Conselho Empresarial Brasileiro para Desenvolvimento Sustentável publica artigo sobre economia circular

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Economia circular é uma oportunidade de desenvolvimento sustentável, afirma CEBDS. Confira o texto na íntegra:

Imagem editada e redimensionada de Thomas Lambert, está disponível no Unsplash

Um dos maiores desafios da sociedade contemporânea é lidar com a geração excessiva e o descarte seguro de resíduos sólidos. A preocupação global em relação aos resíduos sólidos, especialmente o lixo doméstico, aumentou com o crescimento da produção, a gestão inadequada e a falta de áreas apropriadas de disposição.

O tema tem sido uma prioridade desde a conferência Rio 92 por contribuir direta ou indiretamente para o aquecimento global e a mudança climática. Desde então, novas prioridades foram incorporadas à gestão sustentável de resíduos sólidos, visando uma mudança paradigmática que tem orientado as ações dos governos, sociedade e indústria.

Dentre essas prioridades estão a redução de resíduos nas fontes geradoras e a redução da disposição final no solo; a maximização do reaproveitamento, coleta seletiva e reciclagem, com a inclusão sócio-produtiva dos catadores e a participação na sociedade; além de compostagem e recuperação de energia.

A gestão inadequada e a disposição de resíduos sólidos causam impactos socioambientais, como degradação do solo, degradação dos corpos d’água e fontes, intensificação das inundações, contribuição à poluição atmosférica e proliferação de vetores de importância sanitária nos centros urbanos e nas atividades de coleta seletiva, que muitas vezes acontece em condições insalubres nas ruas e áreas de disposição final.

É cada vez mais evidente que a adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo, assim como a gestão adequada dos resíduos sólidos podem reduzir significativamente os impactos sobre o meio ambiente e a saúde.

O maior consumo de recursos no planeta e a maior geração de resíduos ocorre nas cidades urbanas, onde a maioria das ocupações são residenciais (edifícios), comerciais e industriais.

Junto à sociedade, especialmente nos centros urbanos, o consumismo é um valor cultural. O consumo compulsivo gera um aumento no uso de recursos materiais e geração de resíduos em uma mentalidade linear.

Cada brasileiro produz um quilo de resíduos por dia. Com o aumento populacional, especialmente nas áreas urbanas, podemos ter uma ideia da dimensão do problema.

Cidades sustentáveis têm sido altamente reconhecidas como uma questão importante desde a conferência Rio 92. Desde 2015, as cidades têm seu próprio “espaço” nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que foram adotados em 2015, por 193 estados membros das nações unidas.

ODS 11: tornar cidades e assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis

Um dos objetivos do ODS 11 é: “até 2030, reduzir o impacto ambiental per capita das cidades, inclusive prestando atenção especial à qualidade do ar e à gestão municipal e de resíduos”.

A preocupação com o desperdício também está presente na nova agenda urbana (NAU), que foi adotada na conferência das nações unidas sobre moradia e desenvolvimento urbano sustentável, conhecida como habitat III, realizada em quito, Equador, em outubro de 2016. Dentre seus tópicos nós podemos encontrar:

  • Gestão de resíduos e minimização de todos os resíduos;
  • Transição para uma economia circular.
É interessante perceber que na NAU é apresentada uma maneira possível de trabalhar a solução: economia circular.

Precisamos aprender a enxergar o desperdício de outra maneira … Como um recurso!

O Brasil produz mais de 78,3 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano, dos quais 13,5% – o equivalente a 10,5 milhões de toneladas – são feitos de plástico.

Se a quantidade total de plástico fosse reciclada, seria possível devolver cerca de US $ 1,3 bilhão à economia, de acordo com uma pesquisa feita pelo sindicato nacional de empresas de limpeza urbana.

Pensando nos resíduos como recurso, imagine: você bebe seu café e os grãos de café usados podem ser transformados em:

  • Fertilizante
  • Combustível de ônibus

Uma startup percebeu o potencial energético que o resíduo do café poderia ter como fonte de combustível residencial e industrial; em vez disso, transformar o lixo em um recurso valioso. Com o apoio de grandes empresas, eles estão criando um biocombustível b20 derivado de café em uma escala grande o suficiente para ajudar a impulsionar alguns dos ônibus de Londres – uma das redes mais movimentadas e mais icônicas do mundo.

De acordo com Arthur Key, fundador de uma empresa de tecnologia limpa, “esse é um grande exemplo do que pode ser feito quando reimaginamos o lixo como um recurso inexplorado”.

Nós podemos ir ainda mais longe!

Podemos repensar todo o sistema, mudando de linear para circular.

Segundo o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), a economia circular é uma oportunidade de US $ 4,5 trilhões. Apresenta um enorme potencial para o crescimento econômico global e também acelera a sociedade em direção a um futuro sustentável.

Esta é a maior oportunidade para transformar a produção e o consumo desde a primeira revolução industrial, há 250 anos. Desencadeando a inovação circular, podemos impulsionar a resiliência da economia global, apoiar pessoas e comunidades em todo o mundo e ajudar a cumprir o acordo de Paris e os objetivos de desenvolvimento não sustentáveis.

Algumas empresas já estão implementando o conceito de economia circular, mudando parte de seus negócios: da venda de produto para serviço.

Uma empresa do setor de fabricação de pneus, por exemplo, permite que os clientes que possuam frota de veículos possam usufruir do arrendamento de pneus, que são vendidos como um serviço, pagos por milhas dirigidas. Os produtos são utilizados por um ou muitos clientes por meio de um contrato de locação. Os clientes não têm que lidar com problemas de manutenção de qualquer tipo. Para recuperar os pneus no final do ciclo, a empresa certifica-se que o design e a seleção de material possam ser reprocessados para pneus. Ou como material de preenchimento para a construção civil.

Outras grandes empresas estão analisando seus processos de produção, procurando oportunidades de aprimorá-las de forma circular. E você leitor, que tal de perguntar como rever seu padrão de consumo para ajudar sua cidade a ser mais circular?


Fonte: Conselho Empresarial Brasileiro para O Desenvolvimento Sustentável (CEBDS)

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