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A modéstia, como “ausência de vaidade (…); desprezo à ostentação; sobriedade; pudor; despretensão”, segundo o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, é uma qualidade supostamente de alto valor na cultura ocidental – especialmente nas sociedades nas quais predominam os valores cristãos, como a brasileira. Entretanto, alguns estudos afirmam que a modéstia exagerada pode causar irritação e desconforto nas pessoas, em vez do efeito desejado: empatia, admiração e acolhimento.
Você com certeza já acusou alguém de falsa modéstia – ou talvez já tenha cedido à tentação de parecer humilde quando, na realidade, estava “se achando”. Saiba que, por via das dúvidas, é melhor ser honesto sobre seus sentimentos de “autoveneração”, de acordo com um estudo conduzido por pesquisadores de Harvard e da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos.
A falsa modéstia, definida como “o ato de se vangloriar mascarado por uma reclamação ou aparente sentimento de humildade”, faz as pessoas gostarem menos de você do que uma autopromoção direta, diz a pesquisa. As descobertas foram publicadas recentemente na revista científica Journal of Personality and Social Psychology.
Ovul Sezer, professor professor assistente de comportamento organizacional na Kenan-Flagler Business School da Universidade da Carolina do Norte, aponta que a falsa modéstia é um fenômeno comum. Todos nós conhecemos algumas pessoas em nossas vidas, seja nas redes sociais ou no local de trabalho, que se curvam a esse tipo de atitude “irritante” de vez em quando.
Sezer e sua equipe conduziram uma série de experimentos para determinar o quão comum é a falsa modéstia e como os outros a percebem. Das 646 pessoas pesquisadas, 70% se lembravam de uma humilde ostentação que haviam ouvido recentemente.
Em seguida, eles estabeleceram que existem dois tipos distintos de falsa modéstia. O primeiro recorre a uma reclamação (“Odeio parecer tão jovem; até um jovem de 19 anos bate em mim!”), enquanto o segundo se volta para um suposto sentimento de humildade (“Por que sempre me pedem para trabalhar na tarefa mais difícil? Eu não sou capaz!”). Cerca de 60% dos episódios de falsa modéstia relatados pelos participantes se enquadravam na categoria de reclamação.
Os pesquisadores então realizaram experimentos para ver como as pessoas respondiam a esses eventos, com um foco particular na percepção de simpatia e competência do indivíduo “modesto”. Eles descobriram que se gabar regularmente era melhor em ambos os aspectos, porque pelo menos parecia genuíno – e até mesmo os reclamões eram mais agradáveis e pareciam mais competentes do que os pseudo-humildes de qualquer tipo.
Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Michigan reforça que você deve se gabar, sim, das suas conquistas para amigos e conhecidos, mesmo que haja o receio de parecer “metido”.
As pessoas costumam se preocupar em serem vistas como cheias de si. Por isso, elas evitam anunciar o que acontece de bom em suas vidas para as pessoas mais próximas, mesmo quando é provável que os amigos acabem sabendo das notícias de uma forma ou de outra.
No entanto, os pesquisadores dizem que reter informações é um erro de previsão, porque, ao saber de uma conquista sua por qualquer outro meio, seus amigos podem se sentir desvalorizados – e acabam acreditando que você não confia neles o suficiente para compartilhar sua alegria.
“Não ser o destinatário de uma autorrevelação positiva pode levar amigos próximos a experimentar uma série de emoções negativas e a se sentir desvalorizados na amizade se descobrirem mais tarde sobre a notícia”, escreveram os pesquisadores.
“Esse sentimento de desvalorização pode ser acompanhado por uma reavaliação de quanta confiança, valor e proximidade emocional existe na relação”. Por isso, não tenha medo de parecer arrogante. Se tiver motivo para isso, gabe-se à vontade!
Fontes: Journal of Personality and Social Psychology, Journal of Personality, Medical Xpress e Time
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