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Metabolitos do microbioma intestinal podem ser mais importantes para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares do que o colesterol

Uma nova pesquisa da Universidade Tufts comprovou que o microbioma intestinal tem um papel importante dentro do desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Publicada na última segunda-feira (1), a pesquisa indica uma nova preocupação dentro do consumo de carne vermelha que vai além do aumento do colesterol

Realizado com quase 4 mil participantes acima de 65 anos, o estudo comprovou que uma maior ingestão de carne vermelha está associada a um maior risco de desenvolvimento de aterosclerose. Apenas uma porção do alimento é responsável pelo aumento de 22% desses riscos e, dentro disso, 10% desses riscos podem ser explicados pelo nível elevado de três metabólitos produzidos por bactérias intestinais a partir de nutrientes específicos da carne. 

Essa foi a primeira vez em que uma pesquisa tentou comprovar as inter-relações do alimento de origem com a microbiota intestinal, assim como os outros riscos tradicionais da aterosclerose, como o colesterol alto, pressão arterial e os níveis de açúcar no sangue. 

Carnes processadas
Carnes processadas, como presunto e linguiça, são avaliadas como carcinogênicas para humanos, segundo associação ligada à OMS

A partir dessa associação, especialistas conseguiram comprovar que a presença desses metabólitos, níveis de glicose no sangue e a inflamação geral são mais importantes nesse processo do que os níveis de colesterol e pressão arterial. Desse modo, é possível confirmar que o consumo de carne não deve ser restrito à partir das diferenças de gordura total, gordura saturada ou colesterol, e sim pelos efeitos de seus outros componentes na saúde. 

Entre os três metabólitos principais responsáveis pelo aumento de risco de desenvolvimento da aterosclerose estão o N-óxido de trimetilamina (TMAO), que é gerado pelo microbioma intestinal, e dois de seus principais intermediários, gama-butirobetaína e crotonobetaína, que são derivados da L-carnitina — um componente presente na carne vermelha.

A partir disso, foi possível ir mais a fundo dentro das possíveis complicações pela presença desses componentes no organismo. Um outro estudo sobre a ação do TMAO, por exemplo, comprovou que altos níveis deste metabólito no organismo estão relacionados em uma maior mortalidade — seja por doenças cardiovasculares ou qualquer outra doença. 

Qual a melhor dieta saudável para o coração?

As novas descobertas possibilitaram um outro foco para a prevenção ou tratamento de doenças cardiovasculares dentro das pessoas que consomem carne vermelha em excesso. Até então, especialistas afirmam que estabelecer uma dieta e um estilo de vida saudáveis é o caminho mais fácil para a prevenção dessas complicações. 

Existem diversas dietas que contribuem para a saúde do coração, incluindo a mediterrânea e até mesmo aquelas que cortam completamente o consumo de carne, em vez de reduzi-lo. De acordo com uma pesquisa publicada em 2013, por exemplo, vegetarianos podem ter até um terço menos probabilidade de morrer ou serem hospitalizados por doenças cardíacas.


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