“Fábricas de bebês”: uma forma de gravidez da sociedade de consumo, baseada em conveniência e praticidade

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O biotecnólogo molecular Hashem Al-Ghaili quer inventar uma nova forma de gravidez: uma instalação 100% tecnológica capaz de carregar e parir fetos humanos. Chamada de EctoLife, a instalação seria responsável pela “produção” de até 30 mil bebês por ano. 

Até então, a ideia de Al-Ghaili continua nas fases iniciais de idealização e não possui um plano concreto para ser criada efetivamente. No entanto, o profissional acredita que o seu plano é viável e capaz de evitar um futuro colapso populacional previsto por especialistas. 

Além disso, Al-Ghaili também enfatiza que sua criação pode ser uma alternativa à gravidez convencional para pais que não podem ter filhos naturalmente ou que se preocupam com possíveis complicações associadas ao processo de gestação. 

A instalação da EctoLife seria composta por 75 laboratórios, cada um capaz de acomodar 400 cápsulas de crescimento — um tipo de “útero artificial” que recria as condições exatas de uma gestação. Nessas cápsulas, os fetos seriam nutridos e oxigenados através de um cordão umbilical artificial enquanto são mantidos em um líquido amniótico artificial com hormônios, anticorpos e fatores de crescimento precisamente adaptados.

Os sinais vitais dos fetos, então, seriam regularmente monitorados por especialistas com o objetivo de evitar complicações em suas formações — como condições congênitas e outras possíveis anormalidades genéticas. 

Os pais teriam acesso a um aplicativo com todas as informações sobre o feto, incluindo uma filmagem ao vivo do bebê dentro da cápsula. 

O conceito de úteros artificiais não é novo na ciência. Em 2017, cientistas foram capazes de criar um material chamado de BioBag, que possui as mesmas funcionalidades do órgão e que foi responsável pela gestação e parto de uma ovelha. 

Diversos outros fatores derivados da evolução da medicina já contribuíram para o progresso da gravidez. A fertilização in vitro, por exemplo, possibilitou a concepção de bebês em pratos de Petri

A própria cesariana também derivou dessa evolução. Quando foi inventado, o procedimento era feito exclusivamente em pessoas que possuíam gestações de risco e continua sendo essencial em alguns tipos de gravidez. Porém, a sua efetividade dentro do meio médico fez com que parte do público priorizasse esse tipo de parto pela “conveniência” e “praticidade” que ele possui.

Relatório da ONU mostra que 50% das gravidezes no mundo não são planejadas

Contudo, diferentemente de ambos os procedimentos, a “fábrica” idealizada por Al-Ghaili sofre críticas do público pela desumanização do processo de gestação puramente movido pela conveniência. Uma matéria de Loz Blain publicada no New Atlas, por exemplo, descreve o conceito como “distorcido, desumano e distópico”.  

Embora recebido dessa forma, Al-Ghaili ainda acredita que o seu plano é viável. Em entrevista com Science and Stuff, o especialista afirma que “estamos a poucos anos de criar uma cápsula de crescimento EctoLife totalmente funcional.”

Equipe eCycle

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