Estudo associa poluição do ar a casos de perda irreversível da visão

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Aumento da poluição pode ser a causa do avanço de casos de degeneração macular relacionada à idade na Europa

Imagem de Chris LeBoutillier em Unsplash

Uma pesquisa recente, publicada no jornal British Journal of Ophthalmology, do Reino Unido, revela que um ligeiro aumento na poluição do ar está relacionado a um risco maior de perda irreversível da visão por degeneração macular relacionada à idade (DMRI). O estudo é o primeiro a estabelecer uma conexão entre a poluição do ar e DMRI, realizando medições de alterações prejudiciais na retina.

A equipe responsável pela pesquisa descobriu que um pequeno aumento na exposição a minúsculas partículas de poluição é capaz de aumentar o risco de DMRI em 8%, enquanto pequenas alterações em partículas maiores de poluição e dióxido de nitrogênio estão associadas a um risco 12% maior de alterações adversas na retina. Foram utilizados dados de 116 mil pessoas no banco de dados Biobank, do Reino Unido, com idades entre 40 e 69 anos e sem problemas oculares no início do estudo. A saúde da retina foi examinada em exames de mais de 50 mil pessoas.

Os pesquisadores descobriram que as pessoas expostas a 1 micrograma adicional por metro cúbico de partículas minúsculas tinham um risco 8% maior de desenvolver DMRI. O nível médio de partículas minúsculas no Reino Unido é de 10 microgramas por metro cúbico, um índice relativamente baixo em comparação com outros países. Os pesquisadores levaram em consideração outros fatores que podem influenciar o desenvolvimento da DMRI, como idade, tabagismo e peso.

Trabalhos anteriores já haviam encontrado uma ligação entre o ar poluído e glaucoma. Suspeita-se, ainda, que haja uma relação entre poluição do ar e risco maior de catarata. Os cientistas dizem que os olhos apresentam um fluxo de sangue particularmente alto, tornando-os potencialmente vulneráveis ​​aos danos causados ​​por partículas minúsculas que são respiradas e, então, fluem pelo corpo.

Os dados de poluição do ar usados ​​foram os níveis de poluição externa, mas os pesquisadores acreditam que os níveis de poluentes em ambientes internos – ou seja, dentro de casa – também são importantes. Por isso, é importante ficar atento a tudo o que produza fumaça em espaços fechados – cigarro, fogão, lareiras etc. –, tomando o cuidado de manter a ventilação adequada para evitar maiores riscos. Um estudo recente descobriu que lareiras não ecológicas, por exemplo, triplicam o nível de partículas nocivas de poluição dentro das casas.

O problema crescente da poluição do ar

Em todo o mundo, existem 200 milhões de pessoas em todo o mundo diagnosticadas com DMRI, que é a principal causa de cegueira irreversível entre pessoas maiores de 50 anos em países desenvolvidos. Somente no Reino Unido, cerca de 5% das pessoas com mais de 65 anos têm a doença.

A poluição do ar está sendo associada a uma gama cada vez mais ampla de doenças, e a Organização Mundial da Saúde afirma que 90% da população mundial convive com um ar potencialmente prejudicial à saúde. Em 2019, um estudo concluiu que a poluição do ar pode estar danificando todos os órgãos do corpo humano, uma vez que as partículas inaladas viajam pelo corpo e causam inflamação.

Segundo o professor Paul Foster, da University College London, que faz parte da equipe do estudo, a distribuição de poluentes pode ser maior para os olhos do que para outras regiões do corpo, em razão do fluxo extremamente alto de sangue para a retina. Ele acredita que, proporcionalmente, a poluição do ar se tornará um fator de risco maior à medida que outros fatores de risco forem controlados.

Os principais fatores de risco para DMRI são a genética e problemas de saúde física precários, como tabagismo e obesidade. De acordo com os pesquisadores, ainda que o estilo de vida esteja se tornando mais saudável nesses países, é preciso dar atenção especial aos impactos da poluição do ar na saúde humana.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a poluição do ar causa 7 milhões de mortes prematuras todos os anos. Por isso, especialistas acreditam que o problema poderá levar a um fenômeno de migração em massa, com pessoas abandonando seus países de origem à procura de um ar mais puro e melhor qualidade de vida. No entanto, com as políticas públicas adequadas, os níveis de poluentes no ar podem – e devem – ser reduzidos.

Ações individuais também são importantes para reduzir a poluição do ar. Escolher meios de transporte mais sustentáveis (como bicicletas, metrô e ônibus), economizar energia, consumir produtos produzidos localmente e reciclar o lixo doméstico são algumas medidas que você, como cidadão e consumidor, pode tomar para contribuir com um ar mais limpo.


Fontes: The Guardian e British Journal of Ophthalmology 


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