A origem do consumo de bebidas alcoólicas é uma herança evolutiva de nossos parentes primatas? Segundo Robert Dudley, autor do livro “The Drunken Monkey”, sim. Segundo seu estudo, primatas são atraídos pelo cheiro de álcool em frutos, pois é uma indicação de que os frutos estão maduros. Fungos microscópicos, chamados levedura, transformam o açúcar presente nas frutas em etanol. Contudo, estudos apontam que, apesar de muitos animais ingerirem álcool, eles não o fazem até ficarem bêbados.
Quando macacos têm a opção de escolher entre água açucarada ou água açucarada com álcool, eles optam pelo líquido com álcool, segundo estudo recente. Eles bebem o suficiente para que o comportamento seja alterado, mas não chegam ao ponto de ficarem bêbados. Outro estudo, desta vez publicado na revista da Royal Society Open Science, relata como um grupo de chimpanzés selvagens de Guiné encontrou e invadiu locais que produziam álcool de palma. Outros primatas conhecidos por ingerirem álcool são os macacos que vivem livres na ilha caribenha St. Kitts. Os macaquinhos roubam coquetéis de turistas desavisados e acabam ficando bêbados.
Vídeo da BBC World wide
Pesquisadores da National Academy of Sciences of the USA descobriram sete espécies de mamíferos em uma floresta da Malásia Ocidental que consomem néctar alcoólico diariamente de flores da palma bertam (eugeissona tristis). A concentração máxima de álcool nessas flores é de 3,8%, mesmo teor alcoólico de algumas cervejas. Os macacos analisados no estudo não mostraram sinais de intoxicação pelo álcool. Eles possuem uma capacidade superior à de humanos para metabolizar o etanol. A pesquisa aponta que a ingestão moderada de álcool é presente no reino animal.
Elefantes também ingerem frutos em fermentação e, assim como os macacos, não ficam bêbados. O fisiologista Steve Morris, da Universidade de Bristol, calcula que, com base no tamanho do animal e seu metabolismo, um elefante médio teria que comer mais de 700 frutos para ficar bêbado.
Cientistas da Universidade Ben Gurion do Negev contam que os morcegos estudados em Israel evitam alimentos com elevadas concentrações de álcool, apesar de possuírem níveis de açúcar mais altos. E, para os fisiologistas, isso ocorre porque a possível ingestão de álcool colocaria os morcegos em risco de morte.
O isolamento de indivíduos de seu grupo social pode induzir a um aumento significativo no consumo de álcool. É o que aponta um estudo sobre o consumo voluntário de álcool em primatas e roedores em ambientes de laboratório. Quando um rato é submetido a um confinamento solitário em uma gaiola pequena e sem estímulos, ele tende a ingerir mais álcool.
Histórias de animais aparentemente bêbados podem receber atenção, mas são raras. A embriaguez é uma má ideia no reino animal. Katharine Milton, primatóloga e ecóloga (com foco na ecologia humana) da Universidade de Berkeley, não concorda com a teoria de Robert Dudley de que o consumo de álcool é uma herança evolutiva de nossos parentes primatas. A primatóloga afirma que apenas os seres humanos apreciam os efeitos intoxicantes do álcool, especialmente porque a sua utilização é muitas vezes promovida culturalmente e beber excessivamente não é desaprovado em todas as sociedades. Segundo Katherine, as culturas humanas incorporam a fermentação do álcool há milhares de anos e, como um resultado, as pessoas aprenderam a gostar de beber.
Fonte: CNN
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