O planejamento urbano de um país que ainda nem existe pode ser um bom indicador de como será o nosso futuro
Depois da autroproclamação da República Livre de Liberland, em 2015, um escritório de arquitetura em Nova Iorque (EUA) propôs um planejamento inovador e sustentável para a área de 7 km² que fica entre a Croácia e a Sérvia. Ela foi batizada como “stackable neighborhoods”, ou seja, cidades verticais ou vizinhanças empilháveis.
O conceito foi, primeiramente, pensado para o Japão, país com uma grande população em uma área de apenas 380 mil km². A ideia era a de criar prédios com mais de um quilômetro de altura para abrigar toda a população. Os prédios teriam andares residencias e também comerciais, assim os cidadãos poderiam passar meses sem necessidade de saída dos edifícios.
Para Liberland, a diretora da RAW-NYC Architects, Raya Ani, pensou numa versão mais ecológica e sustentável. Em vez de projetar um arranha-céu para todas as pessoas viverem, pensou em prédios menores, de modo que a luz solar seja capaz de chegar em cada rua.
A parte de baixo de cada plataforma seria coberta por uma versão geneticamente modificada de algas – elas não precisam de luz do sol para crescerem, além disso absorvem energia que depois pode ser convertida e usada para abastecer os prédios. A cidade também contaria com caminhos feitos para se andar de bicicleta e caminhar – nada de carros.
Em torno de 400 mil pessoas assinaram o documento online dizendo que gostariam de ser cidadãs de Liberland. A criadora dessa micronação (e autodeclarada presidente), Vít Jedlička, disse que a intenção sempre foi fazer desse território uma área verde. Para tornar essa ideia possível, a equipe de design conta também com profissionais de outras áreas, como economistas.
Raya Ani ainda afirma saber que seu projeto é muito ambicioso, mas acha que suas ideias podem ser usadas em escala menor, como em um prédio que utilize a energia das algas. “De qualquer forma, eu sempre acredito em olhar para o futuro, já que leva um bom tempo para que esse tipo de coisa se torne comum. Nós perdemos tanto por causa desse espaço entre o que pode ser feito e o que realmente é feito”, diz ela.