Objetivo da parceria é unir esforços para restaurar áreas de floresta na Amazônia e Mata Atlântica até 2030
Algumas das principais organizações ambientais no Brasil unem esforços para restaurar áreas de floresta na Amazônia e Mata Atlântica até 2030. A estratégia visa garantir o fornecimento de serviços ambientais, a captura de CO2 da atmosfera, fortalecer economias locais e promover o bem-estar humano. Fazem parte da aliança a CI-Brasil (Conservação Internacional), TNC-Brasil (The Nature Conservancy), WRI Brasil (World Resources Institute) e WWF-Brasil (Fundo Mundial para a Natureza).
Além de fornecer ar, água, alimentos e biodiversidade, as florestas são o meio de vida de mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, e são fundamentais para a estabilidade climática do planeta. Porém, segundo os dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), entre agosto de 2019 e julho de 2020 o desmatamento da Amazônia cresceu 34%, com 14 meses seguidos de aumento, enquanto da Mata Atlântica restam apenas 12% remanescentes, extremamente fragmentados.
Para enfrentar esse processo de degradação, as organizações viram a necessidade de unir esforços para a restauração florestal no Brasil, atuando para fortalecer produtores rurais e iniciativas de restauração e reflorestamento já existentes. A restauração é considerada uma importante ferramenta para o enfrentamento das mudanças climáticas, e os próximos dez anos foram definidos como a Década sobre Restauração de Ecossistemas pela ONU.
“Nós só vamos aumentar a escala da restauração florestal e com isso gerar impactos positivos ambientais, climáticos, econômicos e sociais por meio de parcerias. Desde a união de esforços para apoiar a implementação desta iniciativa, junto a iniciativas regionais como a Aliança pela Restauração na Amazônia, o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, até iniciativas locais que vêm trabalhando de forma aliada à natureza para um desenvolvimento justo e sustentável”, afirma Mauricio Bianco, vice-presidente da Conservação Internacional no Brasil.
Potencial na Amazônia e Mata Atlântica
Apesar de reconhecer a importância de esforços de coordenação que contemplem todos os biomas brasileiros, a fim de otimizar impacto e habilitar resultados em escala, a aliança irá canalizar esforços inicialmente para os biomas Mata Atlântica e Amazônia. O alto potencial de regeneração natural associado a essas florestas permitirá obter resultados expressivos a custos mais baixos.
Esses biomas também já reúnem as condições necessárias para impulsionar a restauração com fins econômicos através da silvicultura de espécies nativas ou de sistemas agroflorestais. “Nosso objetivo é incentivar e apoiar as iniciativas regionais e os produtores que estão fazendo a restauração acontecer, pois sabemos que a restauração é fundamental para a manutenção dos serviços ambientais, geração de emprego e renda e aumento da resiliência da agropecuária”, diz Miguel Calmon, consultor sênior do programa Florestas do WRI Brasil.
Muitos são os gargalos para se ganhar escala na restauração florestal: formação de lideranças locais, recursos financeiros, políticas públicas eficiente, o arranjo produtivo da cadeia de restauração florestal (coleta de sementes, formação de viveiros de mudas, serviços de restauração de qualidade, manutenção da restauração). Ao longo das últimas décadas, cada instituição parceira desta iniciativa aprendeu e contribuiu para destravar esses obstáculos. Propõem alcançar a escala necessária atuando coletivamente, trazendo o setor privado, o público, a sociedade civil e a academia como parceiros e co-executores de arranjos co-criados pelos diferentes atores.
“A iniciativa é importante exemplo de união, em que a sociedade civil se engaja trazendo sua experiência acumulada em restauração. Assim trazemos soluções para os gargalos e ganhamos escala na restauração, seja engajando o produtor rural com modelos de viés econômico, seja fortalecendo os produtos da sociobiodiversidade por meio da bioeconomia, seja na implementação de políticas públicas mais eficientes ou com modelos financeiros que custeiam a restauração no chão”, destaca Rubens Benini, gerente da Estratégia de Restauração da América Latina da TNC.
Próximos passos
Para o sucesso da parceria, foram definidos seis pilares essenciais para o desenvolvimento do trabalho: adoção de arranjos de governança regional; inovação em finanças; investimento em ciência e tecnologia; comunicação de resultados; apoio à formulação e implementação de políticas públicas; e promoção de acesso a mercados.
A união das estratégias das organizações envolvidas possibilita o aumento do ritmo e escala da restauração, incrementando impacto de soluções que promovam o bem-estar humano, o fortalecimento da economia e a redução das emissões de CO2 na atmosfera. Enquanto se promove restauração, no entanto, é preciso romper imediatamente o ciclo do desmatamento.