas, conhecidas por ajudar a produzir sentimentos positivos e reduzir a percepção da dor.

A prática regular de exercícios físicos ainda é capaz de reduzir os sintomas em pessoas que sofrem de ansiedade.

Isabela

Redatora e revisora de textos, formada em Letras pela Universidade de São Paulo. Vegetariana, ecochata na medida, pisciana e louca dos signos. Apaixonada por literatura russa, filmes de terror dos anos 80, política & sociedade. Psicanalista em formação. Meu melhor amigo é um cachorro chamado Tico.

Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.

Saiba mais