O novo relatório da Fundação Ellen MacArthur, compilado com a ONU Meio Ambiente (Pnuma), aponta os avanços nos esforços globais para combater a poluição por plásticos.
A divulgação do estudo coincide com o primeiro aniversário do lançamento do Compromisso Global da Nova Economia de Plásticos, que estabelece uma visão de economia circular para o material.
A iniciativa, que entrou em ação em outubro de 2018, tem agora mais de 400 organizações comprometidas com a eliminação de embalagens plásticas consideradas problemáticas e desnecessárias. Os envolvidos também investem em inovações para que todas as embalagens plásticas sejam 100% reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis, e que não se tornem resíduos ou poluição.
Segundo o relatório, os esforços globais para prevenir a poluição por plásticos tiveram “um progresso promissor”. O estudo, visa apresentar com transparência o trabalho que quase 200 empresas e governos estão fazendo para mudar sua produção e uso de plástico.
Como exemplos de ações e progresso corporativo o estudo cita o anúncio pela companhia Unilever de que reduzirá em 50% o uso de plástico virgem em embalagens. A Mars Incorporated disse que fará reduções de 25% até 2025 e a PepsiCo pretende reduzir o uso de plástico virgem em seus negócios de bebidas em 20% até 2025.
O relatório indica que alguns dos itens e materiais plásticos problemáticos identificados com mais frequência estão sendo eliminados em escala. Cerca de 70% dos signatários relevantes estão eliminando canudos descartáveis e sacolas plásticas.
Além das proibições, os signatários, incluindo governos como o de Ruanda, do Reino Unido e do Chile, e cidades de São Paulo e Austin, para citar alguns, estão adotando um conjunto diversificado de medidas políticas. Entre essas estão compras públicas e esquemas de responsabilidade estendida aos produtores e campanhas de conscientização pública, medidas fiscais e incentivos à pesquisa e ao desenvolvimento.
Entre os lusófonos, o Ministério do Meio Ambiente e Transição de Energia de Portugal assinou o Compromisso Global em outubro de 2018 e a prefeitura de São Paulo em março deste ano.
O líder da Nova Economia de Plásticos da Fundação Ellen MacArthur, Sander Defruyt, destacou que “em todo o mundo, as pessoas estão pedindo que empresas e governos tomem medidas para parar a poluição por plásticos.” Ele disse que a assinatura do Compromisso Global pelas principais empresas e governos é um grande passo nesse sentido.
Ao mesmo tempo, Defruyt alertou que ainda “há um longo caminho a percorrer e é crucial que esses esforços sejam acelerados e ampliados, e mais empresas e governos tomem medidas para eliminar a poluição de plástico na fonte”.
Para o diretor-executivo do Pnuma, Inger Andersen, “enfrentar a poluição plástica exige uma mudança fundamental do sistema, de uma economia linear para uma circular para o plástico, a qual está no centro do Compromisso Global da Nova Economia do Plástico.” Ele acrescentou que “os benefícios representam uma enorme oportunidade, e a abordagem combinada não deixa desculpas para não agir.”
A análise realizada para o relatório mostra que atualmente, em média, 55% das embalagens plásticas dos signatários são reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis. Através do Compromisso Global, eles se comprometeram em alcançar 100% até 2025.
A demanda total dos signatários por conteúdo reciclado em embalagens será de mais de 5 milhões de toneladas por ano até 2025.
O Pnuma destaca que enquanto investimentos significativos estão sendo feitos para alcançar essas metas, é necessário desenvolver mais programas importantes de investimento, inovação e transformação. A agência convida mais empresas e governos a aderir ao Compromisso Global para garantir que o impacto possa ser feito em escala.
Enquanto mais de 40 empresas signatárias estão trabalhando com projetos pilotos de reutilização, atualmente menos de 2% das embalagens plásticas do grupo signatário são reutilizáveis, indicando uma oportunidade significativa, porém pouco explorada. Uma análise da Fundação Ellen MacArthur mostrou que a substituição de apenas 20% das embalagens plásticas de uso único por alternativas reutilizáveis oferece uma oportunidade no valor de pelo menos US$10 bilhões.
Desde o dia 01 de junho deste ano, as Nações Unidas eliminaram o plástico de uso único da sede da organização em Nova Iorque com base em uma iniciativa promovida pela ex-presidente da Assembleia Geral, María Fernanda Espinosa.
Segundo dados do Pnuma, 80% da poluição dos oceanos saem da superfície terrestre. Todos os anos, são 8 milhões de toneladas de plástico. Se nada for feito, até 2050 os oceanos terão mais plástico do que peixes.
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