As ameaças do fumo de terceira mão

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O fumo de terceira mão é caracterizado pela nicotina e outros químicos residuais do tabaco que acabam em superfícies. Os resíduos da fumaça do cigarro podem acabar em carpetes, cortinas, paredes e qualquer outra superfície em que a fumaça entra em contato. Por outro lado, também podem se estagnar em roupas, na pele e no cabelo. 

Porém, ele não é restrito a fumaça apenas do cigarro. Outros produtos que contém nicotina, como vapes, charutos e cigarros eletrônicos também podem contribuir para essa contaminação.

Diferentemente de fumantes de primeira e segunda mão, a exposição a essas substâncias é indireta, mas ainda possui riscos à saúde. Em conjunto com alguns poluentes internos, os resíduos do cigarro podem interagir e criar outras substâncias, muitas vezes cancerígenas. 

Entre o grupo mais ameaçado pelos efeitos do fumo de terceira mão estão crianças e bebês, por terem o sistema imunológico mais frágil. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), ambientes 100% livres de fumo são a única maneira comprovada de proteger a população contra as ameaças causadas pelo fumo de segunda e terceira mão

Fumar e fumo de segunda mão 

Para entender melhor o conceito de fumo de terceira mão, um termo relativamente mais recente, é importante entender o fumo de segunda mão. O fumo comum e o de segunda mão são caracterizados pela exposição à fumaça do cigarro. Enquanto fumantes a inalam, os de segunda mão são expostos diretamente a essas substâncias tóxicas. 

Desse modo, a maior diferença entre esses dois modos e o fumo de terceira mão é a fumaça. Como já mencionado, essa exposição se dá ao resíduo da fumaça que se prende às superfícies e pode contaminar outras pessoas. 

Riscos à saúde

O cigarro possui mais de 5 mil químicos, incluindo arsênico, formaldeído e alcatrão. Com o tempo, os riscos de desenvolvimento de câncer, doenças cardíacas e morte prematura aumentam. Fora o câncer de pulmão, a exposição à fumaça pode levar a outros tipos de câncer como o de bexiga, do colo do útero, rins, pâncreas, boca e garganta. Comparado ao fumo e ao fumo de segunda mão, o fumo de terceira mão possui menos pesquisas. Contudo, especialistas já conseguiram comprovar alguns de seus riscos para a saúde. 

Uma pesquisa de 2010, por exemplo, mostrou que a nicotina presente no tabaco, quando entra em contato com ácido nitroso (um componente comum no ar interno), forma cancerígenos perigosos. Além disso, a formação desses cancerígenos pode ser prolongada, uma vez que a nicotina pode permanecer em superfícies por longos períodos. 

Um outro estudo comprovou os efeitos da exposição ao fumo de terceira mão na pele. De acordo com especialistas da Universidade da Califórnia, Riverside, o contato dermal com a nicotina pode retardar o processo de cicatrização, aumentar os riscos de infecção cutânea e causar estresse oxidativo nas células da pele.

Entenda como o estresse oxidativo afeta sua saúde

Riscos em crianças

Acredita-se que crianças são mais vulneráveis a essa contaminação — uma vez que constantemente levam as mãos à boca, ingerindo essas substâncias. Um estudo apontou a fumaça como um dos maiores riscos para a síndrome da morte súbita infantil (SMSI). Além disso, a exposição à fumaça de cigarro em crianças pode resultar em:

  • Asma
  • Infecções de ouvido
  • Doenças frequentes
  • Pneumonia

Onde a fumaça de terceira mão se instala

Como já mencionado, a fumaça de terceira mão é atraída a qualquer superfície, como carpetes, cortinas, paredes e mesas, onde algum fumante teve contato. Especialistas acreditam que a casa de um fumante pode permanecer poluída por esses químicos por até 6 meses após eles pararem de fumar, o que potencializa o seu tempo de contágio.

Essa fumaça pode ser encontrada até na poeira presente nesses locais, expondo moradores à nicotina e nitrosaminas derivadas da nicotina, substâncias cancerígenas. Além de casas, a fumaça é presente em carros, dutos de ar, roupas e cabelo das pessoas. 

Como evitar

O fumo de terceira mão e seus resíduos não são dispensados em contato com o ar, diferentemente do que se possa imaginar. A ventilação pouco ajuda a evitar essa contaminação. 

Para se livrar de seus possíveis malefícios, especialistas recomendam a limpeza constante de superfícies que estiveram em contato direto, ou indireto, com a fumaça de cigarro. Você pode limpar: 

  • Roupas;
  • Roupas de cama;
  • Carpetes e tapetes;
  • Brinquedos;
  • Móveis;
  • Balcões, paredes e tetos.

A regra é, se o ambiente tem o cheiro de cigarro, ele potencialmente ainda contém resíduos de fumaça. Mantenha hábitos de limpeza constantes, principalmente se conviver com um fumante. Contudo, prefira utilizar produtos naturais. Produtos químicos podem contribuir para a poluição química e interagir com as substâncias tóxicas do cigarro.

Para entender outros riscos do cigarro, veja:

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Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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