A natureza trabalha em ciclos. Isso significa que animais, excrementos, folhas e todo tipo de material orgânico morto se decompõem com a ação de milhões de micro-organismos decompositores, disponibilizando os nutrientes que vão alimentar outras formas de vida. Até o início do século passado, o lixo gerado reintegrava-se aos ciclos naturais e servia como adubo para a agricultura. Mas, com a industrialização e a concentração da população nas grandes cidades, o lixo foi se tornando um problema.
A sociedade moderna rompeu os ciclos da natureza: por um lado, extraímos mais matérias-primas, por outro, fazemos crescer montanhas de lixo. E como todo esse rejeito não retorna ao ciclo natural transformando-se em novas matérias-primas, ele pode tornar-se uma perigosa fonte de contaminação para o meio ambiente e saúde pública.
Em geral, as pessoas consideram lixo tudo aquilo que se joga fora e que não tem mais utilidade. No entanto, o lixo não é uma massa indiscriminada de materiais. Ele é composto de vários tipos de resíduos, que precisam de manejo diferenciado. Assim, o lixo pode ser classificado de várias maneiras diferentes.
Tecnicamente, tudo aquilo que sobra de determinado produto e que pode ser reutilizado ou reciclado é chamado de resíduo. Os resíduos sólidos são gerados a partir de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola e de varrição. Os produtos que não podem ser reciclados ou reaproveitados, por sua vez, recebem o nome de rejeito.
O lixo pode ser classificado como seco ou úmido. O lixo seco é composto por materiais potencialmente recicláveis. Já o lixo úmido corresponde à parte orgânica dos resíduos que pode ser usada para compostagem, como sobras de alimentos, cascas de frutas e restos de poda. Essa classificação é muito usada nos programas de coleta seletiva, por ser facilmente compreendida pela população.
O lixo também pode ser classificado de acordo com seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública em:
Existe ainda outra forma de classificação, baseada na origem dos resíduos sólidos. Essa é a forma de classificação usada nos cálculos de geração de lixo. Veja a seguir as principais características dessas categorias:
No Brasil, a geração de lixo per capita varia de acordo com o porte populacional do município. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), elaborada pelo IBGE, a geração per capita de resíduos no Brasil varia entre 450 e 700 gramas para os municípios com população inferior a 200 mil habitantes e entre 700 e 1.200 gramas em municípios com população superior a 200 mil habitantes.
Alguns resíduos domésticos e industriais como restos de tintas, solventes, aerossóis, produtos de limpeza, lâmpadas fluorescentes, medicamentos vencidos, pilhas e baterias contêm significativa quantidade de substâncias químicas nocivas ao meio ambiente. Além disso, muitos resíduos agrícolas e industriais também contêm metais pesados, como mercúrio, chumbo, cádmio e níquel, que podem se acumular nos tecidos vivos e prejudicar toda a cadeia alimentar. Quando não são adequadamente manejados, os resíduos perigosos podem contaminar o solo, os corpos hídricos e o ar.
Um caminho para a solução dos problemas relacionados ao lixo é apontado pelo Princípio dos Três Erres (3R’s) – reduzir, reutilizar e reciclar. Fatores associados a esses princípios devem ser considerados como o ideal de prevenção e não-geração de resíduos, somados à adoção de padrões de consumo sustentável, visando poupar os recursos naturais e conter o desperdício.
A reciclagem é uma das alternativas de tratamento de resíduos sólidos mais vantajosas, tanto do ponto de vista ambiental como do social. Ela reduz o consumo de recursos naturais, poupa energia e água e ainda diminui o volume de lixo e a poluição. Além disso, quando há um sistema de coleta seletiva bem estruturado, a reciclagem pode ser uma atividade econômica rentável. Pode gerar emprego e renda para as famílias de catadores de materiais recicláveis, que devem ser os parceiros prioritários na coleta seletiva.
Em algumas cidades do país, como por exemplo, São Paulo e Belo Horizonte, foi implementada a Coleta Seletiva Solidária, fruto da parceria entre o Governo local e as associações ou cooperativas de catadores. Para atrair mais investimentos para o setor, é preciso uma união de esforços entre o governo, o segmento privado e a sociedade no sentido de desenvolver políticas adequadas e desfazer preconceitos em torno dos aspectos econômicos e da confiabilidade dos produtos reciclados.
O tratamento do lixo urbano é a principal diferença entre lixões e aterros sanitários. O aterro sanitário é uma obra de engenharia projetada sob critérios técnicos, cuja finalidade é garantir a disposição correta dos resíduos sólidos urbanos que não puderam ser reciclados. Para isso, além de possuir sistemas de drenagem de efluentes, o solo é previamente tratado e impermeabilizado para receber esses resíduos. O lixão, por sua vez, é uma forma inadequada de disposição final de rejeitos, que se caracteriza pelo simples descarte de lixo sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente e à saúde pública.
No Brasil, os municípios possuem a função de coletar e dispor os resíduos gerados adequadamente. Por várias razões, como escassez de recursos, deficiências administrativas e falta de visão ambiental, é comum que esses resíduos sejam descartados em locais inapropriados, como os lixões. A disposição inadequada de resíduos provoca a degradação do solo, a contaminação de rios e lençóis freáticos e emissões de metano, gás do efeito estufa responsável por intensificar o aquecimento global.
Apesar dos aterros sanitários serem considerados locais seguros para a deposição de rejeitos, ainda existem muitos impactos por trás dessas obras de engenharia, que prejudicam o meio ambiente e a saúde pública. Por isso, seria ideal que os aterros sanitários recebessem apenas aqueles resíduos que não podem ser reciclados ou compostados.
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