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Poluição do ar é responsável por mais mortes do que muitos outros fatores de risco, incluindo desnutrição, uso de álcool e inatividade física

A poluição do ar, também chamada de poluição atmosférica, é um dos principais problemas enfrentados pela humanidade.

Pode parecer incrível, mas a poluição do ar já estava presente na Roma Antiga, quando as pessoas queimavam madeira, por exemplo. Porém, a Revolução Industrial ampliou substancialmente o impacto humano sobre a qualidade do ar, já que a intensidade da combustão de carvão aumentou muito no século XIX, principalmente na Grã-Bretanha. A queima de carvão mineral despejava toneladas de poluição atmosférica, causando danos à população, que sofria de doenças respiratórias, responsáveis por milhares de mortes na época.

Entre os episódios marcantes que foram consequência da poluição do ar, a situação da Inglaterra nos anos 50 ganha destaque. Em 1952, devido à poluição particulada e compostos de enxofre liberados pelas indústrias na queima de carvão, além de péssimas condições climáticas que contribuíram para a não dispersão dessa poluição, cerca de quatro mil pessoas morreram em Londres por problemas respiratórios no período de uma semana. Nos meses seguintes a esse evento, que foi conhecido como Big Smoke (grande fumaça, em tradução livre), mais de oito mil pessoas morreram e cerca de outros 100 mil ficaram doentes.

Esse problema global está relacionado a uma série de consequências. A poluição do ar é responsável por um em cada sete novos casos de diabetes, afeta todos os orgãos do corpo, reduz a expectativa de vida, entre outros problemas. Confira:

Consequências da poluição do ar

Gerou uma emergência de saúde global

A poluição do ar é uma emergência global de saúde pública, pois ameaça a todos, desde bebês em gestação até mulheres que cozinham em fogueiras.

Na rua e dentro de casa, as fontes de poluição do ar podem ser muito diferentes, mas seus efeitos são igualmente mortais: doenças respiratórias e cardíacas estão entre os efeitos adversos à saúde conhecidos por serem causados ​​por ar poluído.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 7 milhões de mortes prematuras são atribuíveis à poluição do ar a cada ano – um número impressionante de 800 pessoas a cada hora ou 13 a cada minuto. No geral, a poluição do ar é responsável por mais mortes do que muitos outros fatores de risco, incluindo desnutrição, uso de álcool e inatividade física.

Além disso, uma pesquisa mostrou que a poluição do ar localizada pode ser um fator que contribui para os picos do COVID-19, o que a torna mais preocupante. 

Crianças são mais vulneráveis

Globalmente, 93% de todas as crianças respiram ar que contém concentrações mais elevadas de poluentes do que a OMS considera seguras para a saúde humana. Como resultado, 600 mil crianças morrem a cada ano por causa da poluição do ar. Como se isso não bastasse, a exposição ao ar sujo também prejudica o desenvolvimento do cérebro, levando a deficiências cognitivas e motoras, enquanto ao mesmo tempo coloca as crianças em maior risco de doenças crônicas mais tarde na vida.

A poluição do ar no ambiente doméstico é particularmente prejudicial para mulheres e crianças devido aos seus papéis tradicionais de gênero em muitas culturas. Cerca de 60% das mortes domésticas relacionadas à poluição do ar no mundo ocorrem entre mulheres e crianças, e mais da metade de todas as mortes por pneumonia em crianças menores de 5 anos pode ser atribuída à poluição do ar em ambientes fechados.

Está relacionada à desigualdade social

A poluição do ar atinge o coração da justiça social e da desigualdade global, afetando desproporcionalmente os pobres.

Nos lares, a poluição do ar vem principalmente de combustíveis e sistemas de aquecimento e cozimento de alta emissão. Combustíveis e tecnologias de cozimento e aquecimento limpos estão fora do alcance das famílias de baixa renda, de modo que alternativas poluidoras são a norma.

Cerca de 3 bilhões de pessoas dependem da queima de combustíveis sólidos ou querosene para atender às necessidades domésticas de energia, e 3,8 milhões delas morrerão a cada ano devido à exposição a esses poluentes. A falta de consciência dos riscos associados à respiração do ar poluído também contribui para o problema, bem como o custo e a dificuldade de acesso à saúde.

Cidades superlotadas e subúrbios com muito tráfego de veículos são pontos importantes de poluição do ar. Segundo a OMS, 97% das cidades em países de baixa e média renda com mais de 100 mil habitantes não atingem os níveis mínimos de qualidade do ar. Cerca de 4 milhões das cerca de 7 milhões de pessoas que morrem de doenças relacionadas à poluição do ar a cada ano vivem na região da Ásia-Pacífico.

Em países de alta renda, 29% das cidades ficam aquém das diretrizes da organização. Mas, nesses países, também, as comunidades mais pobres são geralmente as mais expostas – usinas de energia, fábricas e estradas movimentadas geralmente estão localizadas em comunidades suburbanas pobres ou perto delas.

Quanto mais baratos os combustíveis, maiores os custos

Quando as pessoas adoecem, toda a comunidade sofre. Segundo o Banco Mundial, a poluição do ar custa à economia global mais de 5 trilhões de dólares por ano em custos de bem-estar e 225 bilhões de dólares em renda perdida.

Um estudo de 2016 da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê que, se a situação permanecer inalterada, até 2060 os custos anuais globais de bem-estar das mortes prematuras por poluição do ar externo seriam de 18 trilhões a 25 trilhões de dólares, com os custos da dor e do sofrimento provocados por doenças estimados em cerca de 2,2 trilhões de dólares.

Existem outros custos menos diretos, que, no entanto, nos afetam globalmente. Espera-se que o ozônio no nível do solo reduza o rendimento das culturas básicas em 26% até 2030, criando desafios de segurança alimentar e nutrição. A poluição do ar também degrada materiais e revestimentos, diminuindo sua vida útil e gerando custos de limpeza, reparo e substituição.

O sexto Panorama Global da ONU Meio Ambiente estima que as ações de mitigação do clima para alcançar as metas do Acordo de Paris custariam cerca de 22 trilhões de dólares. Enquanto isso, reduzindo a poluição do ar, poderíamos economizar 54 trilhões de dólares em benefícios de saúde combinados. A matemática é clara: agir agora contra a poluição do ar significa economizar 32 trilhões de dólares.

O direito a um ambiente saudável tem de status constitucional – a forma mais forte de proteção legal disponível – em mais de 100 países. Pelo menos 155 Estados são legalmente obrigados, através de tratados, constituições e legislação, a respeitar, proteger e cumprir o direito a um meio ambiente saudável.

O direito ao ar limpo também está embutido na Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) e no Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, e totalmente consagrado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – o projeto global para a paz e a prosperidade.

Descubra o que você pode fazer para envolver sua empresa, escola e família. Chame seu governo para impor as diretrizes da OMS para a qualidade ambiental do ar interno e externo. Lembre-se, ar limpo é um direito.


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